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Atualizado em 09/02/2024

Venha mergulhar conosco nas graças de Nossa Senhora de Lourdes e suas aparições.

Em Lourdes, entre os dias 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858, uma camponesa de 14 anos, Bernadette Soubirous, afirmou ter assistido a 18 aparições de Nossa Senhora (logo abaixo poderemos ler e nos emocionar com todas elas). Durante a nona aparição, em 25 de fevereiro, a Virgem Maria disse a Bernadette: “Vai beber da fonte e lava-te”! 

A jovem, inicialmente encontrou no lugar indicado somente um pouco de água e lama, que em pouco tempo, se transformou em uma fonte de água potável, considerada milagrosa.

Essa água que podemos beber e levar para casa, e que até hoje alimenta todos os pontos de distribuição do Santuário: as fontes, as piscinas e o Caminho da Água que é constituído por nove estações, cada uma com um nome bíblico onde o peregrino é convidado a realizar o Gesto da Água. Depois de 2020 esse momento passou a ser sem o banho, mas com o mesmo significado e sacralidade que foi pedido por Nossa Senhora.

Em Lourdes, milhares de pessoas que são voluntários, estão ali para ajudar a todos, especialmente os enfermos, a repetirem o gesto que Nossa Senhora pediu à menina Bernardete: “Vai beber da fonte e lava-te”!.

Também é possível repetir o gesto em todas as fontes e torneiras do Santuário, mas viver esse momento com os voluntários, torna o gesto muito mais especial nessas águas abençoadas.

Há também na ponte ao lado das arcadas e do rio Gave, as torneiras que também têm água da fonte e onde você pode encher garrafinhas e levar para os entes queridos.

Gruta de Massabielle, em Lourdes (França)

O santuário possui diversos lugares de oração: a gruta de Massabielle, onde apareceu Nossa Senhora e que no fundo da gruta está a fonte milagrosa. Na rocha sobre a gruta foi construída em 1871 a Basílica da Imaculada Conceição, ou Basílica Superior, como é conhecida, e está unida à Basílica Inferior, que comporta até quatro mil pessoas.

Na Basílica subterrânea, que pode abrigar até 25 mil pessoas, peregrinos das mais variadas dioceses do mundo se encontram para celebrar a Eucaristia nos grandes encontros. 

Procissão das velas

Em Lourdes, acendemos velas para confiar todas as nossas intenções à Virgem Maria, a chama que arde prolonga a nossa oraçãoNo dia 19 de fevereiro de 1858, Bernadette foi pela primeira vez à Gruta com uma vela e foi no dia 7 de abril, quarta-feira de Páscoa, que a chama da vela que ela segurava na mão lambeu seus dedos por longo tempo sem queimá-los.

No Santuário de Capelas da Luz, encontramos os velários, voltados para a Gruta e situados do outro lado do rio Gave, que podemos colocar velas para queimar, como fazem milhões de peregrinos.

A procissão das velas, que, durante o inverno, acontece de sexta-feira a  domingo, é um dos momentos mais populares no Santuário, cada peregrino, de todas as nações, leva as intenções que tem no coração, e a oração une a todos com a Virgem Maria. Todos se reúnem, com faixas e banners, aos demais fiéis, vindos de todo o mundo para cantar o “Ave Maria de Lourdes”, que é ouvido em várias línguas, rezam o terço e repetem jaculatórias que levam todos à oração. 

No Santuário podemos participar das Celebrações Eucarísticas diariamente, em vários horários, além do Sacramento da Confissão.

Momento da procissão luminosa no Santuário de Lourdes (França)

Estando em Lourdes, é possível visitar os lugares onde viveu Bernadette: a sua casa natal, o Moinho de Boly, a antiga casa do pai de Bernadette, o Moinho Lacade e o Cachot, uma velha prisão de 16 metros quadrados, onde a família Soubirous vivia em extrema miséria quando teve início as aparições.

Nos passos de Bernadette

Agora te convidamos a seguir os passos de Bernadette e ler, rezando conosco, todas as Aparições de Nossa Senhora nesse lugar especial. Assim, sentiremos no coração a mensagem de Lourdes: oração e penitência.

Nossa Senhora de Lourdes

Santa Maria, mãe dos peregrinos, Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós.

Anualmente milhares de peregrinos juntam-se ao Santuário em busca de cura e renovação da fé. Mas afinal, o que atrai tanta gente ali? Para responder a esta questão, vamos contar um pouco da história destas aparições há quase dois séculos no alto dos Pirineus. Vamos entender também em que contexto isso aconteceu!

No dia 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio XI proclamou solenemente no Vaticano o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, que proclama que Maria é concebida sem pecado original. Para lembrarmos, Nossa Senhora já tinha se mostrado assim, como a Virgem Imaculada,  à Santa Catarina Labouré em 1830, na aparição da Rue du Bac em Paris, quando mandou que ela cunhasse a chamada “Medalha Milagrosa. Em torno da medalha, Santa Catarina viu em letras de ouro a expressão: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.

Já em Lourdes, as aparições ocorreram em uma pequena vila no sudoeste da França, nos arredores da cidade, nos montes Pirineus, pertencente à diocese de Tarbes. Ali havia uma gruta e era um dos santuários marianos mais frequentados na época. No local onde Nossa Senhora apareceu 18 vezes ao longo do ano de 1858 para a jovem Bernadete de apenas 14 anos, de família humilde, que não entendia o francês mas somente um dialeto local e sofria de asma, passa o rio Gave; ao lado do rochedo Massabielle que forma uma reentrância oval, que é a chamada Gruta de Massabielle.  

Neste contexto, vamos às aparições!

As aparições de Nossa Senhora

O ano era 1858! Nossa Senhora aparece 18 vezes e essa sequência iremos ver agora. Vem se emocionar conosco! 

  • 1ª aparição – 11 de fevereiro: Na manhã dessa quinta-feira, as duas irmãs, Bernadette e Antonieta, e uma amiga, Joana Abadie, procuravam lenha junto à gruta de Massabielle, nas margens do rio Gave. Bernadette tira os sapatos para colocar os pés na água.  Abaixo o relato da vidente:
Santa Bernadette, vidente de Lourdes (França)

“Vi numa cavidade do rochedo uma moita, uma só, que se agitava como se houvesse muito vento. Quase ao mesmo tempo saiu do interior da gruta uma nuvem dourada, e logo a seguir uma Senhora nova e bela, bela mais que todas as criaturas, como eu nunca tinha visto nenhuma. Veio pôr-se à entrada da concavidade, por cima do tufo de mato.

Logo olhou para mim, sorriu-me e fez-me sinal para que me aproximasse, como o faria minha mãe. Tinha-me passado o medo, mas parecia-me que não sabia onde estava. Esfreguei os olhos, fechei-os, tornei a abri-los; mas a Senhora estava lá sempre, continuando a sorrir e fazendo-me compreender que eu não estava enganada.

Sem saber o que fazia, tomei o terço e ajoelhei-me. A Senhora aprovou com um sinal de cabeça e passou para os seus dedos um rosário que trazia no braço direito. Quando quis começar a rezar e erguer a mão à testa, o meu braço ficou imóvel, como que paralisado. Só depois de a Senhora fazer o sinal da cruz é que eu o pude fazer também. A Senhora deixava-me rezar sozinha. Ela apenas passava as contas pelos dedos, sem falar. Só no fim de cada mistério dizia comigo: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Quando acabou a reza, a Senhora voltou a entrar do interior do rochedo e a nuvem de ouro desapareceu com Ela”.

E quem era esta senhora? A quem lhe perguntava, Bernadette fazia esta descrição:

“Tem as feições duma donzela de 16 ou 17 anos. Um vestido branco cingido com faixa azul até os pés. Traz na cabeça véu igualmente branco, que mal deixa ver os cabelos, caindo-lhe pelas costas. Vem descalça, mas as últimas dobras do vestido encobrem-lhe um pouco os pés. Na ponta de cada um sobressai uma rosa dourada. Do braço direito pende um rosário de contas brancas encadeadas em ouro, brilhante como as duas rosas dos pés”.


  • 2ª aparição – 14 de fevereiro: Neste dia Bernadette que já tinha contado sobre o que viu e, temendo que fosse alguma alma do outro mundo, como lhe tinham dito, chegou aspergindo água benta sobre a rocha.

“Fui à paróquia, pegar uma garrafinha de água benta para jogá-la na visão quando estivesse na gruta, se a visse. E saímos para a gruta. Ao chegarmos lá, cada uma tomou o seu terço e nos ajoelhamos para rezá-lo. Apenas tinha acabado de rezar a primeira dezena, quando vi a mesma Senhora. Então comecei a jogar água benta nela, dizendo que, se vinha da parte de Deus, que permanecesse; se não, que fosse embora; e me apressava sempre a jogar-lhe água.

Ela começou a sorrir, a inclinar-se. Mais água eu jogava, mais sorria e girava a cabeça, e mais a via fazer aqueles gestos. Eu então, tomada pelo temor, me apressava a aspergi-la mais, e assim o fiz até que a garrafa ficou vazia.”

Nestas duas primeiras aparições, Nossa Senhora nada disse, além de rezar sempre o Glória ao final de cada mistério do rosário. Interessante perceber que a Senhora não rezava a Ave Maria, afinal, ninguém intercede a si mesmo!


  • 3ª aparição – 18 de fevereiro: “Ela só me falou na terceira vez. Foi na quinta-feira seguinte: Fui ali com algumas pessoas importantes, que me aconselharam a pegar papel e tinta e lhe pedisse que, se tinha algo a me dizer, que tivesse a bondade de colocá-lo por escrito.

Tendo chegado lá, comecei a recitar o terço. Após ter rezado a primeira dezena, vi a mesma Dama. Transmiti esse pedido à Senhora. Ela se pôs a sorrir, e me disse que aquilo que tinha para me dizer, não era necessário escrevê-lo. Mas perguntou-me se eu queria conceder-lhe a graça de voltar ali durante quinze dias. Eu lhe respondi que sim”.

Bernadette contou que a Senhora  que aparecia ali era como Nossa Senhora na Medalha Milagrosa, mas sem os raios que saem das mãos.


  • 4ª aparição – 19 de fevereiro: Enquanto a vidente rezava, uma multidão de vozes sinistras, que pareciam sair das cavernas da terra, cruzaram-se e entrechocaram-se, como se fossem os clamores duma multidão em desordem. Uma dessas vozes, que dominava as outras, gritava em tom estridente, raivoso, para a pequena Bernadette: “Foge! Foge daqui!” Nossa Senhora ergueu a cabeça, franziu ligeiramente a fronte e logo quem fugiu foram aquelas vozes.

Nesta ocasião Bernadette tinha um círio bento aceso. Este gesto, copiado em seguida pelos que assistiam às aparições, inspirou o costume atual de levar velas e acendê-las diante da gruta. Há bem em frente à Gruta um grande suporte para velas que está constantemente cheio e do outro lado do Rio Gave um velário, onde se depositam as velas ao final das procissões luminosas.


  • 5ª aparição – 20 de fevereiro: Nossa Senhora ensinou pacientemente, palavra por palavra, uma oração só para Bernadette, que ela devia repetir todos os dias, o que ela fez, mas nunca revelou qual era a oração.

  • 6ª aparição – 21 de fevereiro: Neste dia a notícia da aparição já havia se espalhado e em torno de 100 pessoas estavam na Gruta quando Bernadette chegou.  Neste dia o Dr Dozous,medico, esteve em Massabielle e observou a postura de Bernardete durante a aparição. Verificou seus batimentos cardíacos, sua respiração e constatou que eram normais. Quando o médico liberou seu braço, ela se aproximou um pouco mais da gruta, seu rosto mudou da alegria para a tristeza e lagrimas correram. Bernardette explicou: 

“A Senhora desviou durante um instante de mim o seu olhar, que alongou por cima da minha cabeça. Quando voltou a fixá-lo em mim, perguntei-lhe o que é que a entristecia e Ela respondeu-me: Reza pelos pecadores, pelo mundo tão revolto. Disse-me também que não me prometia tornar-me feliz neste mundo, mas no outro.”

Ao final deste dia, preocupado com a multidão que seguia a menina, o delegado de polícia Dominique Jacomet interrogou Bernadette e a proibiu de ir até a Gruta e no dia seguinte colocou soldados para impedirem a aproximação das pessoas no local. 

Aqui vale lembrar mais um pouco do contexto histórico. O país havia passado, há poucos anos, pela Revolução Francesa e as revoluções liberais. A proposta dessas revoluções, era acabar com o modelo de sociedade que separava uma elite de nascimento, os nobres de “sangue azul”, dos demais. Mas à medida em que foram aparecendo os burgueses, aqueles comerciantes, banqueiros e trabalhadores que começaram a enriquecer, eles quiseram desbancar esse modelo social e criaram uma nova ordem, que não acabou com as desigualdades, mas levou a uma confiança excessiva na capacidade humana e um desprezo pelos valores religiosos. E era nesse meio que a França vivia!

Assim, fica fácil compreender que os anticatólicos não suportavam a retomada do fervor do povo que acontecia à medida em que a notícia da aparição na Gruta de Massabielle se espalhava. 

Mas, no fim do dia 22 de fevereiro, a cidade estava em alvoroço e o prefeito achou melhor suspender a proibição. Nesse dia, os pais da jovem lhe disseram para ir diretamente para a escola e não passasse perto da gruta pois tinham dicado assustados com o interrogatório do dia anterior. Havia soldados que a impediam de ir para a gruta. Bernardette se sentia impelida a ir na direção da Gruta, os soldados curiosos ao ver a atitude da menina a acompanharam ao local e ficaram ao seu lado durante todo o tempo que ela rezou, nesse dia Nossa Senhora não apareceu.


  • 7ª aparição – 23 de fevereiro: Por volta das 6 horas, cerca de 150 pessoas foram até a Gruta e este foi o dia da revelação de três segredos a Bernadette: “Ela me deu três segredos e me proibiu de contar. Eles só se referem a mim, não são nem sobre a Igreja, nem sobre a França, nem sobre o Papa.”

  • 8ª aparição – 24 de fevereiro: Bernadette foi do lugar em que estava até a gruta, de joelhos e beijando o chão. 450 pessoas estavam com ela.  Contou depois que a Senhora lhe dissera: “Penitência! Penitência! Penitência! Rezai a Deus pelos pecadores! Beijai a terra em penitência pela conversão dos pecadores!”

  • 9ª aparição – 25 de fevereiro: Em fevereiro a França passa por um inverno rigoroso. E, neste dia, ao chegar na Gruta, Nossa Senhora pede à jovem “Vai beber à fonte e lavar-te nela.” Como não viu ali nenhuma fonte e logo atrás estava o Rio Gave, ela foi se dirigindo ao Rio. Neste momento a Senhora lhe apontou como dedo um lugar. “Para lá me dirigi. Vi apenas um pouco de lama. Meti a mão e não pude apanhar água. Escavei e saiu água mais suja. Tirei-a três vezes. À quarta já pude beber.”
Águas de Lourdes (França)

Era a água milagrosa que tantos prodígios tem realizado. Nossa Senhora mandou-lhe ainda fazer esta penitência pelos pecadores: “Come daquela erva que ali está!”. Quando troçavam da pequena por tão estranha ordem, respondia: “Mas vocês também não comem salada!?”

A Senhora ainda pediu a Santa Bernadette que se lavasse com a água. Mas era tanta terra misturada que ao fazer isso, ela saiu com o rosto coberto de lama e acabou sendo zombada pela multidão que lá estava.

A fonte que Santa Bernadette encontrou embaixo da Gruta até hoje jorra água. A água está canalizada e é nesta água que as pessoas podem tomar banhos ou também beber, repetindo os gestos da jovem. Podemos imaginar o tamanho do alvoroço que causou esta fonte. Assim, no dia seguinte ocorreu nova proibição de acesso à gruta deixando mais de 600 pessoas desapontadas.


  • 10ª aparição – 27 de fevereiro: A Virgem Imaculada tornou a mandar beijar o chão em penitência pelos pecadores. Bernadette, por duas vezes, orientou as pessoas a repetirem seus gestos, no que foi atendida somente na segunda vez. Ainda hoje no Santuário os peregrinos repetem o gesto de beijar a rocha.

  • 11ª aparição – 28 de fevereiro: Neste dia Bernadette repetiu o que fazia: ajoelhar, rezar o terço e beijar a rocha. Apesar do forte frio que fazia, quase 1200 pessoas estavam presentes e repetiam com ela os gestos.

  • 12ª aparição – 1º de março: Bernadette sempre usava o mesmo terço para sua oração. Neste dia a senhora Paulina Sans tinha lhe pedido que usasse um terço de sua propriedade e a jovem aceitou. Mas Nossa Senhora, como uma mãe detalhista, percebeu que não eram os mesmos e pediu que Bernadette voltasse a usar o de sempre. Esta foi a única vez em que esteve presente um sacerdote, que ignorava a proibição do clero de comparecer ao local. 

Na noite do dia 1º de março aconteceu o primeiro milagre. Catherine Latapie, grávida de nove meses, tinha paralisados dois dedos da mão direita. O mal lhe impedia de atender às necessidades do lar e dos filhos. Ela imergiu a mão na água e sentiu um grande bem-estar, movimentando os dedos naturalmente!


  • 13ª aparição – 2 de março: A Virgem pede: “Vai dizer aos sacerdotes que tragam o povo aqui em procissão e que me construam uma capela.” Bernadette conta como cumpriu essa missão: “Fui procurar o Padre para lhe dizer que uma Dama me tinha ordenado de ir dizer aos padres para construir ali uma capela. Ele me olhou um momento, e logo me perguntou num tom incomodado quem era essa Dama. Eu lhe respondi que não sabia. Então ele me encarregou de perguntar a ela o nome, e de voltar para lhe contar.”

  • 14ª aparição – 3 de março: A Senhora não aparece à hora habitual, mas sim ao entardecer e deu explicação. “Não me viste esta manhã porque havia pessoas que desejavam examinar o que fazias enquanto eu estava presente. Mas elas eram indignas.

Tinham passado a noite na gruta, profanando-a.” Foi uma curta aparição, mas Bernadette cumpriu a ordem do pároco: “Eu lhe perguntei seu nome, por parte do Padre. Mas ela não fazia outra coisa senão sorrir. Voltando, fui à casa do senhor pároco para dizer-lhe que tinha cumprido a missão, mas que não tinha recebido outra resposta senão um sorriso. Então ele me disse que ela zombava de mim, e que eu faria bem de nunca mais voltar. Mas ele não podia me impedir de ir.”

Santa Bernadette e Pe. Peyramale, Vigário de Lourdes (França)

Fechando a questão, o Pe. Peyramale orientou: “Se a Senhora deseja realmente uma capela, que diga seu nome e faça florescer a roseira da Gruta” – o que, no inverno francês, equivalia a pedir um absurdo!


  • 15ª aparição – 4 de março: No segundo mistério do primeiro terço, Bernadette começa a ver Nossa Senhora. Acabou esse terço e rezou outros dois, refletindo ora alegria, ora tristeza. O êxtase durou quase uma hora, sem que acontecesse algo excepcional. Durante esta quinzena, Nossa Senhora comunicou à menina três segredos e uma oração com esta ordem: “Proíbo-te de dizer isto, seja a quem for.” 

A polícia pediu reforço policial de d'Argelès e de Saint Pé, cidades vizinhas de Lourdes, para ajudar na manutenção da ordem, no sentido de evitar qualquer excesso. A estimativa era para mais de 8.000 pessoas ao redor da gruta. Para que Bernadette pudesse chegar ao local, fizeram uma passarela de madeira, que lhe facilitou o acesso.

Ela veio acompanhada de sua prima Joana Véderè, que tinha 30 anos de idade, e ficaram juntas perante a Aparição. Ajoelharam e começaram a rezar o terço. Quando iniciavam a terceira Ave Maria da segunda dezena, entrou em êxtase. A multidão com o olhar acompanhava tudo e apreciava a beleza do Sinal da Cruz que ela fazia.

Terminada a Aparição, apagou a vela e, indiferente à presença de toda aquela gente, tomou o caminho de sua casa. Muitos ficaram desapontados e perplexos, porque esperavam algum milagre ou alguma revelação. Não aconteceu nada, visualmente. No ar ficaram muitas perguntas e uma grande expectativa: será que terminaram as Aparições?

Então, Bernadette foi encontrar-se com o Senhor Abade e dar-lhe notícias do "encontro".

- Que te disse a Senhora?

- Perguntei-lhe o nome... Ela sorriu. Pedi-lhe para fazer florir a roseira, ela sorriu outra vez. Mas ainda quer a Capela.

- Tu tens dinheiro para fazer essa Capela?

- Não, Senhor Abade.

- Eu também não. Diz à Senhora que lhe dê.

Peyramale estava desconsolado por não ter obtido nenhuma informação segura sobre a Aparição. Ela também, mas sem poder fazer nada, voltou triste para casa.

Os dias seguiram-se e em 18 de março Bernadette é submetida a um severo interrogatório e declara “Não penso ter curado quem quer que seja e de resto não fiz nada para isso. Não sei se voltarei à gruta.”

As aparições pareciam ter acabado sem a Senhora dizer quem era. Mas a movimentação de pessoas ali era cada vez maior. Diariamente muitas pessoas iam para rezar, para recolher água da fonte ou para bebê-la. Todos acreditavam que quem esteve lá foi a Santíssima Virgem. As velas multiplicavam-se, no dia 18 eram 10; no dia 19 havia 21 velas; já no dia 23, colocaram no nicho das aparições, uma imagem de gesso da Virgem Maria, doada por um senhor, Felix Maransin.

Do dia 4 de março, quando ocorreu a última aparição, ou seja, a 15ª, até o dia 25 do mesmo mês, Bernadete procurava levar uma vida normal, ao lado de seus familiares no "cachot". Mas foi impossível, porque era solicitada para interrogatórios, por visitantes que faziam filas intermináveis à porta de sua casa, querendo conversar, abraçá-la e pedir-lhe que tocasse com as mãos em objetos que levavam. Eram pessoas que buscavam graças e outras que vinham contar milagres alcançados pela bondade e o carinho intercessor de Nossa Senhora.

Momento da procissão luminosa no Santuário de Lourdes (França)

Vale lembrar que sua condição de saúde era bastante frágil. Mas ela não tinha mais sossego. Às vezes quase perdia a paciência: "Tragam-me todos ao mesmo tempo". De outras vezes, cansada, precisando de repouso, queria isolar-se: "Fechem a porta à chave!"

Só que jamais aceitou e não deixou que nenhum de seus familiares aceitassem gratificações em dinheiro ou presentes, por qualquer razão que fosse: "Isso queima-me! Por favor, não façam isso!"

Quando lhe perguntavam se a Dama voltaria, simplesmente dizia que não sabia. Só podia afirmar que a Senhora queria sempre uma Capela e que os sacerdotes fossem em procissão à gruta.


  • 16ª Aparição - 25 de março: Na manhã da festa da Anunciação houve a Revelação: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Que dia lindo!

No despertar daquele dia 25 de março de 1858, Bernadete sentiu-se novamente pressionada para ir à gruta. Era uma força estranha que nascia em seu interior, que não sabia explicar. Mas era muito cedo e seus pais lhe aconselharam esperar o dia clarear. Às 5 horas da manhã já se pôs a caminho. Depois de rezar o terço em êxtase, levantou-se e caminhou em direção à Aparição e conversaram:

- Mademoiselle, quer ter a bondade de me dizer quem és, se faz o favor?

A Dama sorriu, mas não respondeu. Ela insiste na solicitação, a segunda e a terceira vez, obtendo como respostas um sorriso carinhoso e modesto da Visão. Mas Bernadete tinha a necessidade de saber o nome da Senhora, precisava levar esta notícia ao Abade, porque caso contrário ele não construiria a Capela. Por isso, com mais amor e decisão, insistiu uma quarta vez suplicando que ela dissesse o seu nome. Desta vez a Aparição não sorriu mais, ficou séria.

As mãos que estavam unidas afastaram-se estendendo sobre a terra e depois novamente juntas à altura do peito, levantou os olhos ao Céu em sinal de profunda humildade e obediência a Deus e, em francês, disse:

- EU SOU A IMACULADA CONCEIÇÃO!

Dito isto, desapareceu.

Bernadete retornou a si e para não se esquecer das palavras, repetiu-as várias vezes em seguida, tropeçando nas letras que mal sabia pronunciar, já que só conhecia seu dialeto. Fugiu das perguntas de todos e correu para a casa do Abade, o Padre Peyramale. Lá chegando, antes mesmo de cumprimentá-lo gritou: “'Eu sou a Imaculada Conceição.”

O Abade ficou perplexo. Não sabia se sorria ou ocultava o seu júbilo, procurando num último esforço, certificar-se do óbvio:

- Pequena orgulhosa, tu és a Imaculada Conceição?

- 'Não, não, não eu'.

Padre Peyramale sente que está diante de uma grande revelação: 'A Virgem é concebida sem pecado'. Apesar de ter sido decretado em 8 de dezembro de 1854, o Dogma da Imaculada Conceição de Maria não era aceito por todos os católicos, principalmente por alguns teólogos que defendiam a universalidade da redenção e do Pecado Original.

Isto é, atribuíam a Nossa Senhora o mesmo privilégio que teve João Batista, de ter a santificação antes do nascimento. Mas não aceitavam a imunidade do Pecado, não aceitavam que Maria Santíssima fosse preservada do Pecado Original, mesmo considerando a sua condição especial de Mãe do Redentor.

Por este motivo, o Abade explodia intimamente de satisfação e se preocupava em saber da realidade. Pela santíssima vontade de Deus, a partir daquele momento Nossa Senhora deixava realçar com todo brilho, a sua grandeza notável e ilimitada, porque ela própria confirmava que teve uma Conceição Imaculada. Por isso Peyramale se debatia:

- Uma Senhora não pode usar esse nome! Tu sabes o que isso quer dizer?

Bernadette diz que não, abanando a cabeça.

- Então como podes dizê-lo, se não compreendes o que é?

- Repeti todo o caminho.

No silêncio que se seguiu, Padre Peyramale ficou pensativo com um suave sorriso nos lábios. Bernadete interrompe o silêncio e diz: “Ela quer a Capela!”

O Abade no íntimo deve ter respondido que não só uma Capela, mas uma monumental Basílica. A partir daquele momento, a dama estava dispensada de fazer qualquer milagre, de fazer florir a roseira selvagem da gruta. Era Ela, a Mãe de Deus, a Nossa Querida Mãe que veio nos visitar com o objetivo de revelar um grande mistério divino e pedir penitência ao mundo, para que todos rezassem pela conversão dos pecadores e tivessem uma conduta responsável e digna. Padre Peyramale estava emocionado.

Tentava esconder sua alegria e por isso, para salvar as aparências, falou com ela: “Vai para casa, falaremos outro dia.”

Os dias passaram e o clero, com muita alegria e vibração, comemorou a revelação do grande mistério.

Dia 6 de abril, Bernadete sentiu-se novamente 'pressionada' para voltar à gruta. Aquela força estranha e agradável a impulsionava para Massabieille. Como já havia passado das 15 horas, foi encontrar-se com o Padre Pomian no confessionário. Algumas pessoas que a observavam se incumbiram de espalhar os boatos. A cidade ficou na expectativa de algum acontecimento.


  • 17ª Aparição - 7 de abril: Nossa Senhora nada disse, mas verificou-se nesta aparição o chamado milagre da vela. Era quarta-feira da Páscoa, antes do sol nascer já se encontrava na gruta, acompanhada inicialmente por uma centena de pessoas que logo aumentou para 1.000, quando iniciou a oração do terço.

Nas primeiras Ave-Marias da primeira dezena, Bernardette entrou em êxtase. O Doutor Dozous, que vinha estudando o seu caso, surge no meio da multidão pedindo passagem, pois queria estar ao lado dela, para presenciar suas reações fisionômicas. E abrindo passagem entre o povo que contritamente rezava dizia: “Não venho como inimigo, mas em nome da ciência. Corri e não posso me expor às correntes de ar. Só eu posso verificar o fato religioso que aqui se dá, deixem-me prosseguir este estudo.”

Neste dia, ela utilizava uma grande vela que se apoiava no chão. Foi fornecida por uma pessoa que tinha alcançado uma graça. Com sua mão, tentava proteger a chama da vela da corrente de ar. Mas no transe em que se encontrava, não posicionou corretamente a mão esquerda em forma de concha sobre o pavio aceso, de modo que a chama da vela passava por entre os seus dedos.

- Ela está se queimando - gritaram da multidão.

- Deixe estar - pediu Dr.Dozous.

Ele não acreditava naquilo que seus olhos viam, os sorrisos de Bernadete, os Sinais da Cruz feitos com tanta graça, sua fisionomia séria em vários momentos compartilhando duma tristeza da Visão e a chama da vela que passava por entre seus dedos, sem queimá-los, sem provocar dores.

Terminado o êxtase, examinou as mãos da vidente e não encontrou o menor sinal de queimadura. Para testar a sua sensibilidade, acendeu a vela e sem que ela percebesse, aproximou a chama de sua mão. Ela gritou e protestou: 'Está querendo me queimar'? Dr.Dozous, homem de atitudes extremas, viu crescer repentinamente em seu coração uma fé gigantesca. O médico tinha um caráter explosivo que o levava, muitas vezes, a defender suas convicções abertamente e com decisão, espalhou a novidade com disposição, convencido de que estava diante do sobrenatural na gruta de Massabieille.

No 'Café Francês', que era o ponto de convergência para os 'bate-papos' e também para os 'mexericos', Dozous proclamou com segurança e fartos argumentos, a existência do extraordinário em Lourdes. Em dado momento, ele assim expressou-se: “É um fato sobrenatural para mim, ver Bernadete ajoelhada diante da gruta, em êxtase, segurando uma vela acesa e cobrindo a chama com a mão esquerda, sem que pareça sentir a mínima impressão do contato com o fogo. Examinei-a. Não encontrei nem o mais ligeiro sinal de queimadura.”

Mas continuava a existir também os descrentes, aqueles que não aceitavam os fatos e caçoavam dos frequentadores da gruta. Eles atuaram sobre os administradores pedindo providências contra 'aquilo' que chamavam de 'palhaçada'. O Prefeito resolveu proibir o acesso à gruta. Mandou retirar todos os objetos religiosos que tinham sido colocados lá.

Os pais e amigos de Bernadete, a fim de evitar complicações, a enviaram para Cauterets, para tratar de sua asma. Contudo, a sua ausência em nada influiu no fervor das pessoas, que se manifestavam claramente e todos os dias. Eram organizados cânticos, procissões e orações com a maior participação possível. Por outro lado, alguns procuravam dotar a gruta de certo conforto, colocando na fonte de água uma bacia com três torneiras, para facilitar a utilização.

Pedreiros, carpinteiros e funileiros trabalhavam gratuitamente e com desprendimento, melhorando o acesso, colocando uma tábua furada para receber as velas, empregando os seus esforços com o objetivo de tornar a gruta um recanto aprazível de devoção mariana.

As autoridades, vendo que não conseguiam nem acabar e nem diminuir a frequência das visitas à gruta, decidem fechá-la. No dia 15 de junho, o Prefeito mandou fazer uma barreira constituída por uma cerca de madeira, que isolava a área da gruta.

O povo, no dia 17, destruiu a cerca. As barreiras são reconstruídas no dia 18 e demolidas pelo povo na noite do dia 27. Tornam a ser reconstruídas no dia 28 de junho, para novamente serem demolidas na noite do dia 4 de julho.

No dia 8 de julho, a Igreja intervém oficialmente, pela primeira vez, pedindo tranquilidade ao povo o respeito às autoridades.

No dia 10, foram levantadas as barricadas novamente. Bernadete mantinha-se distante e indiferente a toda esta movimentação. Nas oportunidades que surgiam, recomendava obediência e desaconselhava que arrebentassem a cerca na gruta.


  • 18ª Aparição - 16 de julho: Como é festa de Nossa Senhora do Carmo, a Vidente assiste à missa e comunga na Igreja. Ao entardecer, sente que Deus a chama para a gruta, como das vezes anteriores, e lá chegou por um caminho que ninguém suspeitou. Foi em companhia de sua tia Lucilia, camuflada com um capuz emprestado; mas não pôde aproximar-se devido à cerca, e aos soldados que, por ordem do governo, cercavam o recinto.

Junto à cerca de tábuas que isolava a gruta, encontrava-se um grupo de pessoas, que de joelhos  silenciosamente rezavam. Ela ajoelhou e acendeu sua vela. Duas congregadas marianas que a reconheceram, juntaram-se a ela e à sua tia, em silêncio. Apenas começara o terço, as suas mãos afastaram-se comovidas, numa saudação de alegria e surpresa. Nossa Senhora estava lá. A sua face iluminou-se e suas feições adquiriram uma indescritível formosura.

A menina contempla a Senhora, de além do rio e da cerca.

Terminada a oração do terço, pelo seu rosto podia-se ver estampada a felicidade que brotava de seu íntimo, a alegria de mais uma vez ter-se encontrado com a MÃE de DEUS. Ela não comentou nada. No caminho de regresso, apenas disse: “Não via o rio, nem as tábuas - explicará ela mais tarde. Parecia-me que entre mim e a Senhora não havia mais distância que das outras vezes. Só via a Ela. Nunca a vi tão bela!”

Foi como um adeus da Senhora ali em Lourdes. Aconteceu como se fosse uma visita de despedida, Nossa Senhora sempre bondosa, cheia de carinho e atenção, desceu à terra mais esta vez, para despedir-se de Bernadette.

Qual a mensagem de Nossa Senhora em Lourdes?

De acordo com Laurentin, grande teólogo das aparições de Lourdes, “O elemento principal é a manifestação de Maria na sua Imaculada Conceição. O resto é em função deste primeiro elemento e pode também resumir-se numa palavra: ‘em contraste com a Virgem sem mancha, o pecado...’ Mas, inimiga do pecado, Ela é também amiga dos pecadores, não enquanto estão ligados às suas faltas ou se gloriam delas, mas enquanto se veem esmagados pelo sofrimentos físicos e morais, consequência do pecado.

Reduzida à sua expressão mais simples, poderíamos sintetizar desta forma a mensagem de Lourdes: A Virgem sem pecado, que vem socorrer os pecadores. E para isso propõe três meios: “A Fonte De Águas Vivas, A Oração, A Penitência!”

Grupo de peregrinos da SacraTour em Lourdes, na França
Mas afinal, o que atrai tanta gente em Lourdes?

Bom, acredito que se você chegou até aqui, pode perceber ao longo das aparições como Nossa Senhora foi deixando sua marca em Lourdes. A aparição sempre em um nicho na gruta, aquele mesmo local onde está hoje a imagem, faz o peregrino ao chegar lá sentir-se mesmo na presença de Maria. Na visita ainda se pode ver a fonte de águas limpas, que leva milhares de pessoas em busca de cura, como se a água fosse o aconchego de Mãe.

O convite ao beijo na rocha, uma expressão de humildade e devoção que se repete ainda hoje nas visitas. A oração do terço constante diante da Gruta de Massabielle, lembra a oração de Santa Bernadette junto à Nossa Senhora. São tantos gestos, símbolos e sinais que podemos encontrar em Lourdes que fazem dessa aparição um perfeito encontro com a Mãe, aquela que corrige, orienta, mas também entende e acolhe. Como não se sentir convidado para também estar nessa presença?

“Minha experiência em Lourdes foi indescritível, desde o primeiro momento que cheguei na cidade senti algo inexplicável, meu coração bateu forte, uma emoção muito grande. Renata Borghesi, peregrina SacraTour. 

Renata Borghesi, peregrina SacraTour (Lourdes/França)

“Nós fomos andando do hotel até o santuário, tudo foi muito emocionante e indescritível; o ar, as pessoas, tudo muito diferente rumo à santidade. Eu já tinha lido sobre a história de Santa Bernadette, mas não imaginava tudo o que vi, posso dizer que eu conhecia 1% e chegando lá conheci 1000%.” Silvana Felix de Souza Modesto, peregrina SacraTour

“Depois da procissão de velas, à noite, é que senti uma emoção muito grande. Passei em frente a gruta para deixar a vela e vi aquela luz na minha direção, parecia que Nossa Senhora refletia aquela luz pra mim, foi muita emoção!!! Chorei bastante, foi muito bom!" Maria Eugênia, peregrina SacraTour

Maria Eugênia, peregrina SacraTour (Lourdes/França)

“O que me chamou a atenção foi quando eu estava na fila para o banho e de repente avistei um monte de cadeirantes. Pessoas que vinham sendo amparadas por voluntários. Imaginei, como assim, irão passar na nossa frente? Quando chegaram próximo observei que se tratavam a maioria de idosos. Alguns muitos enfermos. No fim da vida. O que fazem aqui? Neste momento pude presenciar que existe a FÉ DOS MILAGRES. A fé que nos impulsiona a acreditar que estávamos todos no caminho certo, onde Nossa Senhora nos levará a DEUS e que ELE sabe de todas as coisas.” Valdívia Borges da Cruz, peregrina SacraTour

Valdívia Borges da Cruz, peregrina SacraTour (Lourdes/França)

"O que falar dessa viagem? Dessa experiência na minha vida? De algo que eu tenho certeza absoluta que Maria foi intercessora e eu sou tudo grata. Grata a Deus, à Maria, ao meu filho, Pe. Anderson, à SacraTour que abriu as portas e fez com que nós fossemos conhecer. Quando eu cheguei lá que eu vivenciei onde tudo aconteceu, que passei pela Gruta, que vi aquela água benta, as pessoas com vasilhas pegando a água com fé e acreditando... foi emocionante. Eu me emociono toda vez que falo e lembro de quando entre naquela piscina tão envolvida pela presença de Maria.” Edna Maria de Oliveira Silva, peregrina SacraTour

Edna Maria de Oliveira Silva, peregrina SacraTour (Lourdes/França)
Oração à Nossa Senhora de Lourdes

Ó Virgem puríssima, Nossa Senhora de Lourdes, que vos dignastes aparecer a Bernadette, no lugar solitário de uma gruta, para nos lembrar que é no sossego e recolhimento que Deus nos fala e nós falamos com Ele, ajudai-nos a encontrar o sossego e a paz da alma que nos ajude a conservar-nos sempre unidos em Deus. Nossa Senhora da gruta, dai-me a graça que vos peço e tanto preciso (pedir a graça). Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós. Amém!

Agora que já conhece a história desta aparição, convidamos você a percorrer conosco os caminhos de Lourdes e poder sentir também a graça de estar neste lugar!

Confira nossos roteiros para este ano!

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Queremos partilhar com você a história da SacraTour algo muito especial para nós! Por isso vamos te contar a nossa história. Dizem que nos tornamos mais íntimos das pessoas quando partilhamos os nossos momentos especiais. E hoje, é essa a nossa intenção! Venha saber um pouquinho mais de como nasceu a nossa agência.

Larissa e Melissa Calsavara (Diretoras da SacraTour)

Queremos que você saiba como a nossa agência nasceu, mas não quero falar só de questões práticas envolvendo o surgimento de uma empresa, quero que você saiba como a ideia nasceu em nossos corações e como ela foi tomando forma dentro e fora de nós.

Por isso, eu vou te contar como tudo aconteceu como se você fosse meu amigo próximo e estivesse aqui ao meu lado! Preparado? Então vamos lá!

Tudo começa com uma questão

Sabe quando acontece algo muito inesperado na sua vida e muda todos os seus planos? Coisas que você nunca imaginava que iria fazer ou ser... pois é, a história da SacraTour começa exatamente assim. Para eu te falar de como a agência nasceu, primeiro eu tenho que te contar como o meu desejo de ter essa agência ganhou espaço em minha vida.

Eu, Larissa, e minha família sempre fomos muito religiosos e isso me levou a ser bastante ativa em minha paróquia. No entanto, eu não me limitava somente aos trabalhos da minha paróquia, eu também tinha um bom conhecimento do que se passava na minha cidade, eu sou de Londrina-PR, você conhece?

Cidade de Londrina, no Paraná (Foto: Blog Engenho das Letras)

Foi desse meu interesse em ajudar e estar presente na minha paróquia que, em um dia especial, eu recebi a notícia de que haveria um grupo dali saindo para a Terra Santa. E alguém me perguntou:

Por que você não vai também?

Uma pergunta que me inquietou, eu vou ser bem sincera, eu não tinha muita vontade de viajar. Aliás, diferente do que muita gente anseia e deseja para a vida, eu estava bem no meu canto.

Minhas irmãs (eu tenho duas, mas depois elas entram nessa história) gostavam muito de viajar, mas em mim, realmente, não despertava a muita vontade.

Por outro lado, conhecer os lugares por onde Jesus passou com as pessoas que eram do meu convívio religioso..... é isso começou a me parecer muito animador. E como uma pequena semente essa ideia foi crescendo em mim. Até ganhar proporções de um entusiasmo e eu dizer; sim, ok! Eu vou!

Larissa Calsavara guiando um grupo de peregrinos da SacraTour na Terra Santa, 2015 (Jerusalém/Israel)

A primeira peregrinação

Antes de chegarmos a Terra Santa, tenho que te contar que naquela época eu tinha uma escola. Eu sou por formação prof. de matemática e ensinar e lidar com pessoas sempre foi algo que me encantou muito. Em outras palavras, isso quer dizer também que eu não estava procurando por trabalho.

Agora é hora de irmos! Muito bem, fomos à Terra Santa e ainda assessorados por uma agência de turismo. Essa viagem tem a ver com algo meu muito particular (lembra que eu disse que iria te tratar como um amigo, né?!), pois vou te contar:

Tem a ver com um hábito que eu tenho ou mania...não sei ao certo, de tentar solucionar o problema das pessoas. Ou seja, eu gosto de ajudar. Verdadeiramente. Acontece que isso foi visto pelo dono da agência que nos acompanhava.

Ele gostou muito do meu jeito e quis de toda a forma me contratar para que eu acompanhasse os grupos em viagens. Mas as coisas não eram tão simples.

O dono da agencia, que estava me oferecendo trabalho, queria que eu me mudasse para São Paulo. Ou seja, uma distância de mais ou menos seis horas de onde eu morava. E ainda tinha outra questão! Eu geria uma escola em Londrina, que precisava muito de mim, e ainda tinha toda a minha família lá. Eu estava sendo pressionada a mudar para São Paulo e ao mesmo ficava em dúvida sobre deixar minha cidade natal. Não sabia ao certo o que fazer. Mas, o que aconteceu foi que...

A mudança veio

Ela veio, porém de maneira diferente. Aquela viagem mudou comigo e com a minha vida. Parece clichê, e talvez seja, mas quem já foi à Terra Santa sabe que não tem como voltar de lá da mesma forma que se foi.

Pedra da Unção, no interior do Santo Sepulcro (Jerusalém/Israel)

A viagem é bastante cansativa, mas vez que você pensa em reclamar por qualquer motivo, você é presenteado com momentos de pura fé. Você faz amigos e sente a emoção de cada um que está lá, passa a saber a história de seu colega de ônibus e a admiração e compaixão aumentam a cada dia. Eu não poderia mais ser a mesma depois dessa viagem. Mas não queria me mudar para São Paulo.

Peregrinação com Padre Fábio de Melo

Então, eu combinei com a agência de São Paulo que eu iria assessorar as viagens saídas de Londrina e acompanhar os grupos. Minha primeira viagem depois dessa decisão foi com Pe. Fábio de Melo. Posso dizer que toda peregrinação e especial e essa foi repleta de aprendizagens e renovações.

O trabalho que eu estava descobrindo me encantava a cada segundo. Dizem que as melhores coisas da vida são difíceis de serem explicadas em palavras, e é exatamente essa dificuldade que eu tenho ao traduzir o que eu sinto quando vejo a emoção de alguém diante do Santo Sepulcro, ou ainda navegando pelo mar da Galileia.

Voltamos ao Brasil, e até aí estava tudo bem na minha vida. Eu estava acompanhando os grupos e estava conseguindo dar continuidade aos trabalhos da minha escola. Mas eu tive que tomar uma decisão muito séria.

Grandes decisões

Grande passos requerem grandes decisões, não é?! Eu percebi que algumas atitudes da agência de São Paulo não eram corretas. Decidi sair. Eu sempre aprendi que meu nome era algo que eu deveria zelar, ou seja, eu não queria meu nome ligado a algo que eu não acreditasse ou estivesse distante dos meus valores.

Saí da agência e continuei minha vida como diretora de escola. Mas quando o nosso caminho está traçado.... naquela mesma semana em que eu saí da agência, recebi o convite para ir a uma feira de turismo em São Paulo.

E fui. Lá conversei com pessoas que me incentivaram a continuar, fiz contato com receptores de vários países e sai de lá com uma decisão tomada: as coisas seriam do meu jeito, ou não seriam.

Stand da SacraTour na ExpoCatólica 2019 (São Paulo/Brasil)

Os planos de Deus e SacraTour

Em Londrina, avisei minha família da decisão de continuar, agora por conta própria. Eu queria dar vida o meu novo sonho de ter minha própria agência calcada nos meus valores. Daquela conversa nasceu a SacraTour.

Não por acaso, isso aconteceu depois de muito oração e muita conversa com minha família, porque os meus valores são fincados na fé e na lealdade.

Durante alguns anos tudo na agência teve o meu jeito e a minha cara. Mas eu sentia que faltava alguma coisa para tudo ficar completo.

A agência cresce a cada dia

Descobri que não era uma coisa, era alguém. E esse alguém era a minha irmã mais nova. Ela tinha acabado de sair de um emprego e eu fiz um proposta para que ela fosse trabalhar comigo.

Melissa e Larissa Calsavara, irmãs e diretoras da SacraTour no Monte das Oliveiras (Jerusalém/Israel)

E ela, como eu já imaginava, me disse um sonoro “Não!”. E disse mais de uma vez.  Mas eu não desisti, e foi então que ela me fez uma proposta “ Eu não quero trabalhar para você, eu quero trabalhar com você!” Minha irmã seria minha sócia? Inesperado, mas as boas coisas parecem ser inesperadas, né?! Então, eu não titubeei e disse “ Ok”!

Um negócio de família, em família

Melissa é a minha irmã mais nova e minha sócia, mas o nosso trabalho está sempre envolto por toda a nossa família. Eles estão com a gente desde o planejamento de cada peregrinação até na reza de agradecimento quando chegamos felizes e revigorados.

Melissa Calsavara, diretora da SacraTour, na Igreja Dominus Flevit, Monte das Oliveiras (Jerusalém/Israel)

A agência foi crescendo, nós fomos contratando mais pessoas para nos auxiliar. E, hoje, trabalhamos, em nossa sede em Londrina, com muita dedicação, amor e fé pelo nosso trabalho.

A SacraTour pelo mundo

E assim, nós nos especializamos em oferecer o que há de melhor numa peregrinação. Nenhuma agência se dedica a pensar em todos os detalhes. Mas nós pensamos. Peregrinar com a SacraTour é único e eu posso provar!

Além dos milhares de testemunhos, convido você a olhar os textos do nosso blog e as nossas redes sociais, você vai perceber que estamos preocupados com o todo da sua sua experiência! Você vai ver que estaremos com você já nos primeiros momentos, bem antes da sua peregrinação iniciar, preparando tudo para que a sua experiência seja incrível.

Foi muito bom compartilhar nossa história com você ! E agora que você já sabe sobre a nossa história, que tal me contar qual é o seu próximo destino dos sonhos?! Escreve aqui!

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Uma das festas litúrgicas mais bonitas na tradição da Igreja é a festa mariana dedicada à Nossa Senhora do Monte Carmelo (Nossa Senhora do Carmo), sendo essa uma das devoções mais antigas e mais amada pelos cristãos de todo o mundo. Esta festa está ligada à história e aos valores espirituais da Ordem dos Frades da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo (Carmelitas). A festa litúrgica foi instituída para comemorar a aparição do dia 16 de julho de 1251 a São Simão Stock, na época prior geral da ordem carmelitana, durante a qual Nossa Senhora entregou-lhe um escapulário em tecido, revelando notáveis privilégios ligados ao seu culto e devoção.

Monte Carmelo, em Haifa (Israel)

Raízes bíblicas

O Monte Carmelo está situado a 546 metros acima do nível do mar e pode ser considerado como “um dos maiores pontos turísticos da Terra Santa. Nessa região, encontramos o Vale de Jesreel e muitos outros pontos bíblicos” (Pedrini e Brunet, 2013).

No Primeiro Livro dos Reis no Antigo Testamento, temos a narrativa de que o Profeta Elias, formou uma comunidade de homens sobre Monte Carmelo, que em aramaico significa “jardim”, e ali operou em defesa da pureza da fé em Deus, vencendo dos desafios contra os sacerdotes de Baal (Cf. 1Rs 18,17-40) no século IX antes de Cristo. Em 1154 d. C., neste local, se estabeleceram comunidades monásticas cristãs. Eles edificaram uma pequena igreja, dedicando-a à Virgem Maria, e assumiram o nome de Irmãos de Santa Maria do Monte Carmelo. Desse modo, o Carmelo, assumiu, os seus dois elementos caracterizantes: a referência ao profeta Elias e a ligação com Maria Santíssima.

Monte Carmelo, em Haifa (Israel)

A devoção e o escapulário

A devoção espontânea à Virgem Maria, sempre difundida desde os primeiros tempos apostólicos, foi passando através dos séculos e oficializada sob tantos títulos, ligados à sua virtude, aos lugares onde surgiram santuários e igrejas, às aparições da Virgem em vários lugares ao longo dos séculos, ao culto instaurado pelas Ordens Religiosas, até chegar aos dogmas promulgados pela Igreja.

A devoção a Nossa Senhora do Carmo foi propagada por São Simão Stock, porque a tradição conta que em 16 de julho de 1251, a Virgem Maria, circundada por anjos e com o Menino Jesus no braço, apareceu a ele e lhe deu o escapulário com o “privilégio do sábado”, que consiste na promessa da salvação do inferno para aqueles o usam e a libertação das penas do Purgatório no sábado seguinte à sua morte.

O uso do escapulário não representa uma simples devoção, mas uma forma simbólica de “revestimento” que lembra as vestes dos carmelitas e também uma entrega e consagração à Virgem Maria, para viver sob a sua proteção, e enfim, uma aliança e uma comunhão entre Maria e os fieis. Essa consagração, se traduz no esforço que o fiel deve fazer para imitar a Maria, ao menos em suas intenções. “A devoção ao Escapulário já fez derramar sobre todo o mundo rios de graças espirituais e temporais” (Papa Pio XII).

Imposição do escapulário de Nossa Senhora do Carmo com o Pe. Manuel Joaquim (Haifa/Israel)

Vamos para o Monte Carmelo com a gente?

Em nossas viagens para a Terra Santa, você encontra um roteiro que te acompanha em peregrinação sobre o Monte Carmelo, que é símbolo de beleza e esplendor, e ao qual se pode chegar ao cume por meio de ônibus, carro ou van.

No Monte Carmelo, o peregrino se aproxima de três realidades: O Manto do Profeta Elias, que acende no peregrino a nostalgia do céu, o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, que o protege dos perigos na terra e a Capa dos Carmelitas, que ensina ao peregrino o silêncio e a oração. Por isso, o Santuário “Stela Maris” de Haifa faz parte de um roteiro preparado pela SacraTour especialmente para você que deseja ser nosso peregrino e companheiro de viagem. Que nossa Senhora do Monte Carmelo proteja com sua presença a tantos quantos se recomendem à sua intercessão e proteção materna.

Fontes: A Bíblia Sagrada / Ariel Finguerman, A Terra Santa do Peregrino. / Lachiesa.it / Nayara Pedrini e Tiago Brunet. Manual do Peregrino na Terra Santa, 2013.

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Em 26 de agosto a Igreja celebra Nossa Senhora de Czestochowa. Nas encostas de Jasna Góra, a “montanha luminosa”, que circunda a cidade de Czetochowa, o santuário está situado em uma colina de pedras brancas, na parte ocidental da cidade. Os poloneses estão habituados neste Santuário a apresentar muitos eventos da própria vida: momentos felizes como aquelas decisões tristes e solenes, tais como a escolha de sua vida, vocação religiosa ou casamento, o nascimento dos filhos, os exames de maturidade... Eles se acostumaram a vir com seus problemas para Jasna Gòra para confiá-los à Mãe Celestial, na frente de sua imagem milagrosa.

Pode-se dizer que esta imagem é o coração do santuário de Jasna Góra e é também essa força, misteriosa e profunda, que todos os anos atrai intermináveis multidões de peregrinos, da Polônia e de todos os outros lugares do mundo.

Santuário de Jasna Góra (Czestochowa/Polônia)

A História da Pintura

A pintura de Nossa Senhora de Czestochwova tem uma história complexa. A tradição diz que foi construída por São Lucas em uma madeira que formou a mesa usada para oração e comida pela Sagrada Família. O evangelista teria composto duas pinturas em Jerusalém para transmitir a incomparável beleza de Maria. Um deles, chegado à Itália, ainda é um objeto de culto em Bolonha; o outro foi primeiro levado a Constantinopla e colocado em um templo pelo imperador Constantino. Mais tarde, ele foi dado ao russo Príncipe Leão, que serviu no exército romano, que transferiu a relíquia de valor inestimável para a Rússia, onde, por muitos milagres, ele foi intensamente venerado.

Segundo os críticos de arte, o quadro de Jasna Góra era originalmente um ícone bizantino, do gênero Odigitria, que data do século VI ao século IX. Pintado em uma placa de madeira, retrata o busto da Virgem com Jesus em seus braços. O rosto de Maria domina todo o quadro, com o efeito de que aqueles que olham para ele estão imersos no olhar de Maria: ele olha para Maria, que, por sua vez, olha para ele.

Também o rosto da Criança é dirigido ao peregrino, mas não o seu olhar, que é de alguma forma fixado em outro lugar. Os dois rostos têm uma expressão séria e pensativa, que também dá o tom emocional a todo o quadro. A face direita da Maria é marcada por duas cicatrizes paralelas e por uma terceira que as cruza; o pescoço tem seis outros arranhões, dois dos quais visíveis, quatro quase imperceptíveis. Jesus, vestido com uma túnica escarlate, repousa sobre o braço esquerdo da mãe.

A mão esquerda segura o livro, a direita é levantada em gesto de soberania e bênção. A mão direita da Maria parece indicar a criança. Na frente de Maria, uma estrela de seis pontas é representada. Em torno dos rostos da Maria e de Jesus destacam-se os halos, cujo brilho contrasta com a compleição de seus rostos.

Após a profanação de 1430 pelos heréticos de João Hus, e a restauração, a fama do santuário cresceu enormemente e as peregrinações aumentaram, a tal ponto que a igreja original se mostrou insuficiente para conter o número dos fiéis. Por esta razão, já na segunda metade do século XV, junto à Capela de Nossa Senhora, foi iniciada a construção de uma igreja gótica com três grandes naves. Em 1717 a imagem milagrosa de Nossa Senhora de Jasna Góra foi coroada com o diadema papal e, a partir do século passado, numerosas igrejas dedicadas a ela foram erguidas em todo o mundo: atualmente são cerca de 350, das quais 300 só na Polônia.

Nossa Senhora de Czestochowa (Polônia)

A Fama da Imagem Milagrosa

A fama cada vez maior da imagem milagrosa da Mãe de Deus fez com que o antigo mosteiro se tornasse um destino constante de peregrinações dedicadas ao longo dos anos. O culto da Nossa Senhora Negra de Czestochowa estendeu-se ao continente americano, à Austrália, à África e até à Ásia. Uma devoção que não tem limites, que tocou os corações de muitos e que tem sido particularmente querida como qualquer polonês que se preze - ao nosso Santo Padre, João Paulo II, que sempre foi o mais fiel devoto de Maria.

Desde a Idade Média, de toda a Polônia, a peregrinação a pé acontece em direção ao Santuário de Częstochowa, que vai de junho a setembro, mas normalmente o período escolhido é em torno a meados de agosto. A peregrinação a pé dura vários dias e os peregrinos também percorrem centenas de quilômetros ao longo de mais de 50 rotas de toda a Polônia, a mais longa das quais é de 600 km.

Santuário de Jasna Góra (Czestochowa/Polônia)

Palavras de Papa Francisco

Tomemos hoje Papa Francisco como um grande impulsionador desse destino que a SacraTour traz para você que deseja peregrinar conosco: "Apresentando-se diante da face de sua Mãe e Rainha, escutem atentamente sua palavra: o que quer que Jesus lhe diga, faça-o (veja João 2:5). Que seja para cada um de vocês uma indicação na formação de consciência, em colocar ordem na vida pessoal e familiar, na construção do futuro da sociedade”.

Diante disso, com o coração confiante, peçamos: Nossa Senhora de Czestochowa, rogai por nós.

 

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Quando falamos da Medalha Milagrosa logo nos lembramos da imagem calma e bondosa de Nossa Senhora das Graças. Com uma devoção muito grande no Brasil e em todo o mundo, a medalha que foi cunhada a pedido da Virgem Santa. A medalha ficou muito conhecida pela profusão de milagres e por isso ganhou o nome de Medalha Milagrosa. E Nossa Senhora escolheu uma recém noviça que foi posteriormente consagrada Santa para ter a honra de passar ao mundo Suas palavras. Vamos saber um pouco mais sobre Santa Catarina Labouré que teve sua história sempre marcada pelos desígnios de Nossa Mãe.

Santa Catarina Labouré

Caterina Labouré veio ao mundo em 1806, na província francesa da Borgonha, sob os céus de Fain-les-Moutiers, onde seu pai possuía uma fazenda e outros bens. Com nove anos ela perdeu sua mãe. Tomada pelo duro golpe, em lágrimas, Catarina abraçou uma estátua da Santíssima Virgem e exclamou: “De agora em diante você será minha mãe!”

Santa Luisa de Marillac, Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Nossa Senhora não desapontará a menina que se confiou a Ela com tanta devoção e confiança. A partir desse momento, Ela a adotou como uma filha amada, obtendo abundantes graças que fizeram sua alma inocente e generosa crescer.

O chamado

Certa vez, Catarina foi perturbada por um sonho. Na igreja de Fain-les-Moutiers, ela viu um padre idoso e desconhecido celebrando a missa, cujo olhar a impressionou profundamente. Quando o Santo Sacrifício terminou, ele faz um sinal para ela se aproximar dele, mas ela não se aproximou e foi embora marcada por aquele olhar profundo. Mesmo em sonhos, ela foi visitar um pobre doente, e encontrou novamente o mesmo sacerdote, que desta vez lhe diz: “Minha filha, você pode escapar agora, mas um dia você vai ficar feliz em voltar para mim. Deus tem intenções sobre você. Não se esqueça disso.” Quando ela acordou, se lembrou desse sonho em sua mente, sem entender o que se passava.

Com as filhas de São Vicente de Paulo

Algum tempo depois, já com 18 anos, uma enorme surpresa. Ao entrar em um salão do convento em Châtillon-sur-Seine, ela se vê diante de uma pintura de São Vicente de Paulo, Fundador da Congregação das Filhas da Caridade. O sacerdote ancião dos seus sonhos, era justamente São Vicente de Paulo, o que confirma e indica a vocação religiosa de Catarina.

São Vicente de Paulo, Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Aos 23 anos, vencendo todos os esforços de seu pai para tirá-la do caminho que o Senhor lhe traçara, abandona para sempre o mundo e entra como postulante naquele mesmo convento de Châtillon-sur-Seine. Três meses depois, em 21 de abril de 1830, foi aceita no noviciado das Filhas da Caridade, localizado na Rue du Bac, em Paris, onde faria os votos no mês de janeiro seguinte.

As aparições

Em 18 de julho de 1830, às vésperas da festa de São Vicente, às 23:30, Catarina ouve alguém chamá-la pelo nome. Uma criança misteriosa está ao pé da cama e a convida a levantar: “A Santíssima Virgem espera por você”, diz a criança. Catarina se veste e segue a criança que espalha raios de luz por todo lugar aonde passa. Chegando na capela, Catarina para ao lado da cadeira do padre, localizada no coro. Foi então como o farfalhar de um vestido de seda. Seu pequeno guia disse. “Aqui está a Santa Virgem”. Catarina hesita em acreditar. Mas a criança repete com uma voz mais alta: “Aqui está a Santa Virgem”.

Catarina corre para se ajoelhar ao lado de Maria que está sentada na cadeira (do padre) “Então, eu pulei para chegar perto dela, e me ajoelhei nos degraus do altar, com as mãos apoiadas nos joelhos de Maria. O momento foi o mais doce da minha vida. Seria impossível para mim dizer o que senti. A Santíssima Virgem me disse então como eu deveria me comportar com meu confessor e muitas outras coisas”.

Santa Catarina Labouré com a Virgem Maria, Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Catarina recebe o anúncio de uma missão e o pedido para fundar a Confraria das Filhas de Maria. Isso será feito pelo Padre Aladel em 2 de fevereiro de 1840.

Segunda aparição: história da Medalha Milagrosa

Quatro meses se passaram daquela noite prodigiosa em que Santa Catarina contemplou pela primeira vez a Santíssima Virgem. Na alma inocente da religiosa, cresceu a nostalgia pelo encontro abençoado e pelo desejo intenso de que o augusto favor de ver a Mãe de Deus fosse novamente concedido a ela.

Era 27 de novembro de 1830, sábado. Às cinco e meia da tarde, as Filhas da Caridade se reuniram em sua capela, na Rue du Bac, para o período habitual de meditação. Um perfeito silêncio reinou entre as freiras e as noviças. Como as outras, Catarina estava em silêncio profundo.

Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

“De repente, parecia ouvir, da galeria, um ruído como um farfalhar de um vestido de seda. Tendo olhado daquele lado, vi a Santíssima Virgem ao nível da imagem de São José. De estatura mediana, o rosto dela era tão lindo que seria impossível para mim contar sua beleza. A Santíssima Virgem estava de pé, vestida com um vestido de seda branco-aurora, feito de acordo com o modelo chamado ‘a la Vierge’, mangas lisas, com um véu branco que cobria a cabeça e descia para os lados.

Sob o véu, vi o cabelo partido ao meio e, acima dele, uma renda de cerca de três centímetros de altura, sem cachos, isto é, levemente sobre o cabelo. O rosto bastante exposto, os pés colocados em uma meia esfera. Em suas mãos, descansando no nível do estômago de uma maneira muito natural, ela usava uma esfera em ouro que representava o globo terrestre. Seus olhos estavam voltados para o céu. Seu rosto era de uma beleza incomparável.

Eu não consegui descrever. De repente, vi em seus dedos anéis cobertos de lindas pedras preciosas, cada uma mais bonita que a outra, algumas maiores, outras menores, que lançavam raios de todos os lados. Das pedras principais começaram os esplendores mais magníficos, alargando-se à medida que desciam, enchendo toda a parte inferior do lugar. Eu não vi os pés de Nossa Senhora.

Neste momento, enquanto contemplava a Santíssima Virgem, ela baixou os olhos, olhando para mim. E uma voz se fez ouvir no fundo do meu coração, dizendo estas palavras: A esfera que você vê representa o mundo inteiro, especialmente a França e cada pessoa em particular. Eu não posso expressar o que senti e o que vi naquele instante: o esplendor e o brilho de raios tão maravilhosos. Naquele momento formou-se uma gravura em torno de Nossa Senhora, e numa esfera ovalada apareceram as seguintes palavras: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”, escritas em letras douradas.

Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Imediatamente depois, a medalha se vira e Catarina vê o seu verso: no topo, uma cruz sobrepõe-se ao M de Maria, no fundo dois corações, um coroado de espinhos, o outro perfurado por uma espada. Catarina então ouve estas palavras: “Faça uma medalha de acordo com este modelo. Todos aqueles que a levarem, trazendo-a ao coração, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança”.

Poucos meses depois das aparições, a Irmã Catarina, foi enviada para o abrigo de Enghein (Paris, 12) para tratar os idosos, vai para o trabalho. Mas uma voz interior insiste: a medalha deve ser cunhada. Catarina conta para seu confessor, padre Aladel.

Significados da Medalha Milagrosa

A própria Virgem Maria está envolvida na batalha espiritual, na luta contra o mal, da qual nosso mundo é o campo de batalha. Maria nos chama a entrar na lógica de Deus, que não é a lógica deste mundo. Esta é a graça autêntica, a da conversão, que o cristão deve pedir a Maria para transmiti-la ao mundo.

Suas mãos estão abertas e seus dedos estão adornados com anéis cobertos de pedras preciosas, das quais saem raios, que caem na terra, espalhando-se para fora.

O esplendor desses raios, como a beleza e a luz da aparição, descrita por Catarina, recorda, justifica e nutre nossa confiança na fidelidade de Maria (os anéis) para com seu Criador e para com seus filhos, em eficácia, de sua intervenção (os raios da graça, que caem sobre a terra) e na vitória final (a luz), já que ela mesma, a primeira discípula, é a primeira dos salvos.

Os símbolos

Os dois sinais entrelaçados mostram a relação indissolúvel que liga Cristo à sua Mãe Santíssima. Maria é associada à missão de salvação da humanidade por seu filho Jesus e participa através de sua compaixão no próprio ato do sacrifício redentor de Cristo.

O coração coroado de espinhos é o coração de Jesus. Recorda o cruel episódio da Paixão de Cristo, antes da morte, contada nos Evangelhos. O coração simboliza sua paixão de amor pelos homens. O coração transpassado por uma espada é o coração de Maria, sua mãe. Refere-se à profecia de Simeão, contada nos Evangelhos no dia da apresentação de Jesus no templo de Jerusalém por Maria e José. Simboliza o amor de Cristo, que está em Maria e recorda o seu amor por nós, pela nossa salvação e aceitação do sacrifício do seu Filho. A justaposição dos dois Corações expressa que a vida de Maria é uma vida de íntima união com Jesus.

Frente da Medalha Milagrosa
Verso da Medalha Milagrosa

As estrelas correspondem aos doze apóstolos e representam a Igreja. Ser Igreja significa amar a Cristo, participar de sua paixão, pela salvação do mundo. Cada pessoa batizada é convidada a participar da missão de Cristo, unindo seu coração aos Corações de Jesus e Maria. Desse modo, a medalha é um chamado à consciência de cada um, para que ele possa escolher, como Cristo e Maria, o caminho do amor, até o dom total de si mesmo.

Um sopro de esperança

Em fevereiro de 1832, uma terrível epidemia de cólera irrompeu em Paris, causando mais de 20.000 mortes. Em junho, as Filhas da Caridade começam a distribuir as primeiras duas mil medalhas, feitas pelo padre Aladel. A cura foi multiplicada, como proteções e conversões. Foi um evento extraordinário. O povo de Paris chamou a medalha de “milagrosa”.

Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa, na Capela (Paris/França)

A glorificação de Catarina

Durante 46 anos de uma vida inteiramente interior e de lembrança escrupulosa, Santa Catarina permaneceu fiel ao seu anonimato. Silêncio milagroso! Seis meses antes de seu fim, incapaz de ver seu confessor, ela recebeu a permissão do Céu – talvez a necessidade – de revelar à sua superiora que ela era a freira honrada pela Santíssima Virgem por um ato tão importante de confiança.

Corpo incorrupto de Santa Catarina Labouré (Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa/Paris/França)

Santa Catarina morreu suavemente em 31 de dezembro de 1876 e foi sepultada três dias depois em um túmulo escavado na capela da rue du Bac. Depois de quase seis décadas, em 21 de março de 1933, quando seu corpo foi exumado, as mãos que tocaram Nossa Senhora e os olhos que a tinham visto, pareciam extraordinariamente preservadas. Foi beatificada por Pio XI em 28 de maio de 1933 e canonizada por Pio XII em 27 de julho de 1947: suas relíquias ficam na capela onde ele apareceu. A festa litúrgica, para as famílias Vicentinas, é estabelecida no dia 28 de novembro. Hoje, qualquer fiel pode.

A Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa

A Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa é um importante lugar de oração e peregrinação que continua a receber mais de um milhão de peregrinos no ano. Desse modo, juntamente com a SacraTour, você tem a oportunidade de se unir aos milhares de fiéis provenientes de todo o mundo para suplicar a proteção da Virgem Maria.

Grupo de peregrinos SacraTour na Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Este santuário está localizado no coração de Paris, na Rue du Bac 140, onde se localiza o Convento das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paula. A fachada do prédio está quase perdida entre todas as outras fachadas, já que não há igrejas à vista, mas uma simples porta preta que leva a um pátio interno retangular, cercado por prédios do convento. No fundo surge uma pequena torre sineira, testemunhando a presença de uma capela. E é aqui que se encontra a pequena igreja onde a aparição aconteceu e onde se pode venerar o corpo incorrupto da santa, exposto na Casa das Filhas da Caridade, em Paris.

“Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.

Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Fontes: Santi e Beati / Catherine Labouré, sa vie, ses apparitions, son message racontée a tous, René Laurentin, Desclée De Brouwer, 1981. / vMémorial des Apparitions de la Vierge dans l’Église, Fr. H. Maréchal, O. P., Éditions du Cerf, Parigi, 1957.

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Vamos conhecer a história de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Muita emoção e fé!

Os acontecimentos foram registrados primeiramente pelos padres José Alves Vilela, em 1743, e João de Morais e Aguiar, em 1757. Tais registros foram feitos nos livros da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá, à qual pertencia a região onde a imagem foi encontrada. A imagem apareceu em outubro de 1717. E os fatos aconteceram assim: O Conde de Assumar, passava por Guaratinguetá, SP, quando viajava para Vila Rica, em Minas Gerais.

Para recebê-lo, a população organizou uma festa, cabendo aos pescadores a difícil missão de conseguirem muitos peixes para a comitiva do governador, mesmo não sendo tempo de pesca. Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves, sentindo o peso de sua responsabilidade, se dirigiram ao rio Paraíba e fizeram uma oração pedindo a ajuda da Mãe de Deus.

Retrato do momento em que Nossa Senhora Aparecida foi encontrada pelos pescadores nas águas do Rio Paraíba do Sul (Aparecida/São Paulo/Brasil)

Depois de tentar várias vezes sem sucesso, na altura do Porto Itaguaçu, já desistindo da pescaria, João Alves lançou a rede novamente. Não pegou nenhum peixe, mas apanhou a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Na imagem faltava a cabeça. Tomado pela emoção, lançou de novo a rede e, desta vez, pegou a cabeça que se encaixou perfeitamente na pequena imagem. Só este fato, já foi um grande milagre.

Logo em seguida, apanharam uma grande quantidade de peixes a ponto de temer que a canoa viesse a virar. Os pescadores chegaram a Guaratinguetá eufóricos e emocionados com o que presenciaram e toda a população entendeu o fato como intervenção divina. Assim aconteceu o primeiro de muitos milagres pela ação de Nossa Senhora Aparecida.

A devoção

Por 15 anos, a imagem ficou na casa de Filipe Pedroso. Os amigos e vizinhos se encontravam para rezar à Nossa Senhora da Conceição. Graças e mais graças começaram a acontecer e a história se espalhava Brasil afora. Por várias vezes, à noite, ao rezarem junto à imagem, as pessoas viam que as luzes se apagavam e depois acendiam misteriosamente. Então, todo o povo da vizinhança passou a rezar aos pés da imagem. Construíram um pequeno oratório em Itaguaçu, que em pouco tempo já não comportava o grande número de fieis que para lá acorria.

O Milagre das Velas (Aparecida/São Paulo/Brasil)

Primeira Capela

A quantidade de pessoas e romeiros que visitavam a imagem aumentava a cada dia, por isso, o vigário da cidade de Guaratinguetá resolveu construir uma capela no morro dos Coqueiros, cujas obras foram concluídas em julho de 1745. O filho de Filipe Pedroso ajudou a construir essa capela.

No dia 20 de abril de 1822, o imperador Dom Pedro I, juntamente com uma grande comitiva, fizeram uma visita à capela para homenagear a imagem milagrosa da Senhora de Aparecida, como também é conhecida. Com o aumento considerável do número de romeiros, em 1834, deram início às obras da igreja que é conhecida hoje como Basílica Velha. Ela era bem maior que a capela e foi consagrada no dia 8 de dezembro do ano de 1888.

O Manto e a Coroa de Nossa Senhora Aparecida

Em sua segunda visita à basílica, feita no dia 6 de novembro de 1888, a Princesa Isabel ofereceu à santa uma bela coroa feita de ouro, enfeitada com rubis e diamantes. Era o cumprimento da promessa feita 20 anos antes, na primeira visita feita à imagem. A imagem foi solenemente coroada – com a coroa que a Princesa Isabel doou – em 8 de setembro de 1904. A imagem passou a ser apresentada, então, com o manto azul anil, bordado com ouro e pedras preciosas.

A celebração foi presidida por Dom José Camargo Barros. Estavam presentes o Núncio Apostólico, vários bispos, o senhor Rodrigues Alves, então Presidente da República, e grande multidão. Após este fato, o Santo Padre concedeu ao Santuário de Aparecida outros favores: Ofício e missa própria de Nossa Senhora Aparecida e indulgências para os romeiros em peregrinação ao Santuário.

Nossa Senhora Aparecida, Rainha e padroeira do Brasil

Com decreto do Papa Pio XI, em 16 de julho de 1930, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, recebeu o título de Rainha e Padroeira do Brasil no dia. A Lei Federal nº 6.802 (30/06/1980) decretou oficialmente o dia 12 de outubro como feriado nacional, dia de devoção à santa. Esta Lei Federal também reconheceu Maria como sendo a protetora do Brasil.

Rosa de Ouro

Na festa de 250 anos da devoção, em 1967, o Papa Paulo VI ofereceu ao Santuário a Rosa de Ouro, gesto repetido pelo Papa Bento XVI, que ofereceu outra Rosa, em 2007, por ocasião de sua Viagem Apostólica ao Brasil, reconhecendo a importância da devoção a Nossa Senhora Aparecida e do Santuário de Aparecida para o povo brasileiro.

Nova Basílica

O fenômeno de Aparecida é impressionante. Para acolher o numeroso fluxo de romeiros vindos de todo o país, uma nova basílica, bem maior, começou a ser construída em 1955. Por isso, Benedito Calixto, o arquiteto responsável pela obra, idealizou um edifício no formato da cruz grega.

Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida (São Paulo/Brasil)

A igreja tem 168m de largura por 173m de comprimento. Suas naves chegam a 40m de altura e a cúpula central alcança 70m de pé direito. É uma obra impressionante. No dia 4 de julho de 1980, numa celebração eucarística solenemente conduzida pelo Papa João Paulo II, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida foi finalmente consagrada. O santuário de Aparecida é a maior basílica do mundo dedicada à Maria Mãe de Deus.

300 anos de bênçãos da Mãe Aparecida

Como preparação do povo brasileiro para as comemorações do tricentenário, desde agosto de 2014 a imagem jubilar de Nossa Senhora Aparecida peregrinou pelos 26 estados brasileiros e pelo Distrito Federal. Na ocasião, foi recolhida uma porção de terra de cada capital para compor a coroa jubilar. A coleta, era realizada durante a celebração de encerramento da visita da Imagem no Estado.

O ano jubilar teve início no dia 12 de outubro de 2016 com uma programação intensa de devoção e obras de fé. Durante todo o ano de 2017 o Santuário Nacional se preparou para celebrar em outubro, o Jubileu dos 300 anos de Aparecida. A cada mês no dia 12, os devotos se reuniam em torno do Altar Central para acompanhar a Cerimônia de Coroação de Nossa Senhora Aparecida, um momento para homenagear e agradecer as graças e bênçãos recebidas de Deus, por intercessão da Mãe Aparecida.

“Ó, incomparável Senhora da Conceição Aparecida, Mãe de meu Deus, Rainha dos Anjos, Advogada dos pecadores, Refúgio e Consolação dos aflitos e atribulados, ó Virgem Santíssima; cheia de poder e bondade, lançai sobre nós um olhar favorável, para que sejamos socorridos em todas as necessidades”. Amém!

Fontes: nossasagradafamilia.com.br / formacao.cancaonova.com / a12.com/santuario/historia-de-nossa-senhora-aparecida

 

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"Eu te bendigo, Pai, (...) porque escondeste estas coisas dos sábios e dos inteligentes e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11,25).

Conheça a história dos Pastorinhos de Fátima:

Francisco dos Santos Marto nasceu em 11 de junho de 1908 em Aljustrel, um lugar na serra, freguesia de Fátima, região de Ourém, distrito de Santarém. No dia 20 do mesmo mês, ele foi batizado. Os pais, Manuel Pedro Marto e Olimpia de Jesus, eram camponeses. Olimpia, ao ficar viúva, casou-se com Manuel Marto e teve cinco filhos: Francisco, o penúltimo e Jacinta, a última. Com os dois filhos do primeiro matrimônio, Olimpia teve nove. Francisco e Jacinta eram primos de Lúcia porque sua mãe Olimpia era irmã do pai de Lúcia, Antônio dos Santos. Francisco tinha dois anos quando, em 5 de outubro de 1910, Portugal se tornou uma república.

Francisco, o contemplativo

Quarto de Francisco (Valinhos/Portugal)
Valinhos, em Portugal

Em 1916, aos sete anos de idade, começou a levar o rebanho para o pasto, junto com sua prima Lúcia. A pequena Jacinta se juntou a eles. A poucos passos das casas baixas ou mais adiante, para Valinhos, ou Loca do Cabeco e para a Cova da Iria, de propriedade da família de Lucia, onde havia grama abundante para o rebanho próximo ao trigo.

Em 1916, a guerra grassava na Europa e os jovens da serra também haviam sido chamados às armas. Três vezes o Anjo da Paz, o Anjo de Portugal, visitou os três pastores. Na primavera o Anjo parecia um jovem de 14 ou 15 anos. Ele ensinou-lhes a oração de adoração: “Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam”.

Valinhos, em Portugal

Francisco tinha quase oito anos de idade. Enquanto Lucia viu, ouviu e falou, e Jacinta viu e ouviu, Francisco apenas viu. Mas é precisamente essa circunstância, um pouco humilhante especialmente para a irmã mais nova, que destaca a grandeza da virtude de Francisco. No verão, o Anjo de Portugal apareceu no poço da casa de Lucia e disse aos pastorinhos que orassem muito e oferecessem sacrifícios. Essa ansiedade de reparação que é enxertada em uma natureza tão bem disposta à compaixão e sacrifício, se tornará a alma da vida espiritual de Francisco, um dos videntes de Nossa Senhora de Fátima.

Acometido pela febre espanhola que se alastrou por Portugal em 1918, depois de um longo tempo no hospital, teve o seu rosto iluminado por um sorriso maravilhoso e, sem sofrer, o pastorinho de Aljustrel passou a contemplar no Céu aquele "Jesus escondido" que tanto amara na terra. Era 4 de abril de 1919. Foi sepultado no cemitério paroquial, onde permaneceu até 13 de março de 1952, quando foi trasladado para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima.

Jacinta, a flor do perfume da compaixão

Jacinta, irmã mais nova de Francisco, nasceu em 11 de março de 1910, sendo batizada no dia 19. Era a época do confronto entre a nova república e a Igreja. O anticlericalismo, que felizmente não tocou o ambiente da serra, prevaleceu. O pai, Manuel Pedro Marto, esteve em Moçambique durante as lutas coloniais. Ele era um homem de profunda fé, de devoções sentidas, que transmitiu a seus muitos filhos. Ele era um cristão, que com o povo de Aljustrel aos domingos frequentava a igreja de Fátima e participava de feriados religiosos.

Peregrinos da SacraTour em visita à Valinhos (Portugal)

Jacinta era uma criança como todas as outras. Brincava, queria sempre ganhar, também gostava de tomar os cordeirinhos, que colocava de bom grado ao redor do pescoço imitando a imagem do Bom Pastor que havia sido mostrado a ela. Em 1916, com Lucia e Francisco, recebeu a visita do Anjo da Paz de Portugal. Ela tinha apenas seis anos quando, imitando o Anjo, aprendeu a se curvar à terra em adoração. Ela experimentou as aparições impressionadas pelo rosto gentil de Nossa Senhora, pela insistência de orar pelos pecadores, do chamado à penitencia. Jacinta viu que não era preciso ganhar sempre, que tinha quem sofria profundamente e que ela podia colocar a sua vida em oração por essas pessoas.

Peregrino SacraTour em visita à Valinhos (Portugal)

Durante a doença de Francisco, Jacinta foi atingida pela febre espanhola, mas não fez pesar sua enfermidade a seus entes queridos, em vez disso tentou fazer convergir todas as atenções para seu irmão mais novo.

Peregrina SacraTour em visita à Valinhos (Portugal)

Um pouco menos de um ano após o falecimento de Francisco, no dia 20 de fevereiro de 1920, conforme a predição recebida de Nossa Senhora sobre os seus últimos dias, Jacinta partiu desta terra rumo ao céu, com apenas 7 anos de idade. Atualmente está sepultada na Basílica de Fátima e seu corpo encontra-se incorrupto.

Lucia, uma vida traçada por Nossa Senhora

Lucia (Fátima/Portugal)

A família era simples, profundamente enraizada nos valores cristãos, rica em humanidade e aberta às necessidades dos outros. Maria Rosa era a catequista da paróquia. Ele sabia ler, como poucas mulheres na época, e, apaixonada pela Bíblia, relatava os episódios para os filhos. Lúcia recebeu sua primeira comunhão em 30 de maio de 1913, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, na igreja paroquial de Fátima. Aos sete anos e meio ela começou a trazer o rebanho da casa para o pasto. Mais tarde, juntaram-se os primos Francisco e Jacinta, com quem havia uma profunda harmonia, apesar de terem personalidades diferentes.

A aparição do Anjo aos três pastorinhos de Fátima (Portugal)

Em 1916 ela recebeu a visita do Anjo da Paz de Portugal com quem ela só podia falar. Em 1917, vieram as aparições de Nossa Senhora. Aos 16 anos foi admitida nas Filhas de Maria e decidiu consagrar-se a Deus com o voto de castidade perpétua. No Asilo de Vilar, ela passou quatro anos, o que marcou sua vida, sobretudo porque teve que viver no anonimato e sem poder continuar seus estudos.

Quarto de Lucia (Valinhos/Portugal)
Peregrino SacraTour em visita à Valinhos (Portugal)

No verão de 1925, ela sentiu um forte desejo de ser religiosa e falou com sua mãe. Passaram momentos felizes juntas, recordando fatos e episódios da casa, de aldeia em aldeia, cantando as melodias da serra. Também recebeu confirmação naquele ano. O desejo de se tornar uma carmelita estava sempre vivo nela, mas somente depois de viver anos no convento das Irmãs de Santa Dorotéia, finalmente, em 25 de março de 1948, na solenidade da Anunciação, ela pôde entrar no Carmelo de Coimbra e no dia 13 de maio recebeu o vestido carmelita.

Em 31 de maio de 1949, fez votos solenes de pobreza, castidade e obediência. E nesta data, a ela foi atribuída uma cela, onde viveu por 57 anos, até sua morte em 13 de fevereiro de 2005. Ela era simples, generosa e sorridente. Trabalhou em conjunto, com grande liberdade de espírito; cuidou do jardim e respondeu a todos aqueles que lhe escreveram de todo o mundo. Fala-se de dez mil cartas. Acredita-se que ela tenha recebido outras visitas do céu. Infelizmente, ela não deixou nenhum registro escrito.

Portugal

Ela se encontrou em Fátima com Paulo VI em 13 de maio de 1967. Na Cova da Iria a multidão era imensa. Albino Luciani, futuro João Paulo I, conheceu-a no dia 11 de julho de 1977 no Carmelo de Coimbra. João Paulo II conheceu-a em Fátima em 1982, 1991 e 2000, por ocasião da beatificação de Francisco e Jacinta. Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação da Fé, futuro Papa Bento XVI, visitou-a no Carmelo de Coimbra em outubro de 1996.

Casa de Lucia (Valinhos/Portugal)

O corpo da Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Imaculado Coração, foi sepultado no claustro do Carmelo de Coimbra. Em 19 de Fevereiro de 2006, um ano após sua morte, seu corpo foi colocado na capela à esquerda, olhando para o altar de Nossa Senhora da Basílica do Rosário, ao lado de sua prima Jacinta.

Canonização de Francisco e Jacinta

Pintura Oficial da Representação de Francisco
Pintura Oficial da Representação de Jacinta

Eles são as primeiras crianças não martirizadas a serem proclamadas santas. Os primeiros em dois milênios da história da Igreja. 13 de maio de 2017 foi a data escolhida para a canonização dos dois pastorinhos de Fátima: Francisco e Jacinta Marto. Neste mesmo dia no ano 2000, João Paulo II celebrava sua beatificação. O Papa Francisco, durante a sua visita a Portugal, por ocasião do centenário das aparições marianas, elevou-os à gloria do altar durante a celebração eucarística realizada na praça em frente ao Santuário de Fátima.

O dia escolhido para a celebração da festa dos santos irmãos foi o dia do falecimento de Santa Jacinta, 20 de fevereiro. Aqui no Brasil a data passou a ser feriado municipal na cidade Campo Mourão, no Paraná, cidade onde nasceu Lucas, a criança que o Vaticano aceitou o milagre por intercessão dos pastorinhos para elevá-los ao altar como santos.

A iconografia escolhida para simbolizar os santos é muito rica. Na aureola de Santa Jacinta tem 3 elementos significativos da sua vida de oração. Jacinta que ofereceu a sua vida pelo santo padre, pelos pobres pecadores, pelos que mais precisam, era toda coração. Uma vida entregue ao Senhor. O primeiro elemento, à esquerda, simboliza o santo padre, o Papa, a quem ela tanto pedia orações. No centro, acima de sua cabeça, tem o coração de Nossa Senhora cercado de espinhos. E, por fim, tem uma representação da Virgem de Fátima, para fazer alusão às aparições de Nossa Senhora.

Já Francisco era um eterno adorador de Jesus na Eucaristia. Ele ia à sua Igreja Paroquial para fazer seu momento de adoração a “Jesus Escondido”, o Cristo que estava colocado no Sacrário. Ali ele encontrava o rosto de seu Amigo. Por isso, na auréola de São Francisco temos primeiro a representação do Anjo de Portugal, o anjo da loca do cabeço que lhe deu a Eucaristia.

Acima, no meio da sua auréola, temos a Sarça Ardente, episódio do antigo testamento em que Moisés é convidado a tirar as sandálias dos pés, pois está em um lugar santo, ou seja, um momento do antigo testamento de verdadeira adoração. E, por fim, o Cálice e a Óstia, simbolizando literalmente Corpo e Sangue de Cristo.

Diante de crianças tão comuns e que encontraram em Nossa Senhora o caminho ao Senhor, podemos entender as palavras do Papa Francisco que pelos pastorinhos “encontramos novamente o rosto jovem e belo da Igreja”.

Fonte: lachiesa.it / Santi e Beati / Avvenire.it

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Desde os primórdios do cristianismo as aparições marianas provocam reservas e perplexidades, bem como curiosidade e adesão fervorosa. Cabe ao magistério dos pastores da Igreja investigar, discernir e autenticar a veracidade desses fenômenos.

Aparições e Revelações

Até a Idade Média as revelações privadas, as aparições marianas e outros fenômenos correspondentes, estavam sujeitos, por um lado, às regras de discernimento estabelecidas pelos teólogos, e, por outro - quando se tratava de fatos públicos - à pesquisa, cujas modalidades eram refinadas a partir de dados empíricos.

Maria, mãe de Jesus

A primeira investigação oficial deste tipo se concentra nas revelações de Santa Brígida († 1373): a notoriedade desfrutada por sua difusão no cristianismo, a influência que exercem sobre o povo de Deus, confere-lhes caráter público. Por esta razão, o Concílio de Basiléia (1431-1448) decidiu examiná-los. Vários teólogos se mobilizaram, argumentando a favor ou contra, elaborando assim as primeiras exposições sistemáticas sobre como verificar e analisar os fatos relacionados às aparições.

Escapulário de Nossa Senhora do Carmo

Após a celebração do Concílio Vaticano II (1962-1965) e antes da promulgação, em 1983, do Código de Direito Canônico (CIC) por João Paulo II, a Congregação para a Doutrina da Fé, após quatro anos de estudo, a partir de novembro de 1974, ainda vivendo Paulo VI, escreveu, em 25 de fevereiro de 1978, um documento provisório e sub-secreto para ser usado pelas autoridades eclesiásticas competentes, intitulado: Normae S. Congregationis pro Doctrina Fidei de modo procedendi in diudicandis praesumptis apparitionibus ac revelationibus (Normas da S. Congregação para a Doutrina da Fé sobre Normas para proceder sobre o discernimento de possíveis aparições e revelações).

Nossa Senhora Rainha

Estas Normas da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé foram tornadas públicas pela mesma Congregação em 2012, versando sobre o procedimento de verificação das aparições, como elencamos a seguir:

  • informações precisas dos fatos através da observação e coleta de testemunhos dignos de fé;
  • um exame sério da mensagem subjacente ao evento sobrenatural, que não devia estar em contraste com a fé cristã;
Nossa Senhora de Guadalupe
  • um diagnóstico médico-psicológico rigoroso para averiguar a saúde e normalidade do visionário, também para descartar a possibilidade de fenômenos alucinatórios;
  • conhecer o grau de instrução do vidente, seu conhecimento da doutrina, sua vida espiritual e sacramental, seu grau de comunhão eclesial;
Nossa Senhora de Lourdes
  • verificação sobre a realidade dos frutos espirituais, como o retorno à fé do distante, a moralidade e a eclesialidade da existência, a cooperação na evangelização do mundo, das culturas e costumes;
  • determinar possíveis curas milagrosas, que são recebidas devido à aparência reivindicada, curas que devem ser imediatas e estáveis ​​e que são inexplicáveis ​​do ponto de vista da ciência e da medicina;
Nossa Senhora
  • realização de um rigoroso julgamento necessário da igreja, que tem o grave dever pastoral de averiguar, autenticar e promulgar a autenticidade ou a não autenticidade dos fatos alegados.
Nossa Senhora do Rosário

O processo e as competências específicas daqueles que são gradualmente chamados a dar um juízo de autenticidade ou não aos fatos "sobrenaturais", são, portanto, bastante claros. E, de acordo com a experiência eclesiástica bem estabelecida e os ditames jurídico-pastorais emitidos pelo Código de Direito Canônico de 1978, são eles:

  • o bispo diocesano em primeira instância;
  • a Conferência Episcopal Nacional;
  • a Congregação para a Doutrina da Fé, em nome da Sé Apostólica.
Nossa Senhora de Medjugorje

Os critérios

O bispo diocesano, a Conferência Episcopal, a Congregação para a Doutrina da Fé, no processo de discernimento e verificação dos fatos alegados "além da natureza", procedem, portanto, com um triplo critério com julgamento relativo que resumimos:

1) o critério positivo, segundo o qual "transcendência é estabelecida", o que significa que o fenômeno em questão não pode ser explicado pelo recurso às ferramentas cognitivas de que dispomos (os instrumentos das ciências físicas e das ciências humanas) e ao mesmo tempo traz em si aquelas características que os crentes reconhecem como "impressões" e “sinais” do Deus de Jesus Cristo, constituindo assim uma manifestação inesperada, mas credível;

Sagrada Família de Nazaré (Jesus, Maria & José)

2) o critério negativo, segundo o qual "a não-transcendência" dos fatos alegados é estabelecida; o que significa que eles podem ser totalmente explicados recorrendo aos instrumentos cognitivos das ciências físicas e das ciências humanas e que a tentativa de fazê-los passar como uma manifestação sobrenatural e transcendente de Deus é equivalente a uma mentira explícita;

Nossa Senhora do Carmo

3) o critério de esperar e ver de acordo com o qual a "transcendência não é estabelecida"; o que significa que o fenômeno examinado ainda não destaca clara e indubitavelmente uma origem que vai "além" do que podemos explicar com as ferramentas cognitivas em nosso poder, ao mesmo tempo em que traz em si valores inspirados pela genuína mensagem evangélica . Este é um critério não expressamente contemplado no Código, mas considerado válido para muitos teólogos.

Memória, companhia e profecia

Com relação ao passado, as comissões eclesiásticas submetem os "videntes" a escrupulosos exames espirituais, tentando estabelecer "a verdade" de fenômenos extraordinários. Para este fim, eles são questionados e descrevem os eventos milagrosos; então os membros das comissões ouvem as testemunhas e, finalmente, procuram confirmações dos fenômenos, se o evento prolongado ainda permanece em um "campo de incerteza" (inaudível, inatingível, etc.), pede-se um relatório escrito por um especialista no assunto.

Contudo, não se pode deixar de acrescentar que as aparições marianas (ou mariofanias) são um fato inegável na história do povo crente, particularmente em algumas viradas decisivas de seu caminho não fácil para Deus. Elas expressam uma memória, manifestam uma companhia, anunciam uma profecia.

Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, na França

Memória, companhia e profecia, que são também características de autênticas mariofanias, nada acrescentam ao rigoroso e essencial depositum fidei, mas são como um olhar-se no “espelho” do Espírito, no qual o povo de Deus, na diversidade de seus carismas e ministérios pode redescobrir a graça e a substância da sua vocação em Cristo como sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano na martyria, na leiturghia, na caridade, num preciso e determinado tempo humano e histórico.

Nossa Senhora da Conceição

Fontes: Catechismo della chiesa cattolica, LEV, Città del Vaticano, 1997 (CCC), 85-87. / Congregazione per la dottrina della fede. Norme per procedere nel discernimento di presunte apparizioni e rivelazioni, LEV, Città del Vaticano, 2012. / K. Rahner, Visioni e profezie. Mistica ed esperienza della trascendenza, Vita e Pensiero, Milano 1995 (or. ted. 1952); R. Laurentin, Introduzione, in R. Laurentin – P. Sbalchiero (ed.), Dizionario delle «apparizioni» della Vergine Maria, Edizioni ART, Roma 2010, 19-55.

Texto de Prof. Delci Filho

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Medjugorje que significa "no meio dos montes", está localizada na Herzegovina, uma província croata da Bósnia e Herzegovina, uma das repúblicas que formaram a antiga Iugoslávia.

A população da Herzegovina é de etnia croata e professa a religião católica, que preservou por quase quatrocentos anos de dominação turca, que durou de 1400 até a segunda metade do século XIX.

Nossa Senhora Rainha da Paz de Medjugorje (Bósnia e Herzegovina)

Esta perseverança foi possível sobretudo graças aos franciscanos que evangelizaram essas terras e depois mantiveram viva a fé, ao preço das vidas de muitos frades, durante o governo dos turcos. Ainda hoje a maioria das paróquias são confiadas aos franciscanos.

Igreja de São Tiago (Medjugorje/Bósnia e Herzegovina)

O início das aparições

Em 24 de junho de 1981, no final da tarde, duas meninas primeiro, e depois quatro outros pares, do lado de fora da cidade de Bijakovici, uma das aldeias que compõem a aldeia de Medjugorje e que fica nas encostas da colina chamada Podbrdo, viram a figura luz de uma jovem mulher, com um manto cinza e um véu branco, que tinha um filho recém-nascido nos braços, mas permaneceu em silêncio.

Eles foram tomados por grande medo, tanto que no início eles fugiram.

Na ocasião da segunda aparição, em 25 de junho, houve o primeiro contato verbal entre a aparição e o grupo dos seis videntes: Vicka Ivankovic (16), Mirjana Dragicevic (16), Marija Pavlovic (16), Ivanka Ivankovic (15) , Ivan Dragicevic (16) e Jokov Colo (10).

As notícias das aparições se espalharam com rapidez de relâmpago, causaram a chegada de grandes multidões, lembrando também a atenção tanto das autoridades eclesiásticas locais quanto do governo comunista da época, que cercou a colina impedindo que alguém a acessasse.

Medjugorje, na Bósnia e Herzegovina

A partir daquele momento, os videntes continuaram a vê-la em lugares diferentes, sempre por causa do impedimento da polícia, tanto juntos quanto separadamente, mas sempre ao mesmo tempo.

Os lugares eram de tempos em tempos e por um certo período suas casas, uma pequena sala ao lado do altar da igreja, a casa canônica, etc.

Já nos primeiros dias das aparições, Nossa Senhora se apresentou como a Santíssima Virgem Maria e como a Rainha da Paz.

Ela também deu aos videntes essa mensagem fundamental: "Eu vim para dizer ao mundo que Deus existe e que em Deus existe vida. Aqueles que encontrarem Deus encontrarão paz e vida".

O objetivo dessas mensagens é pedir insistentemente à toda a humanidade, isto é, a todos nós, a urgência de retornar ao Evangelho como critério de vida, se quisermos evitar que o mundo caia em catástrofe.

Os segredos

Nossa Senhora também comunicou aos videntes o que é comumente chamado de "segredos" que são eventos, em sua maioria sérios, que ocorrerão na medida em que a humanidade não queira se converter

Mas nós podemos, se não cancelar, pelo menos mitigá-los com oração e jejum.

Ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com os segredos de Fátima, cada segredo de Medjugorje será comunicado ao mundo três dias antes de ocorrer, como prova da veracidade do aviso, mas, nesse momento, será tarde demais para mudar seu curso.

Três desses videntes: Vicka, Marija e Ivan ainda hoje, obviamente separadamente, a Rainha da Paz aparece-lhes diariamente ao mesmo tempo, onde quer que estejam.

Para os outros três, as aparições diárias terminaram, mas todos ainda têm pelo menos uma por ano.

Medjugorje, na Bósnia e Herzegovina

As mensagens

Para a vidente, Marija Pavlovic, A Rainha da Paz, de 1º de março de 1984 a 8 de janeiro de 1987, enviou uma mensagem toda quinta-feira.

A partir de 25 de janeiro de 1987, essas mensagens se tornaram mensais e ainda são dadas hoje no dia 25 de cada mês.

Inicialmente, essas mensagens foram dirigidas principalmente à paróquia de Medjugorje, mas depois foram e ainda são dirigidas ao mundo inteiro, trazendo grandes frutos espirituais.

As mensagens que vêm de Medjugorje são tão profundamente evangélicas que constituem um sinal da presença de Nossa Senhora, a Rainha da Paz!

Elas não dizem nada mais do que o Evangelho, nem poderiam fazê-lo, mas sublinham algumas passagens que talvez não tenhamos entendido e que certamente não colocamos em prática.

Monte Podbrdo (Medjugorje/Bósnia e Herzegovina)
A espiritualidade

Medjugorje é acima de tudo um movimento de peregrinos. Até agora, milhões de pessoas de todo o mundo já foram a este local de peregrinação.

Outra característica de Medjugorje é que é um movimento da paz, que produz seus efeitos de dentro para fora.

Neste lugar, o dom da paz é sentido nos corações e a pessoa está disposta a transferir essa paz para os outros, no ambiente de vida: no casal e na família, para os vizinhos e para a comunidade, no ambiente de trabalho e na política.

Desta forma, além de sua própria experiência de conciliação e paz, o nome com o qual Nossa Senhora se apresentou aos videntes é justificado: “eu sou a Rainha da Paz”.

Em terceiro lugar, Medjugorje também pode ser definido como um movimento de renovação, que efetivamente renova a vida religiosa do indivíduo, de grupos e comunidades.

Um grande número de pessoas viveu profundas experiências religiosas em Medjugorje: curas físicas e espirituais, conversões, renovação da oração e da fé, impulsos para um jejum saudável, libertação das dependências.

Medjugorje, na Bósnia e Herzegovina

O resultado mais notável desta renovação são os grupos de oração fundados pelos peregrinos após o retorno de Medjugorje em suas respectivas comunidades paroquiais.

Esses grupos se reúnem regularmente, geralmente todas as semanas para orar e adorar, para recitar o rosário e o louvor, para ler as Sagradas Escrituras e trocar idéias sobre o Evangelho e a vida cristã.

Finalmente, Medjugorje é também um movimento de ajuda humanitária.

Isso ficou particularmente evidente quando a guerra nos Bálcãs começou e se espalhou para a Bósnia e Herzegovina.

Milhões de peregrinos, que receberam dons espirituais em Medjugorje, deram sua ajuda material: comida, roupas, remédios e outros itens de ajuda, dinheiro e paternidade para crianças que se tornaram órfãs e para as vítimas da guerra.

O Vaticano e as peregrinações

Uma nova virada radical no mundo da Igreja assinada pelo Papa Francisco, no dia 12 de maio de 2019, autorizou peregrinações a Medjugorje, um destino ainda não oficialmente reconhecido pelo Vaticano como um local de culto em que os milagres ainda não são autenticados.

De acordo com o Papa Francisco, os fiéis poderão agora reassumir suas peregrinações a Medjugorje (na Bósnia), embora a Igreja ainda careça de um milagre autenticado.

O porta-voz do Papa destacou que tudo deve ser organizado "sempre tendo o cuidado de evitar que essas peregrinações sejam interpretadas como uma autenticação de eventos conhecidos, que ainda exigem um exame da Igreja”.

Portanto, deve-se evitar que tais peregrinações criem confusão ou ambigüidade sob o aspecto doutrinário. Isto também diz respeito aos sacerdotes que pretendem ir a Medjugorje e celebrar ou concelebrar a Eucaristia.

Gisotti também afirmou que "dado o fluxo considerável de pessoas que vão para Medjugorje e os abundantes frutos de graça que se seguiram, esta disposição é parte da atenção pastoral particular que o Santo Padre pretendia dar a essa realidade, visando favorecer e promovendo bons frutos

Grupo de peregrinos SacraTour em Medjugorje (Bósnia e Herzegovina)

Deste modo, o visitante apostólico terá maior facilidade em estabelecer - de acordo com os ordinários dos lugares - relações com os sacerdotes encarregados de organizar peregrinações a Medjugorje, como pessoas seguras e bem preparadas, oferecendo-lhes informações e indicações para serem capazes de conduzir proveitosamente tais peregrinações”.

Grupo de peregrinos SacraTour em Medjugorje (Bósnia e Herzegovina)

Nossa Senhora, Rainha da Paz, rogai por nós.

Fontes: medjugorje-oggi.org / avvenire.it/chiesa/pagine/medjugorje-ecco-che-cosa-sappiamo / vaticannews.va/it/papa/news/2019-05/papa-francesco-autorizza-i-pellegrinaggi-a-medjugorje

Texto de Prof. Delci Filho

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Temos buscado abrigo em nossos lares mais do que nunca. Muitos de nós estamos ficando em casa por mais tempo do que era habitual. Nesses momentos, somos levados a perceber que nossa casa, além de ser nosso abrigo, também pode servir como um local de acolhida para nossos sentimentos. E também podemos pensar em muitas casas, ou abrigos, que foram importantes e serviram de amparo na vida de Jesus.

Mas, existe um lugar especial que nos remete ao aconchego de casa de mãe, ou de vó, que são lugares em que muitos de nós gostaríamos de estar agora. Então, nós te convidamos a Peregrinar de sua casa pela casa de nossa Mãe, um lugar muito especial e que não é apenas um. Vamos entender:

Santuário da Santa Casa de Loreto (Itália)

A região de Loreto, na Itália, foi desenvolvida ao redor de um santuário que é de extrema importância para nós, católicos. Nele encontramos a Santa Casa de Loreto que foi cenário de um momento muito relevante na vida de Maria e também de Jesus Cristo. Conta-nos a tradição que foi nessa casa que a Virgem Maria cresceu em companhia de seus pais, Santa Ana e São Joaquim. A Casa também representa um marco, foi nela que Maria recebeu o anúncio do Anjo Gabriel. Ou seja, essa Santa Casa foi palco do momento em que a Virgem disse o sim e aceitou gerar Jesus e deste momento o verbo se fez carne e deu-se início a redenção da humanidade.

Loreto, na Itália

Deu para ver que essa casa tem muita importância para nós, católicos, não é mesmo?! Mas há um fato curioso em tudo isso. Em Nazaré, Terra Santa, há a Basílica da Anunciação, um local onde podemos ver a Gruta da Anunciação. Todos os anos peregrinos do mundo inteiro visitam a gruta onde se deu a anunciação à Maria. Mas no início dissemos que a Santa Casa está na Itália. Qual a explicação para isso? Seria uma réplica?

Não. A Santa Casa que se encontra em Loreto é a casa em que Maria passou sua juventude e recebeu a visita do anjo. Foi por volta de 1291 que a Santa Casa foi transportada para a Itália. Posteriormente houve a construção do belíssimo Santuário de Nossa Senhora de Loreto, um local de intensa peregrinação.

Nossa Senhora de Loreto (Itália)

A Legitimidade

O fato que parece indiscutível é o de que a casa que está em Loreto é a mesma que estava em Nazaré. Essa segurança vem de anos e anos de estudos. Profissionais de diversas áreas com estudos envolvendo arqueologia, arquitetura, geologia, entre outros, se debruçaram para entender o fenômeno da Santa Casa. Os estudiosos comprovaram que os tijolos, a argamassa e até mesmo o modo de construção não tem qualquer relação com a Itália e a origem da Santa Casa de Loreto parece ser unânime.

Santuário da Santa Casa de Loreto (Itália)

O que foi cientificamente comprovado é que as três paredes que estão em Loreto são as três paredes que já estiveram em Nazaré na época de Jesus. Estudos apontam que há inscrições nas paredes da Santa Casa de Loreto feitas em grego e com duas letras em hebraico “ Jesus Criste uie tu zeu”, que quer dizer “Ao Jesus filho de Deus”. A mesma invocação usando as mesmas palavras pode ser encontrada em Nazaré, na Gruta. Na Basílica da Anunciação, em Nazaré, vemos a quarta parede e também os alicerces da constituição da totalidade da casa.

Por que a Santa Casa teve que sair de Nazaré?

No final do séc. XIII, especificamente em 1291, os sarracenos-muçulmanos estavam conquistando a Terra Santa e tinham com objetivo destruir todos os lugares que fossem sagrados para os cristãos. Já podemos imaginar que a Santa Casa foi alvo dessa perseguição. Para que a Santa Casa não fosse destruída, era preciso algum tipo de medida urgente. E foi neste contexto que a casa dos avós de Jesus foi retirada de Nazaré.

O que intriga e divide opiniões é: A casa teria sido transportada por anjos celestiais ou por intervenção humana?

Para essa questão pode existir duas respostas. E mesmo se você já tiver sua opinião formada sobre o modo como a Santa Casa foi transportada, vale a pena ver o que dizem os dois lados.

Santa Casa de Loreto (Itália)

Escolha qual versão você quer ler primeiro:

Uma explicação lógica e racional:

Os estudos em torno dos fatos sobre a Santa Casa sempre foram numerosos. Atualmente existe uma teoria também aceita por alguns religiosos que diz que a Casa teria sido transportada com o auxílio dos homens e não por uma obra celestial.

Provavelmente a ajuda humana teria vindo dos Cruzados que fugiam da Terra Santa. Essa justificativa se dá pelo período histórico em que a casa foi encontrada em Loreto, esse período coincide com a última Cruzada e com os dias da queda de Jerusalém diante dos mulçumanos. Segundo essa hipótese, foi uma família nobre e cristã com o sobrenome ANGELI (anjos) que ao fugir da Terra Santa ordenou o transporte da Santa Casa. Os anos e a tradição popular teriam transformado o sobrenome dos Anjos em um mistério envolvendo anjos celestiais. Além disso, estudiosos afirmam ter encontrados documentos secretos no Vaticano que mencionavam a intervenção humana no transporte da Santa Casa de Loreto.

Santuário da Santa Casa de Loreto (Itália)

Outra justificativa dos feitos da família Anjos foi a análise de alguns documentos que mostram que a família teria relação com a relíquia por meio de uma jovem chamada Tamara. Segundo um documento que lembra uma forma de inventário, ela teria levado como dote para seu futuro marido, Felipo Angeli, pedras sagradas tiradas da casa da Virgem mãe de Deus. O casamento coincide com a data de 1294, que foi a data que a Santa Casa chegou a Loreto. Outro fato relevante que explica a intervenção humana foi a descoberta, durante as escavações em Loreto, de duas pequenas cruzes de tecido tipicamente usadas pelos Cruzados.

Toda a história envolvendo o transporte da Santa Casa, embora seja interessante e até certo ponto polêmica, não é essa a real importância da Santa Casa. Devemos nos lembra do sentimento de acolhida e esperança que este lugar simboliza para nós, foi nele que a Virgem recebeu os designíos divinos. Que possamos viver em nossas casas uma esperança renovada, assim como ela foi renovada na Santa Casa.

 

O milagre da Transladação:

Entre as dúvidas colocadas aos que acreditam na ajuda humana, está a do transporte: como as três paredes foram transportadas? Cabe pensar que para o transporte da Casa de Nazaré até o mar Adriático são necessários mais de dois mil quilômetros. Além disso, a Casa passou por pelo menos cinco lugares diferentes até chegar ao local que está hoje. Como essa viagem poderia ter sido feita com aparente facilidade no fim do séc. XIII?

 Outro fator que corrobora para o entendimento do milagre é a construção. Os muros da Casa, as três paredes, não tem marcas de reconstrução, o que fez com que estudiosos chegassem a conclusão de que ela foi transportada inteira, sem alterações. Se tivesse sido transportada por homens, a casa teria que ter sido reconstruída muitas vezes e rapidamente e esses são fatos sem qualquer registro. A casa também não possuía alicerces e foi coloca no meio de uma vala em estrada pública. Dada a grande engenhosidade que envolvia transportar uma casa, não há muito sentido em deixá-la num local fora de estratégia e perigoso.

Os fatos religiosos também auxiliam no esclarecimento do milagre; muitos santos vivenciaram as revelações místicas das transladações da Casa, como é o exemplo de Santa Catarina de Bologna. Ela deixou um relato escrito dizendo como a Casa foi transportada pelos anjos celestiais. Entre as aprovações Papais mais expressivas, temos a de Pedro XV que declarou que a Virgem venerada na igreja de Loreto era a Padroeira da aviação confirmando a verdade histórica da transladação da Casa.

Santa Casa de Loreto (Itália)

Toda a história envolvendo o transporte da Santa Casa, embora seja interessante e até certo ponto polêmica, não é essa a real importância da Santa Casa. Devemos nos lembrar do sentimento de acolhida e esperança que este lugar simboliza para nós, foi nele que a Virgem recebeu os desígnios divinos. Que possamos viver em nossas casas uma esperança renovada, assim como ela foi renovada na Santa Casa.

Santuário da Santa Casa de Loreto (Itália)
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Nós aprendemos, e já nem sabemos quando, que Nossa Senhora apareceu a 3 pastorinhos em Fátima, no interior de Portugal e, quando muito, sabemos que foi lá no início do século passado – afinal, já temos lembrança que foi comemorado o centenário das aparições, não é mesmo?

Mas e se perguntarmos sobre quem eram estas crianças, o que Nossa Senhora lhes falou, como isso tem a ver com os nossos dias e o que podemos mudar a partir dessa aparição, você saberia responder?

Então, prepare-se e mergulhe conosco na história da aparição de Nossa Senhora em Fátima!

As Aparições em Fátima- Memórias da Irmã Lúcia

Imagem de Nossa Senhora de Fátima - Portugal

13 de maio: uma data muito especial

Nossa Senhora de Fátima

Dia 13 de maio de 1917 – Andando a brincar com a Jacinta e o Francisco, no cimo da encosta da Cova da Iria, a fazer uma paredita em volta duma moita, vimos, de repente, como que um relâmpago.

– É melhor irmos embora para casa, – disse a meus primos – que estão a fazer relâmpagos; pode vir trovoada.

– Pois sim.

Pastorinhos de Fátima: Lúcia, Francisco e Jacinta

E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direção à estrada.

Ao chegar, mais ou menos a meio da encosta, quase junto duma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e, dados alguns passos mais adiante, vimos, sobre uma carrasqueira, uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol, espargindo luz, mais clara e intensa que um copo de cristal, cheio d’água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.

Paramos surpreendidos pela aparição.

Estávamos tão perto, que ficávamos dentro da luz que A cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos.

Então Nossa Senhora disse-nos:

– Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.

– De onde é Vossemecê? – lhe perguntei.

– Sou do Céu.

– E que é que Vossemecê me quer?

– Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.

– E eu também vou para o Céu?

– Sim, vais.

– E a Jacinta?

– Também.

E o Francisco?

– Também, mas tem que rezar muitos terços.

Lembrei-me, então, de perguntar por duas raparigas que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com minha irmã mais velha.

– A Maria das Neves já está no Céu?

– Sim, está.

Parece-me que devia ter uns 16 anos.

– E a Amélia?

– Estará no purgatório até ao fim do mundo.

Parece-me que devia ter de 18 a 20 anos.

– Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?

– Sim, queremos.

– Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.

Foi ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus, etc.) que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos.

Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:

– Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.

Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:

– Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.

Imagem de Nossa Senhora de Fátima e seus dizeres

Em seguida, começou-se a elevar serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que a circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo por que alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu.

Parece-me que já expus, no escrito sobre a Jacinta ou numa carta, que o medo que sentimos não foi propriamente de Nossa Senhora, mas sim da trovoada que supúnhamos lá vir; e dela, da trovoada, é que queríamos fugir. As aparições de Nossa Senhora não infundem medo ou temor, mas sim surpresa.

Era o ano de 1916. Perto da Cova da Iria, a família de Lucia de Jesus, então com 9 anos, tinha um pequeno terreno cultivável onde ela e seus dois primos, Francisco, de 8 anos, e Jacinta, 6 anos, conduziam um pequeno rebanho. Assim, para os preparar para o encontro Com Nossa Senhora, os Pastorinhos foram visitados pelo Anjo.

1 - As aparições do Anjo

A Loca do Cabeço, local da primeira e a terceira aparição do anjo aos pastorinhos em Fátima

1ª Aparição – ainda na primavera, na Loca do Cabeço, tendo almoçado e feito sua oração, os pastorinhos começaram a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se estendiam em direção ao Nascente, uma luz mais branca que a neve, transparente, com a forma de um jovem, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol.

À medida que se aproximavam, podiam distinguir suas feições. Num misto de surpresa e meditação, em silêncio, ouviram o Anjo lhes dizer: “Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo: Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-- Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Orai assim: Os Corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz das vossas súplicas”.

Relata a Irmã Lúcia: “A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão intensa que quase não dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração.

A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima, que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo.

Nesta Aparição, nenhum pensou em falar, nem em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também, maior impressão, por ser a primeira assim manifesta” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

Calvário Húngaro, em Valinhos (Fátima/Portugal)

2ª Aparição – já na primavera, com sol a pino, provavelmente em junho, no poço, o Anjo lhes aparece mais uma vez e diz: “Que fazeis? Orai, orai muito. Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente, ao Altíssimo, orações e sacrifícios”.

Perguntaram, então, ao Anjo, “Como nos havemos de sacrificar?”, ao que o Anjo respondeu “De tudo que puderdes, oferecei a Deus sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai, com submissão, o sofrimento que o Senhor vos enviar”.

Estas palavras do Anjo gravaram em seus corações e lhes fizeram compreender quem era Deus, como os amava e queria ser amado; o valor do sacrifício, e como o sacrifício Lhe era agradável, como por atenção ao sacrifício oferecido, convertia os pecadores.

Daí em diante começaram a oferecer ao Senhor tudo que os mortificava, mas sem procurar outras mortificações ou penitências, exceto a de passarem horas seguidas prostrados por terra, repetindo a oração que o Anjo os tinha ensinado (in Segunda Memória da Irmã Lúcia).

3ª Aparição – provavelmente entre o fim de setembro e início de outubro, novamente na Loca do Cabeço, apareceu o Anjo trazendo na mão um cálice e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálice, algumas gotas de sangue.

Deixando o cálice e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu o Anjo três vezes a oração: “Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido.

E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”.

Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálice e a Hóstia e deu a Lúcia a Hóstia e o que continha o cálice deu-o a beber a Jacinta e Francisco, dizendo, ao mesmo tempo: “Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos.

Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus” e prostrando-se por terra, o Anjo repetiu novamente três vezes a primeira oração e desapareceu. Sobre as aparições do Anjo, Lúcia afirma que “gosto muito de ver o Anjo; mas o pior é que, depois, não somos capazes de nada.

Eu nem andar podia, não sei o que tinha! Apesar de tudo, foi ele [Francisco] quem se deu conta, depois da terceira aparição do Anjo, das proximidades da noite. Foi quem disso nos advertiu e quem pensou em conduzir o rebanho para casa.” Passados os primeiros dias e recuperado o estado normal, perguntou o Francisco:

– O Anjo, a ti, deu-te a Sagrada Comunhão; mas a mim e à Jacinta, o que Ele nos deu?

– Foi também a Sagrada Comunhão? – respondeu a Jacinta, numa felicidade indizível.

– Não vês que era o Sangue que caía da Hóstia?

– Eu sentia que Deus estava em mim, mas não sabia como era!

E prostrando-se por terra, permaneceu por largo tempo, com a sua Irmã, repetindo a oração do Anjo: Santíssima Trindade..., etc. (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

2 – As Aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos

Era 13 de maio de 1917. As três crianças, Lúcia, Francisco e Jacinta, apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém (hoje diocese de Leiria-Fátima), Portugal.

Já estava perto das 12 horas, haviam acabado de rezar seu habitual terço e brincavam de levantar uma pequena casa de pedras soltas (onde hoje está a Basílica).

De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma "Senhora mais brilhante que o sol", de cujas mãos pendia um terço branco.

Casa de Francisco e Jacinta, em Valinhos (Fátima/Portugal)

A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e à mesma hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de junho, julho, setembro e outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria.

A 19 de Agosto, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém.

Na última aparição, a 13 de outubro, estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a "Senhora do Rosário" e que fizessem ali uma capela em Sua honra.

Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em julho e setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.

Casa de Francisco e Jacinta, em Valinhos (Fátima/Portugal)
Resumo das Mensagens em cada Aparição:
Imagem de Nossa Senhora de Fátima, na Capelinha das Aparições (Fátima/Portugal)

1ª Aparição – 13 de maio: “Não tenhais medo. Eu não vos faço mal”. “De onde é Vossemecê?” “Sou do Céu... e vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois, vos direi quem sou e o que quero...

Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?...

Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

Detalhe da Rua dos Valinhos (Fátima/Portugal)

2ª Aparição – 13 de junho: “Vossemecê que me quer?” “Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler. Depois direi o que quero...”

“Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu”. “Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração”

Foi no momento em que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela os pastorinhos viam como que submergidos em Deus. (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

3ª Aparição – 13 de julho: “Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer”. “Queria pedir-Lhe para nos dizer Quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece”. “Continuem a vir aqui todos os meses.

Em outubro direi Quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver, para acreditar. Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.

Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. (...) Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. (…) Virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja.

Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé. (...) Quando rezais o terço, dizei, depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno; levai as alminhas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

4ª Aparição - 19 de agosto: (nos Valinhos) “Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem”. “Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?” “Façam dois andores... O dinheiro dos andores é para a festa da Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para a ajuda duma capela que hão de mandar fazer (...) Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

5ª Aparição – 13 de setembro: “Continuem a rezar o terço, para alcançarem o fim da guerra... Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

Quinta aparição de Nossa Senhora de Fátima (Portugal)

6ª Aparição – 13 de outubro: chovia muito. Estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Nossa Senhora aparece-lhes diz que é a "Senhora do Rosário" e que fizessem ali uma capela em sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em julho e setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.

Em poucos minutos todos ficaram secos, mesmo após quatro horas seguidas de muita chuva. “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias (...) Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido.” E ao abrir suas mãos, fê-las refletir no sol. E, enquanto que se elevava, continuava o reflexo da Sua própria luz a projetar-se no sol. (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

3 – As Aparições a Lúcia

Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de dezembro de 1925 e 15 de fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13 para 14 de junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de julho de 1917.

Desde 1917, não mais cessaram de ir à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, primeiro nos dias 13 de cada mês, depois nos meses de férias de verão e inverno, e agora cada vez mais nos fins de semana e no dia a dia, num montante anual de seis milhões. Este 2020, em virtude da pandemia, foi o primeiro ano que não tiveram peregrinos na celebração do 12 e 13 de maio.

Entretanto, o Santuário transmitiu todas suas celebrações nas TV’s portuguesas e online, para que os peregrinos do mundo inteiro pudessem estar presentes. Ao final da celebração do 13 de maio, uma carta do Papa Francisco aos peregrinos foi lida lembrando a mensagem de esperança deixada por Nossa Senhora deixou aos pastorinhos em 13 de junho de 1917: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

4 – O Segredo de Fátima

Você certamente já ouviu falar sobre os segredos de Fátima. São mensagens reveladas para os pastorinhos e que Nossa Senhora pediu que não contassem a ninguém e assim o fizeram – não revelando nem mesmo quando o Administrador os prendeu e ameaçou mandar fritar em azeite a ferver – sendo revelado por Lúcia em 31 de agosto de 1941, na carta escrita em Tuy ao Bispo D. José Alves Correia da Silva, quando ela diz ser "chegado o momento" de falar do segredo, acrescentando: “Bem; o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar”. (Abaixo o relato de Lucia)

1ª. Consta da visão do inferno
“A primeira foi, pois, a vista do inferno! Nossa Senhora .... Ao dizer estas palavras, abriu de novo as mãos como nos dois meses passados. O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo, mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que deles mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo de todos os lados semelhante ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso, nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor.

Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa. Esta visão foi um momento, e graças à Nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu. Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor.”

*No jornal O Século, de 23 de julho de 1917, lia-se: ouviu-se um ruído semelhante ao ribombar do trovão, prorrompendo as crianças num choro aflitivo, fazendo gestos epiléticos e caindo depois em êxtase.

2ª. A Devoção ao Meu Imaculado Coração com a comunhão reparadora nos primeiros sábados e a Consagração da Rússia

“Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz: a guerra vai acabar. Mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior.

Quando virdes uma noite iluminada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados.

Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas: por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da fé(...)”

3ª Parte do segredo.

Quanto à terceira parte do segredo, encontrando-se Lúcia doente, em Tuy, descreveu-a em 3 de janeiro de 1944, também por ordem do Bispo de Leiria, entregando-a num envelope fechado. Lúcia diz nessa carta:

“Escrevo em ato de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia. Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe.

Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo em a mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos numa luz imensa que é Deus: “algo semelhante a como se veem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”.

Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meio em ruínas, e meio trêmulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições.

Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em à mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus.”

INTERPRETAÇÃO DO “SEGREDO”

Encontro de Irmã Lúcia com o Papa João Paulo II

Em encontro da Irmã Lúcia com o Papa João Paulo II, eles discutiram sobre a terceira parte do segredo de Fátima estar intimamente vinculado com o atentado sofrido pelo santo padre em 13 de maio de 1981.

O encontro da Irmã Lúcia com Sua Ex.cia Rev.ma D. Tarcisio Bertone, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé. A Irmã Lúcia estava lúcida e calma, dizendo-se muito feliz com a ida do Santo Padre a Fátima para a Beatificação de Francisco e Jacinta, há muito desejada por ela.

Com o auxílio do Bispo de Leiria-Fátima, foi lido e interpretado o texto original (da terceira parte do segredo), que é em língua portuguesa. A Irmã Lúcia concorda com a interpretação segundo a qual a terceira parte do “segredo” consiste numa visão profética, comparável às da história sagrada. Ela reafirma a sua convicção de que a visão de Fátima se refere sobretudo à luta do comunismo ateu contra a Igreja e os cristãos, e descreve o imane sofrimento das vítimas da fé no século XX.

À pergunta: “A personagem principal da visão é o Papa?”, a Irmã Lúcia responde imediatamente que sim e recorda como os três pastorinhos sentiam muita pena pelo sofrimento do Papa e Jacinta repetia: “Coitadinho do Santo Padre. Tenho muita pena dos pecadores!” A Irmã Lúcia continua: “Não sabíamos o nome do Papa; Nossa Senhora não nos disse o nome do Papa. Não sabíamos se era Bento XV, Pio XII, Paulo VI ou João Paulo II, mas que era o Papa que sofria e isso fazia-nos sofrer a nós também”.

Quanto à passagem relativa ao Bispo vestido de branco, isto é, ao Santo Padre — como logo perceberam os pastorinhos durante a “visão” — que é ferido de morte e cai por terra, a irmã Lúcia concorda plenamente com a afirmação do Papa: “Foi uma mão materna que guiou a trajetória da bala e o Santo Padre agonizante deteve-se no limiar da morte” (João Paulo II, Meditação com os Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, 13 de maio de 1994).

Uma vez que a Irmã Lúcia, antes de entregar ao Bispo de Leiria-Fátima de então o envelope selado com a terceira parte do “segredo”, tinha escrito no envelope exterior que podia ser aberto somente depois de 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria, o Senhor D. Bertone pergunta-lhe: “Porquê o limite de 1960? Foi Nossa Senhora que indicou aquela data?”.

Resposta da Irmã Lúcia: “Não foi Nossa Senhora; fui eu que meti a data de 1960 porque, segundo intuição minha, antes de 1960 não se perceberia, compreender-se-ia somente depois. Agora pode-se compreender melhor. Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa”.

Encerrando o encontro da Lucia com o Papa, houve a celebração da Santa Missa presidida por João Paulo II com a presença do Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado, pronunciou em português as palavras seguintes:

“Embora os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do “segredo” de Fátima pareçam pertencer já ao passado, o apelo à conversão e à penitência, manifestado por Nossa Senhora ao início do século vinte, conserva ainda hoje uma estimulante atualidade.

“A Senhora da Mensagem parece ler com uma perspicácia singular os sinais dos tempos, os sinais do nosso tempo. (...) O convite insistente de Maria Santíssima à penitência não é senão a manifestação da sua solicitude materna pelos destinos da família humana, necessitada de conversão e de perdão” [João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial do Doente - 1997 n. 1, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XIX-2 (Città del Vaticano 1996), 561].”

5 – Cronologia

22-03-1907 – Nascimento de Lúcia de Jesus.

11-06-1908 – Nascimento de Francisco Marto.

11-03-1910 – Nascimento de Jacinta Marto.

1916 - Aparições do Anjo, na primavera, verão e outono.

1917 - Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria nos dias 13 dos meses de maio, junho, julho, setembro e outubro; em agosto, no dia 19, nos Valinhos.

04-04-1919 – Morte do vidente Francisco Marto, em Aljustrel, vítima da epidemia da Febre Espanhola.

Túmulo de do vidente Francisco Marto

28-04-1919 - Início da construção da Capelinha das Aparições.

20-02-1920 – Morte da vidente Jacinta Marto, no Hospital de Dª Estefânia, em Lisboa, vítima da epidemia da Febre Espanhola.

Túmulo de Santa Jacinta Marto e Irmã Lúcia, dentro da Basílica de Nossa Senhora do Rosário

16-06-1921 – Lúcia vai para o Porto para o Instituto entregue às Religiosas de Santa Doroteia.

13-10-1921 - É permitida a primeira celebração da Missa junto à Capelinha das Aparições.

06-03-1922 - A Capelinha das Aparições é parcialmente destruída num atentado – sendo restaurada um ano depois.

03-05-1922 – Abertura do processo canônico sobre os acontecimentos de Fátima.

10-12-1925 – Aparição de Nossa Senhora à Lúcia pedindo a devoção dos Cinco Primeiros Sábados, em Pontevedra, Espanha.

15-02-1926 (e 17-12-1927) – Aparição do Menino Jesus insistindo na Devoção dos Cinco Primeiros Sábados, em Pontevedra, Espanha.

26-06-1927 - O Bispo de Leiria preside, pela primeira vez, a uma cerimónia oficial na Cova da Iria, depois da bênção das estações da Via-Sacra, desde o Reguengo do Fetal (11 Kms).

13-05-1928 - Lançamento da primeira pedra da Basílica.

13-06-1929 - Lúcia tem a visão da Santíssima Trindade e do Imaculado Coração de Maria, com o seu Coração cercado de espinhos, pedindo ao Santo Padre a Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, em união com todos os Bispos do Mundo, em Tuy, Espanha.

Santuário Nossa Senhora de Fátima (Portugal)

13-10-1930 - Pela Carta Pastoral "A Divina Providência", o Bispo de Leiria declara "dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria" e permite oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima.

13-05-1931 - Primeira Consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria, feita pelo Episcopado Português, no seguimento da Mensagem de Fátima.

13-10-1942 – As mulheres portuguesas oferecem uma coroa preciosa à Nossa Senhora em agradecimento por Portugal ter sido livre da II Guerra Mundial.

31-10-1942 - Pio XII, falando em português pela rádio, consagra o Mundo ao Imaculado Coração de Maria, com menção velada da Rússia, segundo o pedido de Nossa Senhora.

13-05-1947 – Imagem Peregrina inicia viagem pelos países da Europa, destruídos pela guerra.

07-07-1952 - Consagração dos Povos da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, pelo Papa Pio XII.

07-10-1953 - Sagração da Igreja do Santuário de Fátima.

12-11-1954 - O Papa Pio XII concede o título de Basílica menor à Igreja do Santuário.

21-11-1964 - Ao encerrar a 3ª sessão do Concílio Ecumênico Vaticano II, o Papa Paulo VI anuncia diante dos 2.500 padres conciliares, a concessão da Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima.

13-05-1967 - O Papa Paulo VI desloca-se a Fátima, no cinquentenário da 1ª Aparição de Nossa Senhora, para pedir a paz no mundo e a unidade da Igreja. A Irmã Lúcia desloca-se a Fátima.

12/13-05-1982 - O Papa João Paulo II vem em peregrinação a Fátima agradecer por ter escapado com vida, um ano antes, na Praça de S. Pedro, e, de joelhos, consagra a Igreja, os Homens e os Povos, com menção velada da Rússia, ao Imaculado Coração de Maria.

12/13-05-1991 - O Papa João Paulo II vem pela segunda vez a Fátima, como peregrino, no 10º aniversário do seu atentado na Praça de S. Pedro, no Vaticano, presidindo à Peregrinação Internacional Aniversária.

04-06-1997 - A Assembleia da República Portuguesa eleva a Vila de Fátima à categoria de cidade.

13-05-2000 - Beatificação de Francisco e Jacinta Marto, por ocasião da 3ª visita do Papa João Paulo II a Fátima.

13-02-2005 - Falecimento da Ir. Lúcia.

02-04-2005 - Falecimento de João Paulo II.

13-02-2008 - O Papa Bento XVI autorizou abreviar o prazo canônico para abertura do processo de beatificação da Irmã Lúcia. O anúncio foi feito pelo Cardeal D. José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos.

12/14-05-2010 - Peregrinação a Fátima do Santo Padre Bento XVI, que entrega a 2ª Rosa de Ouro ao Santuário.

13-05-2013 – Consagração do Pontificado do Papa Francisco a Nossa Senhora de Fátima.

13-05-2017 – Comemoração do Centenário das Aparições de Fátima e Canonização de Santa Jacinta e São Francisco Marto.

04-04-2019 – Celebração do Centenário da Morte de São Francisco Marto.

20-02-2020 – Celebração do Centenário da Morte de Santa Jacinta Marto.

13-05-2020 – Primeira vez que a Celebração do 13 de Maio é realizada sem a presença dos peregrinos, em virtude da Pandemia causada pelo Coronavírus.

Peregrinos SacraTour em momento de oração
Oração a Nossa Senhora de Fátima
Procissão luminosa- Nossa Senhora de Fátima (Fátima/Portugal)

Santíssima virgem que nos montes de Fátima Vos dignastes a revelar a três humildes pastorinhos os tesouros de graças contidas na prática do vosso Rosário, incuti profundamente em nossa alma o apreço, em que devemos ter esta devoção, para Vos tão querida, a fim de que, meditando os mistérios da nossa Redenção que nela se comemora, nos aproveitemos de seus preciosos frutos e alcancemos a graça, que Vos pedimos nesta oração, se for para maior glória de Deus, honra vossa e proveito de nossas almas. Amém!

Detalhe procissão luminosa (Fátima/Portugal)
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Você vai se lembrar dessas palavras de Jesus narradas pelo evangelista São Mateus: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (Mt 11,25).

O "Moinho de Boly", casa de Santa Bernadette (Lourdes/França)

A jovem Santa Bernadette

Foi exatamente o que aconteceu em Lourdes. A jovem vidente Bernadette Soubirous era a primogênita de uma família de três filhos. Seus pais empreenderam com um pequeno moinho de trigo, mas vendiam tanto “fiado”, que acabaram indo à falência. A piedade do governo permitiu que eles recebessem um canto para morar: a prisão! A família passou a morar em um cubículo.

Bernadette, que sempre teve a saúde fragilizada, sofria constantemente de asma. A situação toda da família impediu que ela estudasse. Não sabia francês, apenas o dialeto local, e e não chegou a aprender todo o Catecismo.

Essa menina simples, que em 1858 tinha apenas 14 anos, foi a escolhida para receber a visita de Nossa Senhora em Lourdes.

Se você quiser saber todas as suas visões de Nossa Senhora em Lourdes, acesse aqui.

Gruta de Massabielle na parte externa do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes (Lourdes/França)

Tão logo as aparições começaram, a notícia já se espalhou por toda região e foi cada vez maior o número de pessoas indo atrás de Santa Bernadette. E conforme os milagres iam acontecendo, você já pode imaginar como ficou a vida dela, não é?

1 – A mudança para Nevers

Depois das aparições vivenciadas em Lourdes e do forte assédio sofrido por pessoas que tentavam obter partes de suas vestes ou cabelo como forma de relíquia, Bernadette vai para Nevers como uma tentativa de se esconder e ter um pouco de paz. Após três dias de viagem de Lourdes até Nevers, Bernadette chega em 1866 ao local que seria sua nova morada.

É em Nevers que ela aprende sobre o noviciado com as Irmãs da Caridade e ganha uma profissão, torna-se enfermeira. Mesmo asmática, com tuberculose e câncer no joelho, Bernadette não media esforços na ajuda ao próximo, pois trabalhava mesmo quando doente.

Santa Bernadette Soubirous (França)

Na época de Bernadette, no convento das Irmãs de caridade, viviam mais de 150 pessoas, entre noviças, religiosas e ajudantes de serviço. O espaço, que hoje abriga um imenso jardim que nos convida a uma caminhada reflexiva, na época era uma grande horta que servia como fonte de alimentação para os moradores.

Espaço Bernadette Soubirous (Nevers/França)

Ainda no jardim encontramos uma pequena capela onde anteriormente fora enterrado o corpo de Bernadette, a capela de São José, santo de sua grande devoção.

Nevers, França

Outro lugar muito especial ali é um pequeno espaço com a imagem de Nossa Senhora das Águas. Bernadette gostava muito desse lugar, era como um refúgio quando sentia saudades de sua família ou quando queria fazer uma oração mais íntima era para lá que ela ia. Ela dizia que Nossa Senhora das Águas era uma imagem que lhe agradava muito, pois lembrava a Nossa Senhora vista nas aparições; com os braços estendidos e um semblante calmo e sorridente.

Embora Bernadette tenha feito a descrição da imagem da aparição de Nossa Senhora para artesões da época, ela dizia que jamais alguém conseguiria traduzir a beleza e a magnitude da imagem que ela viu.

Imagem de Nossa Senhora na gruta (Nevers/França)

No Convento, Bernadette falou uma vez sobre as aparições de Nossa Senhora. Contou no dia em foi ordenada para um público de 300 religiosos em extremo silêncio dentro da sala de conferência detalhes das visões que teve. Depois desta narração, ela ganha o hábito das Irmãs da Caridade e não volta mais a falar sobre o assunto.

O uniforme a torna igual a todas e esse relato representa simbolicamente o fim de sua celebridade, falando pela última vez das aparições, agora ela seria uma irmã como as outras e, neste momento, Bernadette passa a ser chamada de Irmã Maria Bernarda.

Espaço Bernadette Soubirous (Nevers/França)

2 – Os Milagres de Lourdes

Depois das aparições, Bernardete ficou em casa com a família, mas era muito assediada pelas pessoas e por congregações que a queriam. Muito humilde e simples, sem dote, acabou ficando em casa. Todavia, cansada dos incômodos, resolveu aceitar e entrar em uma congregação. Pediu para entrar em Nevers. Tendo sido aceita, entrou para o convento em 07 de julho de 1866.

De uma infinidade de acontecimentos marcantes, vamos relembrar aqui, apenas alguns que possuem características absolutamente sobrenaturais.

Antes de entrar ao convento, ainda em Lourdes, a Superiora do hospital do local, Madre Alexandrina Roques, sofreu, após uma queda, uma torção que a condena a longo repouso, num período difícil, de muito trabalho, quando era muito solicitada por suas ocupações.

Manda chamar Bernadete e lhe diz: "Não posso ficar de cama estas cinco semanas, sobretudo neste momento em que aqui há tanto o que fazer. É preciso que a Santa Virgem me cure e ponha de pé. Vai lhe dizer isto na Capela". E ela foi. No dia seguinte, a Superiora estava de pé, sem nenhuma torção, para espanto do médico que, contudo, já devia ter visto coisas idênticas e outras até mais extraordinárias, em Massabieille.

Espaço Bernadette Soubirous (Nevers/França)

Também depois de se mudar a Nevers teve várias oportunidades para ajudar o próximo. Certa vez uma mãe cujo filho morria, vai até o Convento e leva a coberta do berço da criança, com pretexto de que o bordado não estava terminado. Conversa com a Madre Superiora e lhe suplica que dê a Irmã Maria Bernarda para acabá-lo. A Madre concordou e levou a coberta onde ela se encontrava com as outras irmãs, e disse: "Está aqui uma coberta cujo bordado está errado; a dama que o trouxe pergunta se alguma de vocês poderia consertá-lo?".

Ao que Bernadette respondeu: "Isto é fácil! Essas belas damas da sociedade enganam-se no seu trabalho e somos nós que o temos de arranjar. Enfim, apesar de tudo, dê-o cá; vou tentar consertar isso". E a mãe do pequenino doente, já desenganado pelos médicos, passou a coberta sobre o berço, e seu filho ficou logo milagrosamente curado.

Aconteceu, em outra oportunidade, que uma mãe com sua filha portando uma incurável enfermidade que a impedia de andar, decidiu levá-la ao Convento, porque a medicina nada mais podia fazer por ela. Entendeu-se com a Superiora, que logo depois chamou Bernadette: "Irmã Maria Bernarda, quer tomar nos braços esta criança, enquanto eu falo com esta senhora? Sobretudo, não a ponha no chão". Ela afastou-se com a criança para debaixo dos castanheiros; quando a Superiora veio procurá-la, encontrou-a chorando, com receios de ser censurada.

A criança debatera-se de tal modo nos seus braços, que se viu obrigada apesar da proibição, colocá-la no chão, por onde andava e corria com toda alegria, em volta dela. A mãe ficou emocionada e chorou de satisfação, enquanto a Superiora apressadamente mandou Bernadete dar um recado na outra extremidade do Convento, para preservar a sua humildade. A criança estava totalmente curada, sorria descontraída e satisfeita brincava ao redor de sua mãe.

Assim, Nosso Senhor aliviava os sofrimentos das pessoas que tinham fé pela intercessão de Nossa Senhora, concedendo as graças ao suplicante por meio das mãos inocentes de Bernadette. O sagrado era tão natural à sua vida que Santa Bernadette não se espantava com os acontecimentos. Depois de sua morte, os milagres multiplicaram-se em torno de seu túmulo, com uma frequência notável.

3 – A morte de Bernadette

A Irmã Maria Bernarda passou por alguns quartos da enfermaria em enquanto esteve doente, mas em seus últimos dias, quando já estava muito enferma, foi colocada na enfermaria que ela chamaria de Capela branca. Prestes a morrer e sentindo muita dor, ela diz que suas dores são tão fortes que ela se sentia como um grão de trigo sendo esmagado no moinho.

No dia 28 de março de 1879, pela quarta vez recebeu a Extrema Unção. Protestou: "Curei-me todas as vezes que a recebi". Depois do Santo Viático ministrado pelo Padre Febvre, disse: "Minha querida Madre, peço-lhe perdão por todos os sofrimentos que lhe causei, com minhas infidelidades na vida religiosa e peço também perdão às minhas companheiras dos maus exemplos que lhes dei... sobretudo com o meu orgulho!".

Durante a Semana Santa, celebrada do dia 6 ao dia 13 de abril, os escarros agravaram-se e ela pede um "alívio": "Se pudesse encontrar na sua farmácia qualquer coisa para aliviar os meus rins, estou toda esfolada". E de outra vez manifestou-se assim: "Procure então nas suas drogas... qualquer coisa para me fortificar. Não tenho forças nem para respirar. Mande-me vinagre bem forte para cheirar". Depois mandou tirar todas as imagens e estampas de Santos que ornavam o seu quarto. E mostrando o Crucifixo, disse: "Somente Jesus!". Ele lhe bastava!

Quando as outras Irmãs, companheiras de Bernadette, vão ao seu encontro para rezar e se despedirem, uma delas pede para que no céu ela não se esqueça dela, e Bernadette diz “No céu não me esquecerei de ninguém”, ou seja, todos aqueles que rezarem por Santa Bernadette não serão esquecidos.

Por fim, às 15 horas do dia 16 de abril de 1879, ainda jovem com 35 anos de idade, morreu Bernadette depois de um intenso e penoso sofrimento que lhe impuseram seus diversos males. Fez um grande sinal da Cruz, pegou no copo contendo a bebida fortificante que lhe apresentaram, toma por duas vezes algumas gotas e inclinando a cabeça, entrega docemente a sua alma.

Corpo incorrupto de Santa Bernadette Soubirous no Convento de Saint-Gildard (Nevers/França)

Tão pura e com tanto amor a Deus e à Virgem Maria, que tinha receios, mesmo involuntariamente, de os ofender. Isto transformou-se para ela num grande drama moral, que a atordoou bastante, nos últimos dias de vida.

Viveu como manda o Evangelho e ofereceu exemplos de vida para todas ocasiões e para o mundo viver o conteúdo da mensagem divina, que ela recebeu na gruta de Massabieille: "Pobreza, Oração e Penitência". O seu encanto transparece mais visível e brilhante, nos milagres que ocorreram por sua intercessão e que fizerem com que ela fosse proclamada Santa, antes mesmo de ser canonizada.

Os muros de sua capela funerária, estão hoje repletos de "ex-votos", emblemas vivos de sua eficaz mediação junto à Mãe de Deus. Ela também fazia maravilhas ao longe, mesmo sem intervenção de relíquias e de imagens, tendo sem cessar, feito prevalecer a força e o poder do Espírito Santo.

Trinta anos após sua morte, em 22 de setembro de 1909, foi aberto o caixão para reconhecer os despojos mortais. Seu corpo estava intacto, a tez estava branca. A 13 de abril de 1925, exumaram-na pela última vez, Bernadette, ainda intacta, parecia que estava adormecida. Cobriram sua face e suas mãos com cera e a colocaram sobre cetim, seda e rendas, na Capela, onde hoje encontra-se à veneração de todos, no Convento de Saint Gildard, em Nevers, na região do Loire, na França.

Na capela, que está no centro do espaço, encontramos o corpo incorrupto de Bernadette. Uma peculiaridade deve ser levada em consideração; a primeira imagem que temos ao adentrarmos a capela não é o corpo de Bernadette, mas sim a imagem de Jesus no crucifixo, e isso reflete a vontade de Bernadette de sempre se voltar a Jesus em primeiro lugar, assim como dizia em suas orações “Somente Jesus”.

O corpo de Santa Bernadette encontra-se hoje em uma redoma de vidro e foi posto assim após três exumações que constataram a forma intacta do corpo, isso fez parte do processo de santificação, mas devemos nos ater ao fato de que Bernadette não foi tida como santa pelo estado de seu corpo, mas sim por toda sua vida que foi vivida segundo o evangelho. Devemos nos lembrar de que o corpo de Santa Bernadette é apenas um sinal de Deus para nos lembrar que Ele conserva quem se conserva no caminho dEle.

4 – A gruta em Nevers

Existe uma réplica da gruta de Massabielle em Nevers, no Espaço Bernadette, que foi feita logo depois da morte de Bernadette, já que muitos peregrinos passaram a visitar o espaço e pediam por uma réplica da gruta de Lourdes.

A gruta é um ponto de reflexão e oração. Diferencia-se do Santuário de Lourdes, pois enquanto em Lourdes há uma efusão de pessoas e movimentação, em Nerves podemos sentir a calma e apreciarmos o silêncio do lugar.

A gruta conta com uma pedra vinda de Lourdes para que a importância de Nossa Senhora seja sempre lembrada e reverenciada.

Gruta de Nossa Senhora de Lourdes em Nevers (França)

5 – Oração a Santa Bernadette

Senhor, que vos dignastes conceder à jovem Bernadete a graça de ver vossa mãe Santíssima e com ela conversar e orar, concedei também a mim uma maior devoção para com Maria Santíssima e a graça de boa saúde e disposição do corpo e da alma.

Santa Maria, rogai por nós!

Santa Bernadete Soubirous, rogai por nós!

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Atualizado em 09/02/2024

Venha mergulhar conosco nas graças de Nossa Senhora de Lourdes e suas aparições.

Em Lourdes, entre os dias 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858, uma camponesa de 14 anos, Bernadette Soubirous, afirmou ter assistido a 18 aparições de Nossa Senhora (logo abaixo poderemos ler e nos emocionar com todas elas). Durante a nona aparição, em 25 de fevereiro, a Virgem Maria disse a Bernadette: “Vai beber da fonte e lava-te”! 

A jovem, inicialmente encontrou no lugar indicado somente um pouco de água e lama, que em pouco tempo, se transformou em uma fonte de água potável, considerada milagrosa.

Essa água que podemos beber e levar para casa, e que até hoje alimenta todos os pontos de distribuição do Santuário: as fontes, as piscinas e o Caminho da Água que é constituído por nove estações, cada uma com um nome bíblico onde o peregrino é convidado a realizar o Gesto da Água. Depois de 2020 esse momento passou a ser sem o banho, mas com o mesmo significado e sacralidade que foi pedido por Nossa Senhora.

Em Lourdes, milhares de pessoas que são voluntários, estão ali para ajudar a todos, especialmente os enfermos, a repetirem o gesto que Nossa Senhora pediu à menina Bernardete: “Vai beber da fonte e lava-te”!.

Também é possível repetir o gesto em todas as fontes e torneiras do Santuário, mas viver esse momento com os voluntários, torna o gesto muito mais especial nessas águas abençoadas.

Há também na ponte ao lado das arcadas e do rio Gave, as torneiras que também têm água da fonte e onde você pode encher garrafinhas e levar para os entes queridos.

Gruta de Massabielle, em Lourdes (França)

O santuário possui diversos lugares de oração: a gruta de Massabielle, onde apareceu Nossa Senhora e que no fundo da gruta está a fonte milagrosa. Na rocha sobre a gruta foi construída em 1871 a Basílica da Imaculada Conceição, ou Basílica Superior, como é conhecida, e está unida à Basílica Inferior, que comporta até quatro mil pessoas.

Na Basílica subterrânea, que pode abrigar até 25 mil pessoas, peregrinos das mais variadas dioceses do mundo se encontram para celebrar a Eucaristia nos grandes encontros. 

Procissão das velas

Em Lourdes, acendemos velas para confiar todas as nossas intenções à Virgem Maria, a chama que arde prolonga a nossa oraçãoNo dia 19 de fevereiro de 1858, Bernadette foi pela primeira vez à Gruta com uma vela e foi no dia 7 de abril, quarta-feira de Páscoa, que a chama da vela que ela segurava na mão lambeu seus dedos por longo tempo sem queimá-los.

No Santuário de Capelas da Luz, encontramos os velários, voltados para a Gruta e situados do outro lado do rio Gave, que podemos colocar velas para queimar, como fazem milhões de peregrinos.

A procissão das velas, que, durante o inverno, acontece de sexta-feira a  domingo, é um dos momentos mais populares no Santuário, cada peregrino, de todas as nações, leva as intenções que tem no coração, e a oração une a todos com a Virgem Maria. Todos se reúnem, com faixas e banners, aos demais fiéis, vindos de todo o mundo para cantar o “Ave Maria de Lourdes”, que é ouvido em várias línguas, rezam o terço e repetem jaculatórias que levam todos à oração. 

No Santuário podemos participar das Celebrações Eucarísticas diariamente, em vários horários, além do Sacramento da Confissão.

Momento da procissão luminosa no Santuário de Lourdes (França)

Estando em Lourdes, é possível visitar os lugares onde viveu Bernadette: a sua casa natal, o Moinho de Boly, a antiga casa do pai de Bernadette, o Moinho Lacade e o Cachot, uma velha prisão de 16 metros quadrados, onde a família Soubirous vivia em extrema miséria quando teve início as aparições.

Nos passos de Bernadette

Agora te convidamos a seguir os passos de Bernadette e ler, rezando conosco, todas as Aparições de Nossa Senhora nesse lugar especial. Assim, sentiremos no coração a mensagem de Lourdes: oração e penitência.

Nossa Senhora de Lourdes

Santa Maria, mãe dos peregrinos, Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós.

Anualmente milhares de peregrinos juntam-se ao Santuário em busca de cura e renovação da fé. Mas afinal, o que atrai tanta gente ali? Para responder a esta questão, vamos contar um pouco da história destas aparições há quase dois séculos no alto dos Pirineus. Vamos entender também em que contexto isso aconteceu!

No dia 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio XI proclamou solenemente no Vaticano o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, que proclama que Maria é concebida sem pecado original. Para lembrarmos, Nossa Senhora já tinha se mostrado assim, como a Virgem Imaculada,  à Santa Catarina Labouré em 1830, na aparição da Rue du Bac em Paris, quando mandou que ela cunhasse a chamada “Medalha Milagrosa. Em torno da medalha, Santa Catarina viu em letras de ouro a expressão: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.

Já em Lourdes, as aparições ocorreram em uma pequena vila no sudoeste da França, nos arredores da cidade, nos montes Pirineus, pertencente à diocese de Tarbes. Ali havia uma gruta e era um dos santuários marianos mais frequentados na época. No local onde Nossa Senhora apareceu 18 vezes ao longo do ano de 1858 para a jovem Bernadete de apenas 14 anos, de família humilde, que não entendia o francês mas somente um dialeto local e sofria de asma, passa o rio Gave; ao lado do rochedo Massabielle que forma uma reentrância oval, que é a chamada Gruta de Massabielle.  

Neste contexto, vamos às aparições!

As aparições de Nossa Senhora

O ano era 1858! Nossa Senhora aparece 18 vezes e essa sequência iremos ver agora. Vem se emocionar conosco! 

  • 1ª aparição – 11 de fevereiro: Na manhã dessa quinta-feira, as duas irmãs, Bernadette e Antonieta, e uma amiga, Joana Abadie, procuravam lenha junto à gruta de Massabielle, nas margens do rio Gave. Bernadette tira os sapatos para colocar os pés na água.  Abaixo o relato da vidente:
Santa Bernadette, vidente de Lourdes (França)

“Vi numa cavidade do rochedo uma moita, uma só, que se agitava como se houvesse muito vento. Quase ao mesmo tempo saiu do interior da gruta uma nuvem dourada, e logo a seguir uma Senhora nova e bela, bela mais que todas as criaturas, como eu nunca tinha visto nenhuma. Veio pôr-se à entrada da concavidade, por cima do tufo de mato.

Logo olhou para mim, sorriu-me e fez-me sinal para que me aproximasse, como o faria minha mãe. Tinha-me passado o medo, mas parecia-me que não sabia onde estava. Esfreguei os olhos, fechei-os, tornei a abri-los; mas a Senhora estava lá sempre, continuando a sorrir e fazendo-me compreender que eu não estava enganada.

Sem saber o que fazia, tomei o terço e ajoelhei-me. A Senhora aprovou com um sinal de cabeça e passou para os seus dedos um rosário que trazia no braço direito. Quando quis começar a rezar e erguer a mão à testa, o meu braço ficou imóvel, como que paralisado. Só depois de a Senhora fazer o sinal da cruz é que eu o pude fazer também. A Senhora deixava-me rezar sozinha. Ela apenas passava as contas pelos dedos, sem falar. Só no fim de cada mistério dizia comigo: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.

Quando acabou a reza, a Senhora voltou a entrar do interior do rochedo e a nuvem de ouro desapareceu com Ela”.

E quem era esta senhora? A quem lhe perguntava, Bernadette fazia esta descrição:

“Tem as feições duma donzela de 16 ou 17 anos. Um vestido branco cingido com faixa azul até os pés. Traz na cabeça véu igualmente branco, que mal deixa ver os cabelos, caindo-lhe pelas costas. Vem descalça, mas as últimas dobras do vestido encobrem-lhe um pouco os pés. Na ponta de cada um sobressai uma rosa dourada. Do braço direito pende um rosário de contas brancas encadeadas em ouro, brilhante como as duas rosas dos pés”.


  • 2ª aparição – 14 de fevereiro: Neste dia Bernadette que já tinha contado sobre o que viu e, temendo que fosse alguma alma do outro mundo, como lhe tinham dito, chegou aspergindo água benta sobre a rocha.

“Fui à paróquia, pegar uma garrafinha de água benta para jogá-la na visão quando estivesse na gruta, se a visse. E saímos para a gruta. Ao chegarmos lá, cada uma tomou o seu terço e nos ajoelhamos para rezá-lo. Apenas tinha acabado de rezar a primeira dezena, quando vi a mesma Senhora. Então comecei a jogar água benta nela, dizendo que, se vinha da parte de Deus, que permanecesse; se não, que fosse embora; e me apressava sempre a jogar-lhe água.

Ela começou a sorrir, a inclinar-se. Mais água eu jogava, mais sorria e girava a cabeça, e mais a via fazer aqueles gestos. Eu então, tomada pelo temor, me apressava a aspergi-la mais, e assim o fiz até que a garrafa ficou vazia.”

Nestas duas primeiras aparições, Nossa Senhora nada disse, além de rezar sempre o Glória ao final de cada mistério do rosário. Interessante perceber que a Senhora não rezava a Ave Maria, afinal, ninguém intercede a si mesmo!


  • 3ª aparição – 18 de fevereiro: “Ela só me falou na terceira vez. Foi na quinta-feira seguinte: Fui ali com algumas pessoas importantes, que me aconselharam a pegar papel e tinta e lhe pedisse que, se tinha algo a me dizer, que tivesse a bondade de colocá-lo por escrito.

Tendo chegado lá, comecei a recitar o terço. Após ter rezado a primeira dezena, vi a mesma Dama. Transmiti esse pedido à Senhora. Ela se pôs a sorrir, e me disse que aquilo que tinha para me dizer, não era necessário escrevê-lo. Mas perguntou-me se eu queria conceder-lhe a graça de voltar ali durante quinze dias. Eu lhe respondi que sim”.

Bernadette contou que a Senhora  que aparecia ali era como Nossa Senhora na Medalha Milagrosa, mas sem os raios que saem das mãos.


  • 4ª aparição – 19 de fevereiro: Enquanto a vidente rezava, uma multidão de vozes sinistras, que pareciam sair das cavernas da terra, cruzaram-se e entrechocaram-se, como se fossem os clamores duma multidão em desordem. Uma dessas vozes, que dominava as outras, gritava em tom estridente, raivoso, para a pequena Bernadette: “Foge! Foge daqui!” Nossa Senhora ergueu a cabeça, franziu ligeiramente a fronte e logo quem fugiu foram aquelas vozes.

Nesta ocasião Bernadette tinha um círio bento aceso. Este gesto, copiado em seguida pelos que assistiam às aparições, inspirou o costume atual de levar velas e acendê-las diante da gruta. Há bem em frente à Gruta um grande suporte para velas que está constantemente cheio e do outro lado do Rio Gave um velário, onde se depositam as velas ao final das procissões luminosas.


  • 5ª aparição – 20 de fevereiro: Nossa Senhora ensinou pacientemente, palavra por palavra, uma oração só para Bernadette, que ela devia repetir todos os dias, o que ela fez, mas nunca revelou qual era a oração.

  • 6ª aparição – 21 de fevereiro: Neste dia a notícia da aparição já havia se espalhado e em torno de 100 pessoas estavam na Gruta quando Bernadette chegou.  Neste dia o Dr Dozous,medico, esteve em Massabielle e observou a postura de Bernardete durante a aparição. Verificou seus batimentos cardíacos, sua respiração e constatou que eram normais. Quando o médico liberou seu braço, ela se aproximou um pouco mais da gruta, seu rosto mudou da alegria para a tristeza e lagrimas correram. Bernardette explicou: 

“A Senhora desviou durante um instante de mim o seu olhar, que alongou por cima da minha cabeça. Quando voltou a fixá-lo em mim, perguntei-lhe o que é que a entristecia e Ela respondeu-me: Reza pelos pecadores, pelo mundo tão revolto. Disse-me também que não me prometia tornar-me feliz neste mundo, mas no outro.”

Ao final deste dia, preocupado com a multidão que seguia a menina, o delegado de polícia Dominique Jacomet interrogou Bernadette e a proibiu de ir até a Gruta e no dia seguinte colocou soldados para impedirem a aproximação das pessoas no local. 

Aqui vale lembrar mais um pouco do contexto histórico. O país havia passado, há poucos anos, pela Revolução Francesa e as revoluções liberais. A proposta dessas revoluções, era acabar com o modelo de sociedade que separava uma elite de nascimento, os nobres de “sangue azul”, dos demais. Mas à medida em que foram aparecendo os burgueses, aqueles comerciantes, banqueiros e trabalhadores que começaram a enriquecer, eles quiseram desbancar esse modelo social e criaram uma nova ordem, que não acabou com as desigualdades, mas levou a uma confiança excessiva na capacidade humana e um desprezo pelos valores religiosos. E era nesse meio que a França vivia!

Assim, fica fácil compreender que os anticatólicos não suportavam a retomada do fervor do povo que acontecia à medida em que a notícia da aparição na Gruta de Massabielle se espalhava. 

Mas, no fim do dia 22 de fevereiro, a cidade estava em alvoroço e o prefeito achou melhor suspender a proibição. Nesse dia, os pais da jovem lhe disseram para ir diretamente para a escola e não passasse perto da gruta pois tinham dicado assustados com o interrogatório do dia anterior. Havia soldados que a impediam de ir para a gruta. Bernardette se sentia impelida a ir na direção da Gruta, os soldados curiosos ao ver a atitude da menina a acompanharam ao local e ficaram ao seu lado durante todo o tempo que ela rezou, nesse dia Nossa Senhora não apareceu.


  • 7ª aparição – 23 de fevereiro: Por volta das 6 horas, cerca de 150 pessoas foram até a Gruta e este foi o dia da revelação de três segredos a Bernadette: “Ela me deu três segredos e me proibiu de contar. Eles só se referem a mim, não são nem sobre a Igreja, nem sobre a França, nem sobre o Papa.”

  • 8ª aparição – 24 de fevereiro: Bernadette foi do lugar em que estava até a gruta, de joelhos e beijando o chão. 450 pessoas estavam com ela.  Contou depois que a Senhora lhe dissera: “Penitência! Penitência! Penitência! Rezai a Deus pelos pecadores! Beijai a terra em penitência pela conversão dos pecadores!”

  • 9ª aparição – 25 de fevereiro: Em fevereiro a França passa por um inverno rigoroso. E, neste dia, ao chegar na Gruta, Nossa Senhora pede à jovem “Vai beber à fonte e lavar-te nela.” Como não viu ali nenhuma fonte e logo atrás estava o Rio Gave, ela foi se dirigindo ao Rio. Neste momento a Senhora lhe apontou como dedo um lugar. “Para lá me dirigi. Vi apenas um pouco de lama. Meti a mão e não pude apanhar água. Escavei e saiu água mais suja. Tirei-a três vezes. À quarta já pude beber.”
Águas de Lourdes (França)

Era a água milagrosa que tantos prodígios tem realizado. Nossa Senhora mandou-lhe ainda fazer esta penitência pelos pecadores: “Come daquela erva que ali está!”. Quando troçavam da pequena por tão estranha ordem, respondia: “Mas vocês também não comem salada!?”

A Senhora ainda pediu a Santa Bernadette que se lavasse com a água. Mas era tanta terra misturada que ao fazer isso, ela saiu com o rosto coberto de lama e acabou sendo zombada pela multidão que lá estava.

A fonte que Santa Bernadette encontrou embaixo da Gruta até hoje jorra água. A água está canalizada e é nesta água que as pessoas podem tomar banhos ou também beber, repetindo os gestos da jovem. Podemos imaginar o tamanho do alvoroço que causou esta fonte. Assim, no dia seguinte ocorreu nova proibição de acesso à gruta deixando mais de 600 pessoas desapontadas.


  • 10ª aparição – 27 de fevereiro: A Virgem Imaculada tornou a mandar beijar o chão em penitência pelos pecadores. Bernadette, por duas vezes, orientou as pessoas a repetirem seus gestos, no que foi atendida somente na segunda vez. Ainda hoje no Santuário os peregrinos repetem o gesto de beijar a rocha.

  • 11ª aparição – 28 de fevereiro: Neste dia Bernadette repetiu o que fazia: ajoelhar, rezar o terço e beijar a rocha. Apesar do forte frio que fazia, quase 1200 pessoas estavam presentes e repetiam com ela os gestos.

  • 12ª aparição – 1º de março: Bernadette sempre usava o mesmo terço para sua oração. Neste dia a senhora Paulina Sans tinha lhe pedido que usasse um terço de sua propriedade e a jovem aceitou. Mas Nossa Senhora, como uma mãe detalhista, percebeu que não eram os mesmos e pediu que Bernadette voltasse a usar o de sempre. Esta foi a única vez em que esteve presente um sacerdote, que ignorava a proibição do clero de comparecer ao local. 

Na noite do dia 1º de março aconteceu o primeiro milagre. Catherine Latapie, grávida de nove meses, tinha paralisados dois dedos da mão direita. O mal lhe impedia de atender às necessidades do lar e dos filhos. Ela imergiu a mão na água e sentiu um grande bem-estar, movimentando os dedos naturalmente!


  • 13ª aparição – 2 de março: A Virgem pede: “Vai dizer aos sacerdotes que tragam o povo aqui em procissão e que me construam uma capela.” Bernadette conta como cumpriu essa missão: “Fui procurar o Padre para lhe dizer que uma Dama me tinha ordenado de ir dizer aos padres para construir ali uma capela. Ele me olhou um momento, e logo me perguntou num tom incomodado quem era essa Dama. Eu lhe respondi que não sabia. Então ele me encarregou de perguntar a ela o nome, e de voltar para lhe contar.”

  • 14ª aparição – 3 de março: A Senhora não aparece à hora habitual, mas sim ao entardecer e deu explicação. “Não me viste esta manhã porque havia pessoas que desejavam examinar o que fazias enquanto eu estava presente. Mas elas eram indignas.

Tinham passado a noite na gruta, profanando-a.” Foi uma curta aparição, mas Bernadette cumpriu a ordem do pároco: “Eu lhe perguntei seu nome, por parte do Padre. Mas ela não fazia outra coisa senão sorrir. Voltando, fui à casa do senhor pároco para dizer-lhe que tinha cumprido a missão, mas que não tinha recebido outra resposta senão um sorriso. Então ele me disse que ela zombava de mim, e que eu faria bem de nunca mais voltar. Mas ele não podia me impedir de ir.”

Santa Bernadette e Pe. Peyramale, Vigário de Lourdes (França)

Fechando a questão, o Pe. Peyramale orientou: “Se a Senhora deseja realmente uma capela, que diga seu nome e faça florescer a roseira da Gruta” – o que, no inverno francês, equivalia a pedir um absurdo!


  • 15ª aparição – 4 de março: No segundo mistério do primeiro terço, Bernadette começa a ver Nossa Senhora. Acabou esse terço e rezou outros dois, refletindo ora alegria, ora tristeza. O êxtase durou quase uma hora, sem que acontecesse algo excepcional. Durante esta quinzena, Nossa Senhora comunicou à menina três segredos e uma oração com esta ordem: “Proíbo-te de dizer isto, seja a quem for.” 

A polícia pediu reforço policial de d'Argelès e de Saint Pé, cidades vizinhas de Lourdes, para ajudar na manutenção da ordem, no sentido de evitar qualquer excesso. A estimativa era para mais de 8.000 pessoas ao redor da gruta. Para que Bernadette pudesse chegar ao local, fizeram uma passarela de madeira, que lhe facilitou o acesso.

Ela veio acompanhada de sua prima Joana Véderè, que tinha 30 anos de idade, e ficaram juntas perante a Aparição. Ajoelharam e começaram a rezar o terço. Quando iniciavam a terceira Ave Maria da segunda dezena, entrou em êxtase. A multidão com o olhar acompanhava tudo e apreciava a beleza do Sinal da Cruz que ela fazia.

Terminada a Aparição, apagou a vela e, indiferente à presença de toda aquela gente, tomou o caminho de sua casa. Muitos ficaram desapontados e perplexos, porque esperavam algum milagre ou alguma revelação. Não aconteceu nada, visualmente. No ar ficaram muitas perguntas e uma grande expectativa: será que terminaram as Aparições?

Então, Bernadette foi encontrar-se com o Senhor Abade e dar-lhe notícias do "encontro".

- Que te disse a Senhora?

- Perguntei-lhe o nome... Ela sorriu. Pedi-lhe para fazer florir a roseira, ela sorriu outra vez. Mas ainda quer a Capela.

- Tu tens dinheiro para fazer essa Capela?

- Não, Senhor Abade.

- Eu também não. Diz à Senhora que lhe dê.

Peyramale estava desconsolado por não ter obtido nenhuma informação segura sobre a Aparição. Ela também, mas sem poder fazer nada, voltou triste para casa.

Os dias seguiram-se e em 18 de março Bernadette é submetida a um severo interrogatório e declara “Não penso ter curado quem quer que seja e de resto não fiz nada para isso. Não sei se voltarei à gruta.”

As aparições pareciam ter acabado sem a Senhora dizer quem era. Mas a movimentação de pessoas ali era cada vez maior. Diariamente muitas pessoas iam para rezar, para recolher água da fonte ou para bebê-la. Todos acreditavam que quem esteve lá foi a Santíssima Virgem. As velas multiplicavam-se, no dia 18 eram 10; no dia 19 havia 21 velas; já no dia 23, colocaram no nicho das aparições, uma imagem de gesso da Virgem Maria, doada por um senhor, Felix Maransin.

Do dia 4 de março, quando ocorreu a última aparição, ou seja, a 15ª, até o dia 25 do mesmo mês, Bernadete procurava levar uma vida normal, ao lado de seus familiares no "cachot". Mas foi impossível, porque era solicitada para interrogatórios, por visitantes que faziam filas intermináveis à porta de sua casa, querendo conversar, abraçá-la e pedir-lhe que tocasse com as mãos em objetos que levavam. Eram pessoas que buscavam graças e outras que vinham contar milagres alcançados pela bondade e o carinho intercessor de Nossa Senhora.

Momento da procissão luminosa no Santuário de Lourdes (França)

Vale lembrar que sua condição de saúde era bastante frágil. Mas ela não tinha mais sossego. Às vezes quase perdia a paciência: "Tragam-me todos ao mesmo tempo". De outras vezes, cansada, precisando de repouso, queria isolar-se: "Fechem a porta à chave!"

Só que jamais aceitou e não deixou que nenhum de seus familiares aceitassem gratificações em dinheiro ou presentes, por qualquer razão que fosse: "Isso queima-me! Por favor, não façam isso!"

Quando lhe perguntavam se a Dama voltaria, simplesmente dizia que não sabia. Só podia afirmar que a Senhora queria sempre uma Capela e que os sacerdotes fossem em procissão à gruta.


  • 16ª Aparição - 25 de março: Na manhã da festa da Anunciação houve a Revelação: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Que dia lindo!

No despertar daquele dia 25 de março de 1858, Bernadete sentiu-se novamente pressionada para ir à gruta. Era uma força estranha que nascia em seu interior, que não sabia explicar. Mas era muito cedo e seus pais lhe aconselharam esperar o dia clarear. Às 5 horas da manhã já se pôs a caminho. Depois de rezar o terço em êxtase, levantou-se e caminhou em direção à Aparição e conversaram:

- Mademoiselle, quer ter a bondade de me dizer quem és, se faz o favor?

A Dama sorriu, mas não respondeu. Ela insiste na solicitação, a segunda e a terceira vez, obtendo como respostas um sorriso carinhoso e modesto da Visão. Mas Bernadete tinha a necessidade de saber o nome da Senhora, precisava levar esta notícia ao Abade, porque caso contrário ele não construiria a Capela. Por isso, com mais amor e decisão, insistiu uma quarta vez suplicando que ela dissesse o seu nome. Desta vez a Aparição não sorriu mais, ficou séria.

As mãos que estavam unidas afastaram-se estendendo sobre a terra e depois novamente juntas à altura do peito, levantou os olhos ao Céu em sinal de profunda humildade e obediência a Deus e, em francês, disse:

- EU SOU A IMACULADA CONCEIÇÃO!

Dito isto, desapareceu.

Bernadete retornou a si e para não se esquecer das palavras, repetiu-as várias vezes em seguida, tropeçando nas letras que mal sabia pronunciar, já que só conhecia seu dialeto. Fugiu das perguntas de todos e correu para a casa do Abade, o Padre Peyramale. Lá chegando, antes mesmo de cumprimentá-lo gritou: “'Eu sou a Imaculada Conceição.”

O Abade ficou perplexo. Não sabia se sorria ou ocultava o seu júbilo, procurando num último esforço, certificar-se do óbvio:

- Pequena orgulhosa, tu és a Imaculada Conceição?

- 'Não, não, não eu'.

Padre Peyramale sente que está diante de uma grande revelação: 'A Virgem é concebida sem pecado'. Apesar de ter sido decretado em 8 de dezembro de 1854, o Dogma da Imaculada Conceição de Maria não era aceito por todos os católicos, principalmente por alguns teólogos que defendiam a universalidade da redenção e do Pecado Original.

Isto é, atribuíam a Nossa Senhora o mesmo privilégio que teve João Batista, de ter a santificação antes do nascimento. Mas não aceitavam a imunidade do Pecado, não aceitavam que Maria Santíssima fosse preservada do Pecado Original, mesmo considerando a sua condição especial de Mãe do Redentor.

Por este motivo, o Abade explodia intimamente de satisfação e se preocupava em saber da realidade. Pela santíssima vontade de Deus, a partir daquele momento Nossa Senhora deixava realçar com todo brilho, a sua grandeza notável e ilimitada, porque ela própria confirmava que teve uma Conceição Imaculada. Por isso Peyramale se debatia:

- Uma Senhora não pode usar esse nome! Tu sabes o que isso quer dizer?

Bernadette diz que não, abanando a cabeça.

- Então como podes dizê-lo, se não compreendes o que é?

- Repeti todo o caminho.

No silêncio que se seguiu, Padre Peyramale ficou pensativo com um suave sorriso nos lábios. Bernadete interrompe o silêncio e diz: “Ela quer a Capela!”

O Abade no íntimo deve ter respondido que não só uma Capela, mas uma monumental Basílica. A partir daquele momento, a dama estava dispensada de fazer qualquer milagre, de fazer florir a roseira selvagem da gruta. Era Ela, a Mãe de Deus, a Nossa Querida Mãe que veio nos visitar com o objetivo de revelar um grande mistério divino e pedir penitência ao mundo, para que todos rezassem pela conversão dos pecadores e tivessem uma conduta responsável e digna. Padre Peyramale estava emocionado.

Tentava esconder sua alegria e por isso, para salvar as aparências, falou com ela: “Vai para casa, falaremos outro dia.”

Os dias passaram e o clero, com muita alegria e vibração, comemorou a revelação do grande mistério.

Dia 6 de abril, Bernadete sentiu-se novamente 'pressionada' para voltar à gruta. Aquela força estranha e agradável a impulsionava para Massabieille. Como já havia passado das 15 horas, foi encontrar-se com o Padre Pomian no confessionário. Algumas pessoas que a observavam se incumbiram de espalhar os boatos. A cidade ficou na expectativa de algum acontecimento.


  • 17ª Aparição - 7 de abril: Nossa Senhora nada disse, mas verificou-se nesta aparição o chamado milagre da vela. Era quarta-feira da Páscoa, antes do sol nascer já se encontrava na gruta, acompanhada inicialmente por uma centena de pessoas que logo aumentou para 1.000, quando iniciou a oração do terço.

Nas primeiras Ave-Marias da primeira dezena, Bernardette entrou em êxtase. O Doutor Dozous, que vinha estudando o seu caso, surge no meio da multidão pedindo passagem, pois queria estar ao lado dela, para presenciar suas reações fisionômicas. E abrindo passagem entre o povo que contritamente rezava dizia: “Não venho como inimigo, mas em nome da ciência. Corri e não posso me expor às correntes de ar. Só eu posso verificar o fato religioso que aqui se dá, deixem-me prosseguir este estudo.”

Neste dia, ela utilizava uma grande vela que se apoiava no chão. Foi fornecida por uma pessoa que tinha alcançado uma graça. Com sua mão, tentava proteger a chama da vela da corrente de ar. Mas no transe em que se encontrava, não posicionou corretamente a mão esquerda em forma de concha sobre o pavio aceso, de modo que a chama da vela passava por entre os seus dedos.

- Ela está se queimando - gritaram da multidão.

- Deixe estar - pediu Dr.Dozous.

Ele não acreditava naquilo que seus olhos viam, os sorrisos de Bernadete, os Sinais da Cruz feitos com tanta graça, sua fisionomia séria em vários momentos compartilhando duma tristeza da Visão e a chama da vela que passava por entre seus dedos, sem queimá-los, sem provocar dores.

Terminado o êxtase, examinou as mãos da vidente e não encontrou o menor sinal de queimadura. Para testar a sua sensibilidade, acendeu a vela e sem que ela percebesse, aproximou a chama de sua mão. Ela gritou e protestou: 'Está querendo me queimar'? Dr.Dozous, homem de atitudes extremas, viu crescer repentinamente em seu coração uma fé gigantesca. O médico tinha um caráter explosivo que o levava, muitas vezes, a defender suas convicções abertamente e com decisão, espalhou a novidade com disposição, convencido de que estava diante do sobrenatural na gruta de Massabieille.

No 'Café Francês', que era o ponto de convergência para os 'bate-papos' e também para os 'mexericos', Dozous proclamou com segurança e fartos argumentos, a existência do extraordinário em Lourdes. Em dado momento, ele assim expressou-se: “É um fato sobrenatural para mim, ver Bernadete ajoelhada diante da gruta, em êxtase, segurando uma vela acesa e cobrindo a chama com a mão esquerda, sem que pareça sentir a mínima impressão do contato com o fogo. Examinei-a. Não encontrei nem o mais ligeiro sinal de queimadura.”

Mas continuava a existir também os descrentes, aqueles que não aceitavam os fatos e caçoavam dos frequentadores da gruta. Eles atuaram sobre os administradores pedindo providências contra 'aquilo' que chamavam de 'palhaçada'. O Prefeito resolveu proibir o acesso à gruta. Mandou retirar todos os objetos religiosos que tinham sido colocados lá.

Os pais e amigos de Bernadete, a fim de evitar complicações, a enviaram para Cauterets, para tratar de sua asma. Contudo, a sua ausência em nada influiu no fervor das pessoas, que se manifestavam claramente e todos os dias. Eram organizados cânticos, procissões e orações com a maior participação possível. Por outro lado, alguns procuravam dotar a gruta de certo conforto, colocando na fonte de água uma bacia com três torneiras, para facilitar a utilização.

Pedreiros, carpinteiros e funileiros trabalhavam gratuitamente e com desprendimento, melhorando o acesso, colocando uma tábua furada para receber as velas, empregando os seus esforços com o objetivo de tornar a gruta um recanto aprazível de devoção mariana.

As autoridades, vendo que não conseguiam nem acabar e nem diminuir a frequência das visitas à gruta, decidem fechá-la. No dia 15 de junho, o Prefeito mandou fazer uma barreira constituída por uma cerca de madeira, que isolava a área da gruta.

O povo, no dia 17, destruiu a cerca. As barreiras são reconstruídas no dia 18 e demolidas pelo povo na noite do dia 27. Tornam a ser reconstruídas no dia 28 de junho, para novamente serem demolidas na noite do dia 4 de julho.

No dia 8 de julho, a Igreja intervém oficialmente, pela primeira vez, pedindo tranquilidade ao povo o respeito às autoridades.

No dia 10, foram levantadas as barricadas novamente. Bernadete mantinha-se distante e indiferente a toda esta movimentação. Nas oportunidades que surgiam, recomendava obediência e desaconselhava que arrebentassem a cerca na gruta.


  • 18ª Aparição - 16 de julho: Como é festa de Nossa Senhora do Carmo, a Vidente assiste à missa e comunga na Igreja. Ao entardecer, sente que Deus a chama para a gruta, como das vezes anteriores, e lá chegou por um caminho que ninguém suspeitou. Foi em companhia de sua tia Lucilia, camuflada com um capuz emprestado; mas não pôde aproximar-se devido à cerca, e aos soldados que, por ordem do governo, cercavam o recinto.

Junto à cerca de tábuas que isolava a gruta, encontrava-se um grupo de pessoas, que de joelhos  silenciosamente rezavam. Ela ajoelhou e acendeu sua vela. Duas congregadas marianas que a reconheceram, juntaram-se a ela e à sua tia, em silêncio. Apenas começara o terço, as suas mãos afastaram-se comovidas, numa saudação de alegria e surpresa. Nossa Senhora estava lá. A sua face iluminou-se e suas feições adquiriram uma indescritível formosura.

A menina contempla a Senhora, de além do rio e da cerca.

Terminada a oração do terço, pelo seu rosto podia-se ver estampada a felicidade que brotava de seu íntimo, a alegria de mais uma vez ter-se encontrado com a MÃE de DEUS. Ela não comentou nada. No caminho de regresso, apenas disse: “Não via o rio, nem as tábuas - explicará ela mais tarde. Parecia-me que entre mim e a Senhora não havia mais distância que das outras vezes. Só via a Ela. Nunca a vi tão bela!”

Foi como um adeus da Senhora ali em Lourdes. Aconteceu como se fosse uma visita de despedida, Nossa Senhora sempre bondosa, cheia de carinho e atenção, desceu à terra mais esta vez, para despedir-se de Bernadette.

Qual a mensagem de Nossa Senhora em Lourdes?

De acordo com Laurentin, grande teólogo das aparições de Lourdes, “O elemento principal é a manifestação de Maria na sua Imaculada Conceição. O resto é em função deste primeiro elemento e pode também resumir-se numa palavra: ‘em contraste com a Virgem sem mancha, o pecado...’ Mas, inimiga do pecado, Ela é também amiga dos pecadores, não enquanto estão ligados às suas faltas ou se gloriam delas, mas enquanto se veem esmagados pelo sofrimentos físicos e morais, consequência do pecado.

Reduzida à sua expressão mais simples, poderíamos sintetizar desta forma a mensagem de Lourdes: A Virgem sem pecado, que vem socorrer os pecadores. E para isso propõe três meios: “A Fonte De Águas Vivas, A Oração, A Penitência!”

Grupo de peregrinos da SacraTour em Lourdes, na França
Mas afinal, o que atrai tanta gente em Lourdes?

Bom, acredito que se você chegou até aqui, pode perceber ao longo das aparições como Nossa Senhora foi deixando sua marca em Lourdes. A aparição sempre em um nicho na gruta, aquele mesmo local onde está hoje a imagem, faz o peregrino ao chegar lá sentir-se mesmo na presença de Maria. Na visita ainda se pode ver a fonte de águas limpas, que leva milhares de pessoas em busca de cura, como se a água fosse o aconchego de Mãe.

O convite ao beijo na rocha, uma expressão de humildade e devoção que se repete ainda hoje nas visitas. A oração do terço constante diante da Gruta de Massabielle, lembra a oração de Santa Bernadette junto à Nossa Senhora. São tantos gestos, símbolos e sinais que podemos encontrar em Lourdes que fazem dessa aparição um perfeito encontro com a Mãe, aquela que corrige, orienta, mas também entende e acolhe. Como não se sentir convidado para também estar nessa presença?

“Minha experiência em Lourdes foi indescritível, desde o primeiro momento que cheguei na cidade senti algo inexplicável, meu coração bateu forte, uma emoção muito grande. Renata Borghesi, peregrina SacraTour. 

Renata Borghesi, peregrina SacraTour (Lourdes/França)

“Nós fomos andando do hotel até o santuário, tudo foi muito emocionante e indescritível; o ar, as pessoas, tudo muito diferente rumo à santidade. Eu já tinha lido sobre a história de Santa Bernadette, mas não imaginava tudo o que vi, posso dizer que eu conhecia 1% e chegando lá conheci 1000%.” Silvana Felix de Souza Modesto, peregrina SacraTour

“Depois da procissão de velas, à noite, é que senti uma emoção muito grande. Passei em frente a gruta para deixar a vela e vi aquela luz na minha direção, parecia que Nossa Senhora refletia aquela luz pra mim, foi muita emoção!!! Chorei bastante, foi muito bom!" Maria Eugênia, peregrina SacraTour

Maria Eugênia, peregrina SacraTour (Lourdes/França)

“O que me chamou a atenção foi quando eu estava na fila para o banho e de repente avistei um monte de cadeirantes. Pessoas que vinham sendo amparadas por voluntários. Imaginei, como assim, irão passar na nossa frente? Quando chegaram próximo observei que se tratavam a maioria de idosos. Alguns muitos enfermos. No fim da vida. O que fazem aqui? Neste momento pude presenciar que existe a FÉ DOS MILAGRES. A fé que nos impulsiona a acreditar que estávamos todos no caminho certo, onde Nossa Senhora nos levará a DEUS e que ELE sabe de todas as coisas.” Valdívia Borges da Cruz, peregrina SacraTour

Valdívia Borges da Cruz, peregrina SacraTour (Lourdes/França)

"O que falar dessa viagem? Dessa experiência na minha vida? De algo que eu tenho certeza absoluta que Maria foi intercessora e eu sou tudo grata. Grata a Deus, à Maria, ao meu filho, Pe. Anderson, à SacraTour que abriu as portas e fez com que nós fossemos conhecer. Quando eu cheguei lá que eu vivenciei onde tudo aconteceu, que passei pela Gruta, que vi aquela água benta, as pessoas com vasilhas pegando a água com fé e acreditando... foi emocionante. Eu me emociono toda vez que falo e lembro de quando entre naquela piscina tão envolvida pela presença de Maria.” Edna Maria de Oliveira Silva, peregrina SacraTour

Edna Maria de Oliveira Silva, peregrina SacraTour (Lourdes/França)
Oração à Nossa Senhora de Lourdes

Ó Virgem puríssima, Nossa Senhora de Lourdes, que vos dignastes aparecer a Bernadette, no lugar solitário de uma gruta, para nos lembrar que é no sossego e recolhimento que Deus nos fala e nós falamos com Ele, ajudai-nos a encontrar o sossego e a paz da alma que nos ajude a conservar-nos sempre unidos em Deus. Nossa Senhora da gruta, dai-me a graça que vos peço e tanto preciso (pedir a graça). Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós. Amém!

Agora que já conhece a história desta aparição, convidamos você a percorrer conosco os caminhos de Lourdes e poder sentir também a graça de estar neste lugar!

Confira nossos roteiros para este ano!

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Queremos partilhar com você a história da SacraTour algo muito especial para nós! Por isso vamos te contar a nossa história. Dizem que nos tornamos mais íntimos das pessoas quando partilhamos os nossos momentos especiais. E hoje, é essa a nossa intenção! Venha saber um pouquinho mais de como nasceu a nossa agência.

Larissa e Melissa Calsavara (Diretoras da SacraTour)

Queremos que você saiba como a nossa agência nasceu, mas não quero falar só de questões práticas envolvendo o surgimento de uma empresa, quero que você saiba como a ideia nasceu em nossos corações e como ela foi tomando forma dentro e fora de nós.

Por isso, eu vou te contar como tudo aconteceu como se você fosse meu amigo próximo e estivesse aqui ao meu lado! Preparado? Então vamos lá!

Tudo começa com uma questão

Sabe quando acontece algo muito inesperado na sua vida e muda todos os seus planos? Coisas que você nunca imaginava que iria fazer ou ser... pois é, a história da SacraTour começa exatamente assim. Para eu te falar de como a agência nasceu, primeiro eu tenho que te contar como o meu desejo de ter essa agência ganhou espaço em minha vida.

Eu, Larissa, e minha família sempre fomos muito religiosos e isso me levou a ser bastante ativa em minha paróquia. No entanto, eu não me limitava somente aos trabalhos da minha paróquia, eu também tinha um bom conhecimento do que se passava na minha cidade, eu sou de Londrina-PR, você conhece?

Cidade de Londrina, no Paraná (Foto: Blog Engenho das Letras)

Foi desse meu interesse em ajudar e estar presente na minha paróquia que, em um dia especial, eu recebi a notícia de que haveria um grupo dali saindo para a Terra Santa. E alguém me perguntou:

Por que você não vai também?

Uma pergunta que me inquietou, eu vou ser bem sincera, eu não tinha muita vontade de viajar. Aliás, diferente do que muita gente anseia e deseja para a vida, eu estava bem no meu canto.

Minhas irmãs (eu tenho duas, mas depois elas entram nessa história) gostavam muito de viajar, mas em mim, realmente, não despertava a muita vontade.

Por outro lado, conhecer os lugares por onde Jesus passou com as pessoas que eram do meu convívio religioso..... é isso começou a me parecer muito animador. E como uma pequena semente essa ideia foi crescendo em mim. Até ganhar proporções de um entusiasmo e eu dizer; sim, ok! Eu vou!

Larissa Calsavara guiando um grupo de peregrinos da SacraTour na Terra Santa, 2015 (Jerusalém/Israel)

A primeira peregrinação

Antes de chegarmos a Terra Santa, tenho que te contar que naquela época eu tinha uma escola. Eu sou por formação prof. de matemática e ensinar e lidar com pessoas sempre foi algo que me encantou muito. Em outras palavras, isso quer dizer também que eu não estava procurando por trabalho.

Agora é hora de irmos! Muito bem, fomos à Terra Santa e ainda assessorados por uma agência de turismo. Essa viagem tem a ver com algo meu muito particular (lembra que eu disse que iria te tratar como um amigo, né?!), pois vou te contar:

Tem a ver com um hábito que eu tenho ou mania...não sei ao certo, de tentar solucionar o problema das pessoas. Ou seja, eu gosto de ajudar. Verdadeiramente. Acontece que isso foi visto pelo dono da agência que nos acompanhava.

Ele gostou muito do meu jeito e quis de toda a forma me contratar para que eu acompanhasse os grupos em viagens. Mas as coisas não eram tão simples.

O dono da agencia, que estava me oferecendo trabalho, queria que eu me mudasse para São Paulo. Ou seja, uma distância de mais ou menos seis horas de onde eu morava. E ainda tinha outra questão! Eu geria uma escola em Londrina, que precisava muito de mim, e ainda tinha toda a minha família lá. Eu estava sendo pressionada a mudar para São Paulo e ao mesmo ficava em dúvida sobre deixar minha cidade natal. Não sabia ao certo o que fazer. Mas, o que aconteceu foi que...

A mudança veio

Ela veio, porém de maneira diferente. Aquela viagem mudou comigo e com a minha vida. Parece clichê, e talvez seja, mas quem já foi à Terra Santa sabe que não tem como voltar de lá da mesma forma que se foi.

Pedra da Unção, no interior do Santo Sepulcro (Jerusalém/Israel)

A viagem é bastante cansativa, mas vez que você pensa em reclamar por qualquer motivo, você é presenteado com momentos de pura fé. Você faz amigos e sente a emoção de cada um que está lá, passa a saber a história de seu colega de ônibus e a admiração e compaixão aumentam a cada dia. Eu não poderia mais ser a mesma depois dessa viagem. Mas não queria me mudar para São Paulo.

Peregrinação com Padre Fábio de Melo

Então, eu combinei com a agência de São Paulo que eu iria assessorar as viagens saídas de Londrina e acompanhar os grupos. Minha primeira viagem depois dessa decisão foi com Pe. Fábio de Melo. Posso dizer que toda peregrinação e especial e essa foi repleta de aprendizagens e renovações.

O trabalho que eu estava descobrindo me encantava a cada segundo. Dizem que as melhores coisas da vida são difíceis de serem explicadas em palavras, e é exatamente essa dificuldade que eu tenho ao traduzir o que eu sinto quando vejo a emoção de alguém diante do Santo Sepulcro, ou ainda navegando pelo mar da Galileia.

Voltamos ao Brasil, e até aí estava tudo bem na minha vida. Eu estava acompanhando os grupos e estava conseguindo dar continuidade aos trabalhos da minha escola. Mas eu tive que tomar uma decisão muito séria.

Grandes decisões

Grande passos requerem grandes decisões, não é?! Eu percebi que algumas atitudes da agência de São Paulo não eram corretas. Decidi sair. Eu sempre aprendi que meu nome era algo que eu deveria zelar, ou seja, eu não queria meu nome ligado a algo que eu não acreditasse ou estivesse distante dos meus valores.

Saí da agência e continuei minha vida como diretora de escola. Mas quando o nosso caminho está traçado.... naquela mesma semana em que eu saí da agência, recebi o convite para ir a uma feira de turismo em São Paulo.

E fui. Lá conversei com pessoas que me incentivaram a continuar, fiz contato com receptores de vários países e sai de lá com uma decisão tomada: as coisas seriam do meu jeito, ou não seriam.

Stand da SacraTour na ExpoCatólica 2019 (São Paulo/Brasil)

Os planos de Deus e SacraTour

Em Londrina, avisei minha família da decisão de continuar, agora por conta própria. Eu queria dar vida o meu novo sonho de ter minha própria agência calcada nos meus valores. Daquela conversa nasceu a SacraTour.

Não por acaso, isso aconteceu depois de muito oração e muita conversa com minha família, porque os meus valores são fincados na fé e na lealdade.

Durante alguns anos tudo na agência teve o meu jeito e a minha cara. Mas eu sentia que faltava alguma coisa para tudo ficar completo.

A agência cresce a cada dia

Descobri que não era uma coisa, era alguém. E esse alguém era a minha irmã mais nova. Ela tinha acabado de sair de um emprego e eu fiz um proposta para que ela fosse trabalhar comigo.

Melissa e Larissa Calsavara, irmãs e diretoras da SacraTour no Monte das Oliveiras (Jerusalém/Israel)

E ela, como eu já imaginava, me disse um sonoro “Não!”. E disse mais de uma vez.  Mas eu não desisti, e foi então que ela me fez uma proposta “ Eu não quero trabalhar para você, eu quero trabalhar com você!” Minha irmã seria minha sócia? Inesperado, mas as boas coisas parecem ser inesperadas, né?! Então, eu não titubeei e disse “ Ok”!

Um negócio de família, em família

Melissa é a minha irmã mais nova e minha sócia, mas o nosso trabalho está sempre envolto por toda a nossa família. Eles estão com a gente desde o planejamento de cada peregrinação até na reza de agradecimento quando chegamos felizes e revigorados.

Melissa Calsavara, diretora da SacraTour, na Igreja Dominus Flevit, Monte das Oliveiras (Jerusalém/Israel)

A agência foi crescendo, nós fomos contratando mais pessoas para nos auxiliar. E, hoje, trabalhamos, em nossa sede em Londrina, com muita dedicação, amor e fé pelo nosso trabalho.

A SacraTour pelo mundo

E assim, nós nos especializamos em oferecer o que há de melhor numa peregrinação. Nenhuma agência se dedica a pensar em todos os detalhes. Mas nós pensamos. Peregrinar com a SacraTour é único e eu posso provar!

Além dos milhares de testemunhos, convido você a olhar os textos do nosso blog e as nossas redes sociais, você vai perceber que estamos preocupados com o todo da sua sua experiência! Você vai ver que estaremos com você já nos primeiros momentos, bem antes da sua peregrinação iniciar, preparando tudo para que a sua experiência seja incrível.

Foi muito bom compartilhar nossa história com você ! E agora que você já sabe sobre a nossa história, que tal me contar qual é o seu próximo destino dos sonhos?! Escreve aqui!

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Uma das festas litúrgicas mais bonitas na tradição da Igreja é a festa mariana dedicada à Nossa Senhora do Monte Carmelo (Nossa Senhora do Carmo), sendo essa uma das devoções mais antigas e mais amada pelos cristãos de todo o mundo. Esta festa está ligada à história e aos valores espirituais da Ordem dos Frades da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo (Carmelitas). A festa litúrgica foi instituída para comemorar a aparição do dia 16 de julho de 1251 a São Simão Stock, na época prior geral da ordem carmelitana, durante a qual Nossa Senhora entregou-lhe um escapulário em tecido, revelando notáveis privilégios ligados ao seu culto e devoção.

Monte Carmelo, em Haifa (Israel)

Raízes bíblicas

O Monte Carmelo está situado a 546 metros acima do nível do mar e pode ser considerado como “um dos maiores pontos turísticos da Terra Santa. Nessa região, encontramos o Vale de Jesreel e muitos outros pontos bíblicos” (Pedrini e Brunet, 2013).

No Primeiro Livro dos Reis no Antigo Testamento, temos a narrativa de que o Profeta Elias, formou uma comunidade de homens sobre Monte Carmelo, que em aramaico significa “jardim”, e ali operou em defesa da pureza da fé em Deus, vencendo dos desafios contra os sacerdotes de Baal (Cf. 1Rs 18,17-40) no século IX antes de Cristo. Em 1154 d. C., neste local, se estabeleceram comunidades monásticas cristãs. Eles edificaram uma pequena igreja, dedicando-a à Virgem Maria, e assumiram o nome de Irmãos de Santa Maria do Monte Carmelo. Desse modo, o Carmelo, assumiu, os seus dois elementos caracterizantes: a referência ao profeta Elias e a ligação com Maria Santíssima.

Monte Carmelo, em Haifa (Israel)

A devoção e o escapulário

A devoção espontânea à Virgem Maria, sempre difundida desde os primeiros tempos apostólicos, foi passando através dos séculos e oficializada sob tantos títulos, ligados à sua virtude, aos lugares onde surgiram santuários e igrejas, às aparições da Virgem em vários lugares ao longo dos séculos, ao culto instaurado pelas Ordens Religiosas, até chegar aos dogmas promulgados pela Igreja.

A devoção a Nossa Senhora do Carmo foi propagada por São Simão Stock, porque a tradição conta que em 16 de julho de 1251, a Virgem Maria, circundada por anjos e com o Menino Jesus no braço, apareceu a ele e lhe deu o escapulário com o “privilégio do sábado”, que consiste na promessa da salvação do inferno para aqueles o usam e a libertação das penas do Purgatório no sábado seguinte à sua morte.

O uso do escapulário não representa uma simples devoção, mas uma forma simbólica de “revestimento” que lembra as vestes dos carmelitas e também uma entrega e consagração à Virgem Maria, para viver sob a sua proteção, e enfim, uma aliança e uma comunhão entre Maria e os fieis. Essa consagração, se traduz no esforço que o fiel deve fazer para imitar a Maria, ao menos em suas intenções. “A devoção ao Escapulário já fez derramar sobre todo o mundo rios de graças espirituais e temporais” (Papa Pio XII).

Imposição do escapulário de Nossa Senhora do Carmo com o Pe. Manuel Joaquim (Haifa/Israel)

Vamos para o Monte Carmelo com a gente?

Em nossas viagens para a Terra Santa, você encontra um roteiro que te acompanha em peregrinação sobre o Monte Carmelo, que é símbolo de beleza e esplendor, e ao qual se pode chegar ao cume por meio de ônibus, carro ou van.

No Monte Carmelo, o peregrino se aproxima de três realidades: O Manto do Profeta Elias, que acende no peregrino a nostalgia do céu, o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, que o protege dos perigos na terra e a Capa dos Carmelitas, que ensina ao peregrino o silêncio e a oração. Por isso, o Santuário “Stela Maris” de Haifa faz parte de um roteiro preparado pela SacraTour especialmente para você que deseja ser nosso peregrino e companheiro de viagem. Que nossa Senhora do Monte Carmelo proteja com sua presença a tantos quantos se recomendem à sua intercessão e proteção materna.

Fontes: A Bíblia Sagrada / Ariel Finguerman, A Terra Santa do Peregrino. / Lachiesa.it / Nayara Pedrini e Tiago Brunet. Manual do Peregrino na Terra Santa, 2013.

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Em 26 de agosto a Igreja celebra Nossa Senhora de Czestochowa. Nas encostas de Jasna Góra, a “montanha luminosa”, que circunda a cidade de Czetochowa, o santuário está situado em uma colina de pedras brancas, na parte ocidental da cidade. Os poloneses estão habituados neste Santuário a apresentar muitos eventos da própria vida: momentos felizes como aquelas decisões tristes e solenes, tais como a escolha de sua vida, vocação religiosa ou casamento, o nascimento dos filhos, os exames de maturidade... Eles se acostumaram a vir com seus problemas para Jasna Gòra para confiá-los à Mãe Celestial, na frente de sua imagem milagrosa.

Pode-se dizer que esta imagem é o coração do santuário de Jasna Góra e é também essa força, misteriosa e profunda, que todos os anos atrai intermináveis multidões de peregrinos, da Polônia e de todos os outros lugares do mundo.

Santuário de Jasna Góra (Czestochowa/Polônia)

A História da Pintura

A pintura de Nossa Senhora de Czestochwova tem uma história complexa. A tradição diz que foi construída por São Lucas em uma madeira que formou a mesa usada para oração e comida pela Sagrada Família. O evangelista teria composto duas pinturas em Jerusalém para transmitir a incomparável beleza de Maria. Um deles, chegado à Itália, ainda é um objeto de culto em Bolonha; o outro foi primeiro levado a Constantinopla e colocado em um templo pelo imperador Constantino. Mais tarde, ele foi dado ao russo Príncipe Leão, que serviu no exército romano, que transferiu a relíquia de valor inestimável para a Rússia, onde, por muitos milagres, ele foi intensamente venerado.

Segundo os críticos de arte, o quadro de Jasna Góra era originalmente um ícone bizantino, do gênero Odigitria, que data do século VI ao século IX. Pintado em uma placa de madeira, retrata o busto da Virgem com Jesus em seus braços. O rosto de Maria domina todo o quadro, com o efeito de que aqueles que olham para ele estão imersos no olhar de Maria: ele olha para Maria, que, por sua vez, olha para ele.

Também o rosto da Criança é dirigido ao peregrino, mas não o seu olhar, que é de alguma forma fixado em outro lugar. Os dois rostos têm uma expressão séria e pensativa, que também dá o tom emocional a todo o quadro. A face direita da Maria é marcada por duas cicatrizes paralelas e por uma terceira que as cruza; o pescoço tem seis outros arranhões, dois dos quais visíveis, quatro quase imperceptíveis. Jesus, vestido com uma túnica escarlate, repousa sobre o braço esquerdo da mãe.

A mão esquerda segura o livro, a direita é levantada em gesto de soberania e bênção. A mão direita da Maria parece indicar a criança. Na frente de Maria, uma estrela de seis pontas é representada. Em torno dos rostos da Maria e de Jesus destacam-se os halos, cujo brilho contrasta com a compleição de seus rostos.

Após a profanação de 1430 pelos heréticos de João Hus, e a restauração, a fama do santuário cresceu enormemente e as peregrinações aumentaram, a tal ponto que a igreja original se mostrou insuficiente para conter o número dos fiéis. Por esta razão, já na segunda metade do século XV, junto à Capela de Nossa Senhora, foi iniciada a construção de uma igreja gótica com três grandes naves. Em 1717 a imagem milagrosa de Nossa Senhora de Jasna Góra foi coroada com o diadema papal e, a partir do século passado, numerosas igrejas dedicadas a ela foram erguidas em todo o mundo: atualmente são cerca de 350, das quais 300 só na Polônia.

Nossa Senhora de Czestochowa (Polônia)

A Fama da Imagem Milagrosa

A fama cada vez maior da imagem milagrosa da Mãe de Deus fez com que o antigo mosteiro se tornasse um destino constante de peregrinações dedicadas ao longo dos anos. O culto da Nossa Senhora Negra de Czestochowa estendeu-se ao continente americano, à Austrália, à África e até à Ásia. Uma devoção que não tem limites, que tocou os corações de muitos e que tem sido particularmente querida como qualquer polonês que se preze - ao nosso Santo Padre, João Paulo II, que sempre foi o mais fiel devoto de Maria.

Desde a Idade Média, de toda a Polônia, a peregrinação a pé acontece em direção ao Santuário de Częstochowa, que vai de junho a setembro, mas normalmente o período escolhido é em torno a meados de agosto. A peregrinação a pé dura vários dias e os peregrinos também percorrem centenas de quilômetros ao longo de mais de 50 rotas de toda a Polônia, a mais longa das quais é de 600 km.

Santuário de Jasna Góra (Czestochowa/Polônia)

Palavras de Papa Francisco

Tomemos hoje Papa Francisco como um grande impulsionador desse destino que a SacraTour traz para você que deseja peregrinar conosco: "Apresentando-se diante da face de sua Mãe e Rainha, escutem atentamente sua palavra: o que quer que Jesus lhe diga, faça-o (veja João 2:5). Que seja para cada um de vocês uma indicação na formação de consciência, em colocar ordem na vida pessoal e familiar, na construção do futuro da sociedade”.

Diante disso, com o coração confiante, peçamos: Nossa Senhora de Czestochowa, rogai por nós.

 

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Quando falamos da Medalha Milagrosa logo nos lembramos da imagem calma e bondosa de Nossa Senhora das Graças. Com uma devoção muito grande no Brasil e em todo o mundo, a medalha que foi cunhada a pedido da Virgem Santa. A medalha ficou muito conhecida pela profusão de milagres e por isso ganhou o nome de Medalha Milagrosa. E Nossa Senhora escolheu uma recém noviça que foi posteriormente consagrada Santa para ter a honra de passar ao mundo Suas palavras. Vamos saber um pouco mais sobre Santa Catarina Labouré que teve sua história sempre marcada pelos desígnios de Nossa Mãe.

Santa Catarina Labouré

Caterina Labouré veio ao mundo em 1806, na província francesa da Borgonha, sob os céus de Fain-les-Moutiers, onde seu pai possuía uma fazenda e outros bens. Com nove anos ela perdeu sua mãe. Tomada pelo duro golpe, em lágrimas, Catarina abraçou uma estátua da Santíssima Virgem e exclamou: “De agora em diante você será minha mãe!”

Santa Luisa de Marillac, Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Nossa Senhora não desapontará a menina que se confiou a Ela com tanta devoção e confiança. A partir desse momento, Ela a adotou como uma filha amada, obtendo abundantes graças que fizeram sua alma inocente e generosa crescer.

O chamado

Certa vez, Catarina foi perturbada por um sonho. Na igreja de Fain-les-Moutiers, ela viu um padre idoso e desconhecido celebrando a missa, cujo olhar a impressionou profundamente. Quando o Santo Sacrifício terminou, ele faz um sinal para ela se aproximar dele, mas ela não se aproximou e foi embora marcada por aquele olhar profundo. Mesmo em sonhos, ela foi visitar um pobre doente, e encontrou novamente o mesmo sacerdote, que desta vez lhe diz: “Minha filha, você pode escapar agora, mas um dia você vai ficar feliz em voltar para mim. Deus tem intenções sobre você. Não se esqueça disso.” Quando ela acordou, se lembrou desse sonho em sua mente, sem entender o que se passava.

Com as filhas de São Vicente de Paulo

Algum tempo depois, já com 18 anos, uma enorme surpresa. Ao entrar em um salão do convento em Châtillon-sur-Seine, ela se vê diante de uma pintura de São Vicente de Paulo, Fundador da Congregação das Filhas da Caridade. O sacerdote ancião dos seus sonhos, era justamente São Vicente de Paulo, o que confirma e indica a vocação religiosa de Catarina.

São Vicente de Paulo, Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Aos 23 anos, vencendo todos os esforços de seu pai para tirá-la do caminho que o Senhor lhe traçara, abandona para sempre o mundo e entra como postulante naquele mesmo convento de Châtillon-sur-Seine. Três meses depois, em 21 de abril de 1830, foi aceita no noviciado das Filhas da Caridade, localizado na Rue du Bac, em Paris, onde faria os votos no mês de janeiro seguinte.

As aparições

Em 18 de julho de 1830, às vésperas da festa de São Vicente, às 23:30, Catarina ouve alguém chamá-la pelo nome. Uma criança misteriosa está ao pé da cama e a convida a levantar: “A Santíssima Virgem espera por você”, diz a criança. Catarina se veste e segue a criança que espalha raios de luz por todo lugar aonde passa. Chegando na capela, Catarina para ao lado da cadeira do padre, localizada no coro. Foi então como o farfalhar de um vestido de seda. Seu pequeno guia disse. “Aqui está a Santa Virgem”. Catarina hesita em acreditar. Mas a criança repete com uma voz mais alta: “Aqui está a Santa Virgem”.

Catarina corre para se ajoelhar ao lado de Maria que está sentada na cadeira (do padre) “Então, eu pulei para chegar perto dela, e me ajoelhei nos degraus do altar, com as mãos apoiadas nos joelhos de Maria. O momento foi o mais doce da minha vida. Seria impossível para mim dizer o que senti. A Santíssima Virgem me disse então como eu deveria me comportar com meu confessor e muitas outras coisas”.

Santa Catarina Labouré com a Virgem Maria, Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Catarina recebe o anúncio de uma missão e o pedido para fundar a Confraria das Filhas de Maria. Isso será feito pelo Padre Aladel em 2 de fevereiro de 1840.

Segunda aparição: história da Medalha Milagrosa

Quatro meses se passaram daquela noite prodigiosa em que Santa Catarina contemplou pela primeira vez a Santíssima Virgem. Na alma inocente da religiosa, cresceu a nostalgia pelo encontro abençoado e pelo desejo intenso de que o augusto favor de ver a Mãe de Deus fosse novamente concedido a ela.

Era 27 de novembro de 1830, sábado. Às cinco e meia da tarde, as Filhas da Caridade se reuniram em sua capela, na Rue du Bac, para o período habitual de meditação. Um perfeito silêncio reinou entre as freiras e as noviças. Como as outras, Catarina estava em silêncio profundo.

Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

“De repente, parecia ouvir, da galeria, um ruído como um farfalhar de um vestido de seda. Tendo olhado daquele lado, vi a Santíssima Virgem ao nível da imagem de São José. De estatura mediana, o rosto dela era tão lindo que seria impossível para mim contar sua beleza. A Santíssima Virgem estava de pé, vestida com um vestido de seda branco-aurora, feito de acordo com o modelo chamado ‘a la Vierge’, mangas lisas, com um véu branco que cobria a cabeça e descia para os lados.

Sob o véu, vi o cabelo partido ao meio e, acima dele, uma renda de cerca de três centímetros de altura, sem cachos, isto é, levemente sobre o cabelo. O rosto bastante exposto, os pés colocados em uma meia esfera. Em suas mãos, descansando no nível do estômago de uma maneira muito natural, ela usava uma esfera em ouro que representava o globo terrestre. Seus olhos estavam voltados para o céu. Seu rosto era de uma beleza incomparável.

Eu não consegui descrever. De repente, vi em seus dedos anéis cobertos de lindas pedras preciosas, cada uma mais bonita que a outra, algumas maiores, outras menores, que lançavam raios de todos os lados. Das pedras principais começaram os esplendores mais magníficos, alargando-se à medida que desciam, enchendo toda a parte inferior do lugar. Eu não vi os pés de Nossa Senhora.

Neste momento, enquanto contemplava a Santíssima Virgem, ela baixou os olhos, olhando para mim. E uma voz se fez ouvir no fundo do meu coração, dizendo estas palavras: A esfera que você vê representa o mundo inteiro, especialmente a França e cada pessoa em particular. Eu não posso expressar o que senti e o que vi naquele instante: o esplendor e o brilho de raios tão maravilhosos. Naquele momento formou-se uma gravura em torno de Nossa Senhora, e numa esfera ovalada apareceram as seguintes palavras: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”, escritas em letras douradas.

Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Imediatamente depois, a medalha se vira e Catarina vê o seu verso: no topo, uma cruz sobrepõe-se ao M de Maria, no fundo dois corações, um coroado de espinhos, o outro perfurado por uma espada. Catarina então ouve estas palavras: “Faça uma medalha de acordo com este modelo. Todos aqueles que a levarem, trazendo-a ao coração, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança”.

Poucos meses depois das aparições, a Irmã Catarina, foi enviada para o abrigo de Enghein (Paris, 12) para tratar os idosos, vai para o trabalho. Mas uma voz interior insiste: a medalha deve ser cunhada. Catarina conta para seu confessor, padre Aladel.

Significados da Medalha Milagrosa

A própria Virgem Maria está envolvida na batalha espiritual, na luta contra o mal, da qual nosso mundo é o campo de batalha. Maria nos chama a entrar na lógica de Deus, que não é a lógica deste mundo. Esta é a graça autêntica, a da conversão, que o cristão deve pedir a Maria para transmiti-la ao mundo.

Suas mãos estão abertas e seus dedos estão adornados com anéis cobertos de pedras preciosas, das quais saem raios, que caem na terra, espalhando-se para fora.

O esplendor desses raios, como a beleza e a luz da aparição, descrita por Catarina, recorda, justifica e nutre nossa confiança na fidelidade de Maria (os anéis) para com seu Criador e para com seus filhos, em eficácia, de sua intervenção (os raios da graça, que caem sobre a terra) e na vitória final (a luz), já que ela mesma, a primeira discípula, é a primeira dos salvos.

Os símbolos

Os dois sinais entrelaçados mostram a relação indissolúvel que liga Cristo à sua Mãe Santíssima. Maria é associada à missão de salvação da humanidade por seu filho Jesus e participa através de sua compaixão no próprio ato do sacrifício redentor de Cristo.

O coração coroado de espinhos é o coração de Jesus. Recorda o cruel episódio da Paixão de Cristo, antes da morte, contada nos Evangelhos. O coração simboliza sua paixão de amor pelos homens. O coração transpassado por uma espada é o coração de Maria, sua mãe. Refere-se à profecia de Simeão, contada nos Evangelhos no dia da apresentação de Jesus no templo de Jerusalém por Maria e José. Simboliza o amor de Cristo, que está em Maria e recorda o seu amor por nós, pela nossa salvação e aceitação do sacrifício do seu Filho. A justaposição dos dois Corações expressa que a vida de Maria é uma vida de íntima união com Jesus.

Frente da Medalha Milagrosa
Verso da Medalha Milagrosa

As estrelas correspondem aos doze apóstolos e representam a Igreja. Ser Igreja significa amar a Cristo, participar de sua paixão, pela salvação do mundo. Cada pessoa batizada é convidada a participar da missão de Cristo, unindo seu coração aos Corações de Jesus e Maria. Desse modo, a medalha é um chamado à consciência de cada um, para que ele possa escolher, como Cristo e Maria, o caminho do amor, até o dom total de si mesmo.

Um sopro de esperança

Em fevereiro de 1832, uma terrível epidemia de cólera irrompeu em Paris, causando mais de 20.000 mortes. Em junho, as Filhas da Caridade começam a distribuir as primeiras duas mil medalhas, feitas pelo padre Aladel. A cura foi multiplicada, como proteções e conversões. Foi um evento extraordinário. O povo de Paris chamou a medalha de “milagrosa”.

Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa, na Capela (Paris/França)

A glorificação de Catarina

Durante 46 anos de uma vida inteiramente interior e de lembrança escrupulosa, Santa Catarina permaneceu fiel ao seu anonimato. Silêncio milagroso! Seis meses antes de seu fim, incapaz de ver seu confessor, ela recebeu a permissão do Céu – talvez a necessidade – de revelar à sua superiora que ela era a freira honrada pela Santíssima Virgem por um ato tão importante de confiança.

Corpo incorrupto de Santa Catarina Labouré (Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa/Paris/França)

Santa Catarina morreu suavemente em 31 de dezembro de 1876 e foi sepultada três dias depois em um túmulo escavado na capela da rue du Bac. Depois de quase seis décadas, em 21 de março de 1933, quando seu corpo foi exumado, as mãos que tocaram Nossa Senhora e os olhos que a tinham visto, pareciam extraordinariamente preservadas. Foi beatificada por Pio XI em 28 de maio de 1933 e canonizada por Pio XII em 27 de julho de 1947: suas relíquias ficam na capela onde ele apareceu. A festa litúrgica, para as famílias Vicentinas, é estabelecida no dia 28 de novembro. Hoje, qualquer fiel pode.

A Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa

A Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa é um importante lugar de oração e peregrinação que continua a receber mais de um milhão de peregrinos no ano. Desse modo, juntamente com a SacraTour, você tem a oportunidade de se unir aos milhares de fiéis provenientes de todo o mundo para suplicar a proteção da Virgem Maria.

Grupo de peregrinos SacraTour na Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Este santuário está localizado no coração de Paris, na Rue du Bac 140, onde se localiza o Convento das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paula. A fachada do prédio está quase perdida entre todas as outras fachadas, já que não há igrejas à vista, mas uma simples porta preta que leva a um pátio interno retangular, cercado por prédios do convento. No fundo surge uma pequena torre sineira, testemunhando a presença de uma capela. E é aqui que se encontra a pequena igreja onde a aparição aconteceu e onde se pode venerar o corpo incorrupto da santa, exposto na Casa das Filhas da Caridade, em Paris.

“Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.

Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Paris/França)

Fontes: Santi e Beati / Catherine Labouré, sa vie, ses apparitions, son message racontée a tous, René Laurentin, Desclée De Brouwer, 1981. / vMémorial des Apparitions de la Vierge dans l’Église, Fr. H. Maréchal, O. P., Éditions du Cerf, Parigi, 1957.

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Vamos conhecer a história de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Muita emoção e fé!

Os acontecimentos foram registrados primeiramente pelos padres José Alves Vilela, em 1743, e João de Morais e Aguiar, em 1757. Tais registros foram feitos nos livros da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá, à qual pertencia a região onde a imagem foi encontrada. A imagem apareceu em outubro de 1717. E os fatos aconteceram assim: O Conde de Assumar, passava por Guaratinguetá, SP, quando viajava para Vila Rica, em Minas Gerais.

Para recebê-lo, a população organizou uma festa, cabendo aos pescadores a difícil missão de conseguirem muitos peixes para a comitiva do governador, mesmo não sendo tempo de pesca. Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves, sentindo o peso de sua responsabilidade, se dirigiram ao rio Paraíba e fizeram uma oração pedindo a ajuda da Mãe de Deus.

Retrato do momento em que Nossa Senhora Aparecida foi encontrada pelos pescadores nas águas do Rio Paraíba do Sul (Aparecida/São Paulo/Brasil)

Depois de tentar várias vezes sem sucesso, na altura do Porto Itaguaçu, já desistindo da pescaria, João Alves lançou a rede novamente. Não pegou nenhum peixe, mas apanhou a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Na imagem faltava a cabeça. Tomado pela emoção, lançou de novo a rede e, desta vez, pegou a cabeça que se encaixou perfeitamente na pequena imagem. Só este fato, já foi um grande milagre.

Logo em seguida, apanharam uma grande quantidade de peixes a ponto de temer que a canoa viesse a virar. Os pescadores chegaram a Guaratinguetá eufóricos e emocionados com o que presenciaram e toda a população entendeu o fato como intervenção divina. Assim aconteceu o primeiro de muitos milagres pela ação de Nossa Senhora Aparecida.

A devoção

Por 15 anos, a imagem ficou na casa de Filipe Pedroso. Os amigos e vizinhos se encontravam para rezar à Nossa Senhora da Conceição. Graças e mais graças começaram a acontecer e a história se espalhava Brasil afora. Por várias vezes, à noite, ao rezarem junto à imagem, as pessoas viam que as luzes se apagavam e depois acendiam misteriosamente. Então, todo o povo da vizinhança passou a rezar aos pés da imagem. Construíram um pequeno oratório em Itaguaçu, que em pouco tempo já não comportava o grande número de fieis que para lá acorria.

O Milagre das Velas (Aparecida/São Paulo/Brasil)

Primeira Capela

A quantidade de pessoas e romeiros que visitavam a imagem aumentava a cada dia, por isso, o vigário da cidade de Guaratinguetá resolveu construir uma capela no morro dos Coqueiros, cujas obras foram concluídas em julho de 1745. O filho de Filipe Pedroso ajudou a construir essa capela.

No dia 20 de abril de 1822, o imperador Dom Pedro I, juntamente com uma grande comitiva, fizeram uma visita à capela para homenagear a imagem milagrosa da Senhora de Aparecida, como também é conhecida. Com o aumento considerável do número de romeiros, em 1834, deram início às obras da igreja que é conhecida hoje como Basílica Velha. Ela era bem maior que a capela e foi consagrada no dia 8 de dezembro do ano de 1888.

O Manto e a Coroa de Nossa Senhora Aparecida

Em sua segunda visita à basílica, feita no dia 6 de novembro de 1888, a Princesa Isabel ofereceu à santa uma bela coroa feita de ouro, enfeitada com rubis e diamantes. Era o cumprimento da promessa feita 20 anos antes, na primeira visita feita à imagem. A imagem foi solenemente coroada – com a coroa que a Princesa Isabel doou – em 8 de setembro de 1904. A imagem passou a ser apresentada, então, com o manto azul anil, bordado com ouro e pedras preciosas.

A celebração foi presidida por Dom José Camargo Barros. Estavam presentes o Núncio Apostólico, vários bispos, o senhor Rodrigues Alves, então Presidente da República, e grande multidão. Após este fato, o Santo Padre concedeu ao Santuário de Aparecida outros favores: Ofício e missa própria de Nossa Senhora Aparecida e indulgências para os romeiros em peregrinação ao Santuário.

Nossa Senhora Aparecida, Rainha e padroeira do Brasil

Com decreto do Papa Pio XI, em 16 de julho de 1930, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, recebeu o título de Rainha e Padroeira do Brasil no dia. A Lei Federal nº 6.802 (30/06/1980) decretou oficialmente o dia 12 de outubro como feriado nacional, dia de devoção à santa. Esta Lei Federal também reconheceu Maria como sendo a protetora do Brasil.

Rosa de Ouro

Na festa de 250 anos da devoção, em 1967, o Papa Paulo VI ofereceu ao Santuário a Rosa de Ouro, gesto repetido pelo Papa Bento XVI, que ofereceu outra Rosa, em 2007, por ocasião de sua Viagem Apostólica ao Brasil, reconhecendo a importância da devoção a Nossa Senhora Aparecida e do Santuário de Aparecida para o povo brasileiro.

Nova Basílica

O fenômeno de Aparecida é impressionante. Para acolher o numeroso fluxo de romeiros vindos de todo o país, uma nova basílica, bem maior, começou a ser construída em 1955. Por isso, Benedito Calixto, o arquiteto responsável pela obra, idealizou um edifício no formato da cruz grega.

Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida (São Paulo/Brasil)

A igreja tem 168m de largura por 173m de comprimento. Suas naves chegam a 40m de altura e a cúpula central alcança 70m de pé direito. É uma obra impressionante. No dia 4 de julho de 1980, numa celebração eucarística solenemente conduzida pelo Papa João Paulo II, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida foi finalmente consagrada. O santuário de Aparecida é a maior basílica do mundo dedicada à Maria Mãe de Deus.

300 anos de bênçãos da Mãe Aparecida

Como preparação do povo brasileiro para as comemorações do tricentenário, desde agosto de 2014 a imagem jubilar de Nossa Senhora Aparecida peregrinou pelos 26 estados brasileiros e pelo Distrito Federal. Na ocasião, foi recolhida uma porção de terra de cada capital para compor a coroa jubilar. A coleta, era realizada durante a celebração de encerramento da visita da Imagem no Estado.

O ano jubilar teve início no dia 12 de outubro de 2016 com uma programação intensa de devoção e obras de fé. Durante todo o ano de 2017 o Santuário Nacional se preparou para celebrar em outubro, o Jubileu dos 300 anos de Aparecida. A cada mês no dia 12, os devotos se reuniam em torno do Altar Central para acompanhar a Cerimônia de Coroação de Nossa Senhora Aparecida, um momento para homenagear e agradecer as graças e bênçãos recebidas de Deus, por intercessão da Mãe Aparecida.

“Ó, incomparável Senhora da Conceição Aparecida, Mãe de meu Deus, Rainha dos Anjos, Advogada dos pecadores, Refúgio e Consolação dos aflitos e atribulados, ó Virgem Santíssima; cheia de poder e bondade, lançai sobre nós um olhar favorável, para que sejamos socorridos em todas as necessidades”. Amém!

Fontes: nossasagradafamilia.com.br / formacao.cancaonova.com / a12.com/santuario/historia-de-nossa-senhora-aparecida

 

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"Eu te bendigo, Pai, (...) porque escondeste estas coisas dos sábios e dos inteligentes e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11,25).

Conheça a história dos Pastorinhos de Fátima:

Francisco dos Santos Marto nasceu em 11 de junho de 1908 em Aljustrel, um lugar na serra, freguesia de Fátima, região de Ourém, distrito de Santarém. No dia 20 do mesmo mês, ele foi batizado. Os pais, Manuel Pedro Marto e Olimpia de Jesus, eram camponeses. Olimpia, ao ficar viúva, casou-se com Manuel Marto e teve cinco filhos: Francisco, o penúltimo e Jacinta, a última. Com os dois filhos do primeiro matrimônio, Olimpia teve nove. Francisco e Jacinta eram primos de Lúcia porque sua mãe Olimpia era irmã do pai de Lúcia, Antônio dos Santos. Francisco tinha dois anos quando, em 5 de outubro de 1910, Portugal se tornou uma república.

Francisco, o contemplativo

Quarto de Francisco (Valinhos/Portugal)
Valinhos, em Portugal

Em 1916, aos sete anos de idade, começou a levar o rebanho para o pasto, junto com sua prima Lúcia. A pequena Jacinta se juntou a eles. A poucos passos das casas baixas ou mais adiante, para Valinhos, ou Loca do Cabeco e para a Cova da Iria, de propriedade da família de Lucia, onde havia grama abundante para o rebanho próximo ao trigo.

Em 1916, a guerra grassava na Europa e os jovens da serra também haviam sido chamados às armas. Três vezes o Anjo da Paz, o Anjo de Portugal, visitou os três pastores. Na primavera o Anjo parecia um jovem de 14 ou 15 anos. Ele ensinou-lhes a oração de adoração: “Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam”.

Valinhos, em Portugal

Francisco tinha quase oito anos de idade. Enquanto Lucia viu, ouviu e falou, e Jacinta viu e ouviu, Francisco apenas viu. Mas é precisamente essa circunstância, um pouco humilhante especialmente para a irmã mais nova, que destaca a grandeza da virtude de Francisco. No verão, o Anjo de Portugal apareceu no poço da casa de Lucia e disse aos pastorinhos que orassem muito e oferecessem sacrifícios. Essa ansiedade de reparação que é enxertada em uma natureza tão bem disposta à compaixão e sacrifício, se tornará a alma da vida espiritual de Francisco, um dos videntes de Nossa Senhora de Fátima.

Acometido pela febre espanhola que se alastrou por Portugal em 1918, depois de um longo tempo no hospital, teve o seu rosto iluminado por um sorriso maravilhoso e, sem sofrer, o pastorinho de Aljustrel passou a contemplar no Céu aquele "Jesus escondido" que tanto amara na terra. Era 4 de abril de 1919. Foi sepultado no cemitério paroquial, onde permaneceu até 13 de março de 1952, quando foi trasladado para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima.

Jacinta, a flor do perfume da compaixão

Jacinta, irmã mais nova de Francisco, nasceu em 11 de março de 1910, sendo batizada no dia 19. Era a época do confronto entre a nova república e a Igreja. O anticlericalismo, que felizmente não tocou o ambiente da serra, prevaleceu. O pai, Manuel Pedro Marto, esteve em Moçambique durante as lutas coloniais. Ele era um homem de profunda fé, de devoções sentidas, que transmitiu a seus muitos filhos. Ele era um cristão, que com o povo de Aljustrel aos domingos frequentava a igreja de Fátima e participava de feriados religiosos.

Peregrinos da SacraTour em visita à Valinhos (Portugal)

Jacinta era uma criança como todas as outras. Brincava, queria sempre ganhar, também gostava de tomar os cordeirinhos, que colocava de bom grado ao redor do pescoço imitando a imagem do Bom Pastor que havia sido mostrado a ela. Em 1916, com Lucia e Francisco, recebeu a visita do Anjo da Paz de Portugal. Ela tinha apenas seis anos quando, imitando o Anjo, aprendeu a se curvar à terra em adoração. Ela experimentou as aparições impressionadas pelo rosto gentil de Nossa Senhora, pela insistência de orar pelos pecadores, do chamado à penitencia. Jacinta viu que não era preciso ganhar sempre, que tinha quem sofria profundamente e que ela podia colocar a sua vida em oração por essas pessoas.

Peregrino SacraTour em visita à Valinhos (Portugal)

Durante a doença de Francisco, Jacinta foi atingida pela febre espanhola, mas não fez pesar sua enfermidade a seus entes queridos, em vez disso tentou fazer convergir todas as atenções para seu irmão mais novo.

Peregrina SacraTour em visita à Valinhos (Portugal)

Um pouco menos de um ano após o falecimento de Francisco, no dia 20 de fevereiro de 1920, conforme a predição recebida de Nossa Senhora sobre os seus últimos dias, Jacinta partiu desta terra rumo ao céu, com apenas 7 anos de idade. Atualmente está sepultada na Basílica de Fátima e seu corpo encontra-se incorrupto.

Lucia, uma vida traçada por Nossa Senhora

Lucia (Fátima/Portugal)

A família era simples, profundamente enraizada nos valores cristãos, rica em humanidade e aberta às necessidades dos outros. Maria Rosa era a catequista da paróquia. Ele sabia ler, como poucas mulheres na época, e, apaixonada pela Bíblia, relatava os episódios para os filhos. Lúcia recebeu sua primeira comunhão em 30 de maio de 1913, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, na igreja paroquial de Fátima. Aos sete anos e meio ela começou a trazer o rebanho da casa para o pasto. Mais tarde, juntaram-se os primos Francisco e Jacinta, com quem havia uma profunda harmonia, apesar de terem personalidades diferentes.

A aparição do Anjo aos três pastorinhos de Fátima (Portugal)

Em 1916 ela recebeu a visita do Anjo da Paz de Portugal com quem ela só podia falar. Em 1917, vieram as aparições de Nossa Senhora. Aos 16 anos foi admitida nas Filhas de Maria e decidiu consagrar-se a Deus com o voto de castidade perpétua. No Asilo de Vilar, ela passou quatro anos, o que marcou sua vida, sobretudo porque teve que viver no anonimato e sem poder continuar seus estudos.

Quarto de Lucia (Valinhos/Portugal)
Peregrino SacraTour em visita à Valinhos (Portugal)

No verão de 1925, ela sentiu um forte desejo de ser religiosa e falou com sua mãe. Passaram momentos felizes juntas, recordando fatos e episódios da casa, de aldeia em aldeia, cantando as melodias da serra. Também recebeu confirmação naquele ano. O desejo de se tornar uma carmelita estava sempre vivo nela, mas somente depois de viver anos no convento das Irmãs de Santa Dorotéia, finalmente, em 25 de março de 1948, na solenidade da Anunciação, ela pôde entrar no Carmelo de Coimbra e no dia 13 de maio recebeu o vestido carmelita.

Em 31 de maio de 1949, fez votos solenes de pobreza, castidade e obediência. E nesta data, a ela foi atribuída uma cela, onde viveu por 57 anos, até sua morte em 13 de fevereiro de 2005. Ela era simples, generosa e sorridente. Trabalhou em conjunto, com grande liberdade de espírito; cuidou do jardim e respondeu a todos aqueles que lhe escreveram de todo o mundo. Fala-se de dez mil cartas. Acredita-se que ela tenha recebido outras visitas do céu. Infelizmente, ela não deixou nenhum registro escrito.

Portugal

Ela se encontrou em Fátima com Paulo VI em 13 de maio de 1967. Na Cova da Iria a multidão era imensa. Albino Luciani, futuro João Paulo I, conheceu-a no dia 11 de julho de 1977 no Carmelo de Coimbra. João Paulo II conheceu-a em Fátima em 1982, 1991 e 2000, por ocasião da beatificação de Francisco e Jacinta. Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação da Fé, futuro Papa Bento XVI, visitou-a no Carmelo de Coimbra em outubro de 1996.

Casa de Lucia (Valinhos/Portugal)

O corpo da Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Imaculado Coração, foi sepultado no claustro do Carmelo de Coimbra. Em 19 de Fevereiro de 2006, um ano após sua morte, seu corpo foi colocado na capela à esquerda, olhando para o altar de Nossa Senhora da Basílica do Rosário, ao lado de sua prima Jacinta.

Canonização de Francisco e Jacinta

Pintura Oficial da Representação de Francisco
Pintura Oficial da Representação de Jacinta

Eles são as primeiras crianças não martirizadas a serem proclamadas santas. Os primeiros em dois milênios da história da Igreja. 13 de maio de 2017 foi a data escolhida para a canonização dos dois pastorinhos de Fátima: Francisco e Jacinta Marto. Neste mesmo dia no ano 2000, João Paulo II celebrava sua beatificação. O Papa Francisco, durante a sua visita a Portugal, por ocasião do centenário das aparições marianas, elevou-os à gloria do altar durante a celebração eucarística realizada na praça em frente ao Santuário de Fátima.

O dia escolhido para a celebração da festa dos santos irmãos foi o dia do falecimento de Santa Jacinta, 20 de fevereiro. Aqui no Brasil a data passou a ser feriado municipal na cidade Campo Mourão, no Paraná, cidade onde nasceu Lucas, a criança que o Vaticano aceitou o milagre por intercessão dos pastorinhos para elevá-los ao altar como santos.

A iconografia escolhida para simbolizar os santos é muito rica. Na aureola de Santa Jacinta tem 3 elementos significativos da sua vida de oração. Jacinta que ofereceu a sua vida pelo santo padre, pelos pobres pecadores, pelos que mais precisam, era toda coração. Uma vida entregue ao Senhor. O primeiro elemento, à esquerda, simboliza o santo padre, o Papa, a quem ela tanto pedia orações. No centro, acima de sua cabeça, tem o coração de Nossa Senhora cercado de espinhos. E, por fim, tem uma representação da Virgem de Fátima, para fazer alusão às aparições de Nossa Senhora.

Já Francisco era um eterno adorador de Jesus na Eucaristia. Ele ia à sua Igreja Paroquial para fazer seu momento de adoração a “Jesus Escondido”, o Cristo que estava colocado no Sacrário. Ali ele encontrava o rosto de seu Amigo. Por isso, na auréola de São Francisco temos primeiro a representação do Anjo de Portugal, o anjo da loca do cabeço que lhe deu a Eucaristia.

Acima, no meio da sua auréola, temos a Sarça Ardente, episódio do antigo testamento em que Moisés é convidado a tirar as sandálias dos pés, pois está em um lugar santo, ou seja, um momento do antigo testamento de verdadeira adoração. E, por fim, o Cálice e a Óstia, simbolizando literalmente Corpo e Sangue de Cristo.

Diante de crianças tão comuns e que encontraram em Nossa Senhora o caminho ao Senhor, podemos entender as palavras do Papa Francisco que pelos pastorinhos “encontramos novamente o rosto jovem e belo da Igreja”.

Fonte: lachiesa.it / Santi e Beati / Avvenire.it

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Desde os primórdios do cristianismo as aparições marianas provocam reservas e perplexidades, bem como curiosidade e adesão fervorosa. Cabe ao magistério dos pastores da Igreja investigar, discernir e autenticar a veracidade desses fenômenos.

Aparições e Revelações

Até a Idade Média as revelações privadas, as aparições marianas e outros fenômenos correspondentes, estavam sujeitos, por um lado, às regras de discernimento estabelecidas pelos teólogos, e, por outro - quando se tratava de fatos públicos - à pesquisa, cujas modalidades eram refinadas a partir de dados empíricos.

Maria, mãe de Jesus

A primeira investigação oficial deste tipo se concentra nas revelações de Santa Brígida († 1373): a notoriedade desfrutada por sua difusão no cristianismo, a influência que exercem sobre o povo de Deus, confere-lhes caráter público. Por esta razão, o Concílio de Basiléia (1431-1448) decidiu examiná-los. Vários teólogos se mobilizaram, argumentando a favor ou contra, elaborando assim as primeiras exposições sistemáticas sobre como verificar e analisar os fatos relacionados às aparições.

Escapulário de Nossa Senhora do Carmo

Após a celebração do Concílio Vaticano II (1962-1965) e antes da promulgação, em 1983, do Código de Direito Canônico (CIC) por João Paulo II, a Congregação para a Doutrina da Fé, após quatro anos de estudo, a partir de novembro de 1974, ainda vivendo Paulo VI, escreveu, em 25 de fevereiro de 1978, um documento provisório e sub-secreto para ser usado pelas autoridades eclesiásticas competentes, intitulado: Normae S. Congregationis pro Doctrina Fidei de modo procedendi in diudicandis praesumptis apparitionibus ac revelationibus (Normas da S. Congregação para a Doutrina da Fé sobre Normas para proceder sobre o discernimento de possíveis aparições e revelações).

Nossa Senhora Rainha

Estas Normas da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé foram tornadas públicas pela mesma Congregação em 2012, versando sobre o procedimento de verificação das aparições, como elencamos a seguir:

  • informações precisas dos fatos através da observação e coleta de testemunhos dignos de fé;
  • um exame sério da mensagem subjacente ao evento sobrenatural, que não devia estar em contraste com a fé cristã;
Nossa Senhora de Guadalupe
  • um diagnóstico médico-psicológico rigoroso para averiguar a saúde e normalidade do visionário, também para descartar a possibilidade de fenômenos alucinatórios;
  • conhecer o grau de instrução do vidente, seu conhecimento da doutrina, sua vida espiritual e sacramental, seu grau de comunhão eclesial;
Nossa Senhora de Lourdes
  • verificação sobre a realidade dos frutos espirituais, como o retorno à fé do distante, a moralidade e a eclesialidade da existência, a cooperação na evangelização do mundo, das culturas e costumes;
  • determinar possíveis curas milagrosas, que são recebidas devido à aparência reivindicada, curas que devem ser imediatas e estáveis ​​e que são inexplicáveis ​​do ponto de vista da ciência e da medicina;
Nossa Senhora
  • realização de um rigoroso julgamento necessário da igreja, que tem o grave dever pastoral de averiguar, autenticar e promulgar a autenticidade ou a não autenticidade dos fatos alegados.
Nossa Senhora do Rosário

O processo e as competências específicas daqueles que são gradualmente chamados a dar um juízo de autenticidade ou não aos fatos "sobrenaturais", são, portanto, bastante claros. E, de acordo com a experiência eclesiástica bem estabelecida e os ditames jurídico-pastorais emitidos pelo Código de Direito Canônico de 1978, são eles:

  • o bispo diocesano em primeira instância;
  • a Conferência Episcopal Nacional;
  • a Congregação para a Doutrina da Fé, em nome da Sé Apostólica.
Nossa Senhora de Medjugorje

Os critérios

O bispo diocesano, a Conferência Episcopal, a Congregação para a Doutrina da Fé, no processo de discernimento e verificação dos fatos alegados "além da natureza", procedem, portanto, com um triplo critério com julgamento relativo que resumimos:

1) o critério positivo, segundo o qual "transcendência é estabelecida", o que significa que o fenômeno em questão não pode ser explicado pelo recurso às ferramentas cognitivas de que dispomos (os instrumentos das ciências físicas e das ciências humanas) e ao mesmo tempo traz em si aquelas características que os crentes reconhecem como "impressões" e “sinais” do Deus de Jesus Cristo, constituindo assim uma manifestação inesperada, mas credível;

Sagrada Família de Nazaré (Jesus, Maria & José)

2) o critério negativo, segundo o qual "a não-transcendência" dos fatos alegados é estabelecida; o que significa que eles podem ser totalmente explicados recorrendo aos instrumentos cognitivos das ciências físicas e das ciências humanas e que a tentativa de fazê-los passar como uma manifestação sobrenatural e transcendente de Deus é equivalente a uma mentira explícita;

Nossa Senhora do Carmo

3) o critério de esperar e ver de acordo com o qual a "transcendência não é estabelecida"; o que significa que o fenômeno examinado ainda não destaca clara e indubitavelmente uma origem que vai "além" do que podemos explicar com as ferramentas cognitivas em nosso poder, ao mesmo tempo em que traz em si valores inspirados pela genuína mensagem evangélica . Este é um critério não expressamente contemplado no Código, mas considerado válido para muitos teólogos.

Memória, companhia e profecia

Com relação ao passado, as comissões eclesiásticas submetem os "videntes" a escrupulosos exames espirituais, tentando estabelecer "a verdade" de fenômenos extraordinários. Para este fim, eles são questionados e descrevem os eventos milagrosos; então os membros das comissões ouvem as testemunhas e, finalmente, procuram confirmações dos fenômenos, se o evento prolongado ainda permanece em um "campo de incerteza" (inaudível, inatingível, etc.), pede-se um relatório escrito por um especialista no assunto.

Contudo, não se pode deixar de acrescentar que as aparições marianas (ou mariofanias) são um fato inegável na história do povo crente, particularmente em algumas viradas decisivas de seu caminho não fácil para Deus. Elas expressam uma memória, manifestam uma companhia, anunciam uma profecia.

Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, na França

Memória, companhia e profecia, que são também características de autênticas mariofanias, nada acrescentam ao rigoroso e essencial depositum fidei, mas são como um olhar-se no “espelho” do Espírito, no qual o povo de Deus, na diversidade de seus carismas e ministérios pode redescobrir a graça e a substância da sua vocação em Cristo como sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano na martyria, na leiturghia, na caridade, num preciso e determinado tempo humano e histórico.

Nossa Senhora da Conceição

Fontes: Catechismo della chiesa cattolica, LEV, Città del Vaticano, 1997 (CCC), 85-87. / Congregazione per la dottrina della fede. Norme per procedere nel discernimento di presunte apparizioni e rivelazioni, LEV, Città del Vaticano, 2012. / K. Rahner, Visioni e profezie. Mistica ed esperienza della trascendenza, Vita e Pensiero, Milano 1995 (or. ted. 1952); R. Laurentin, Introduzione, in R. Laurentin – P. Sbalchiero (ed.), Dizionario delle «apparizioni» della Vergine Maria, Edizioni ART, Roma 2010, 19-55.

Texto de Prof. Delci Filho

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Medjugorje que significa "no meio dos montes", está localizada na Herzegovina, uma província croata da Bósnia e Herzegovina, uma das repúblicas que formaram a antiga Iugoslávia.

A população da Herzegovina é de etnia croata e professa a religião católica, que preservou por quase quatrocentos anos de dominação turca, que durou de 1400 até a segunda metade do século XIX.

Nossa Senhora Rainha da Paz de Medjugorje (Bósnia e Herzegovina)

Esta perseverança foi possível sobretudo graças aos franciscanos que evangelizaram essas terras e depois mantiveram viva a fé, ao preço das vidas de muitos frades, durante o governo dos turcos. Ainda hoje a maioria das paróquias são confiadas aos franciscanos.

Igreja de São Tiago (Medjugorje/Bósnia e Herzegovina)

O início das aparições

Em 24 de junho de 1981, no final da tarde, duas meninas primeiro, e depois quatro outros pares, do lado de fora da cidade de Bijakovici, uma das aldeias que compõem a aldeia de Medjugorje e que fica nas encostas da colina chamada Podbrdo, viram a figura luz de uma jovem mulher, com um manto cinza e um véu branco, que tinha um filho recém-nascido nos braços, mas permaneceu em silêncio.

Eles foram tomados por grande medo, tanto que no início eles fugiram.

Na ocasião da segunda aparição, em 25 de junho, houve o primeiro contato verbal entre a aparição e o grupo dos seis videntes: Vicka Ivankovic (16), Mirjana Dragicevic (16), Marija Pavlovic (16), Ivanka Ivankovic (15) , Ivan Dragicevic (16) e Jokov Colo (10).

As notícias das aparições se espalharam com rapidez de relâmpago, causaram a chegada de grandes multidões, lembrando também a atenção tanto das autoridades eclesiásticas locais quanto do governo comunista da época, que cercou a colina impedindo que alguém a acessasse.

Medjugorje, na Bósnia e Herzegovina

A partir daquele momento, os videntes continuaram a vê-la em lugares diferentes, sempre por causa do impedimento da polícia, tanto juntos quanto separadamente, mas sempre ao mesmo tempo.

Os lugares eram de tempos em tempos e por um certo período suas casas, uma pequena sala ao lado do altar da igreja, a casa canônica, etc.

Já nos primeiros dias das aparições, Nossa Senhora se apresentou como a Santíssima Virgem Maria e como a Rainha da Paz.

Ela também deu aos videntes essa mensagem fundamental: "Eu vim para dizer ao mundo que Deus existe e que em Deus existe vida. Aqueles que encontrarem Deus encontrarão paz e vida".

O objetivo dessas mensagens é pedir insistentemente à toda a humanidade, isto é, a todos nós, a urgência de retornar ao Evangelho como critério de vida, se quisermos evitar que o mundo caia em catástrofe.

Os segredos

Nossa Senhora também comunicou aos videntes o que é comumente chamado de "segredos" que são eventos, em sua maioria sérios, que ocorrerão na medida em que a humanidade não queira se converter

Mas nós podemos, se não cancelar, pelo menos mitigá-los com oração e jejum.

Ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com os segredos de Fátima, cada segredo de Medjugorje será comunicado ao mundo três dias antes de ocorrer, como prova da veracidade do aviso, mas, nesse momento, será tarde demais para mudar seu curso.

Três desses videntes: Vicka, Marija e Ivan ainda hoje, obviamente separadamente, a Rainha da Paz aparece-lhes diariamente ao mesmo tempo, onde quer que estejam.

Para os outros três, as aparições diárias terminaram, mas todos ainda têm pelo menos uma por ano.

Medjugorje, na Bósnia e Herzegovina

As mensagens

Para a vidente, Marija Pavlovic, A Rainha da Paz, de 1º de março de 1984 a 8 de janeiro de 1987, enviou uma mensagem toda quinta-feira.

A partir de 25 de janeiro de 1987, essas mensagens se tornaram mensais e ainda são dadas hoje no dia 25 de cada mês.

Inicialmente, essas mensagens foram dirigidas principalmente à paróquia de Medjugorje, mas depois foram e ainda são dirigidas ao mundo inteiro, trazendo grandes frutos espirituais.

As mensagens que vêm de Medjugorje são tão profundamente evangélicas que constituem um sinal da presença de Nossa Senhora, a Rainha da Paz!

Elas não dizem nada mais do que o Evangelho, nem poderiam fazê-lo, mas sublinham algumas passagens que talvez não tenhamos entendido e que certamente não colocamos em prática.

Monte Podbrdo (Medjugorje/Bósnia e Herzegovina)
A espiritualidade

Medjugorje é acima de tudo um movimento de peregrinos. Até agora, milhões de pessoas de todo o mundo já foram a este local de peregrinação.

Outra característica de Medjugorje é que é um movimento da paz, que produz seus efeitos de dentro para fora.

Neste lugar, o dom da paz é sentido nos corações e a pessoa está disposta a transferir essa paz para os outros, no ambiente de vida: no casal e na família, para os vizinhos e para a comunidade, no ambiente de trabalho e na política.

Desta forma, além de sua própria experiência de conciliação e paz, o nome com o qual Nossa Senhora se apresentou aos videntes é justificado: “eu sou a Rainha da Paz”.

Em terceiro lugar, Medjugorje também pode ser definido como um movimento de renovação, que efetivamente renova a vida religiosa do indivíduo, de grupos e comunidades.

Um grande número de pessoas viveu profundas experiências religiosas em Medjugorje: curas físicas e espirituais, conversões, renovação da oração e da fé, impulsos para um jejum saudável, libertação das dependências.

Medjugorje, na Bósnia e Herzegovina

O resultado mais notável desta renovação são os grupos de oração fundados pelos peregrinos após o retorno de Medjugorje em suas respectivas comunidades paroquiais.

Esses grupos se reúnem regularmente, geralmente todas as semanas para orar e adorar, para recitar o rosário e o louvor, para ler as Sagradas Escrituras e trocar idéias sobre o Evangelho e a vida cristã.

Finalmente, Medjugorje é também um movimento de ajuda humanitária.

Isso ficou particularmente evidente quando a guerra nos Bálcãs começou e se espalhou para a Bósnia e Herzegovina.

Milhões de peregrinos, que receberam dons espirituais em Medjugorje, deram sua ajuda material: comida, roupas, remédios e outros itens de ajuda, dinheiro e paternidade para crianças que se tornaram órfãs e para as vítimas da guerra.

O Vaticano e as peregrinações

Uma nova virada radical no mundo da Igreja assinada pelo Papa Francisco, no dia 12 de maio de 2019, autorizou peregrinações a Medjugorje, um destino ainda não oficialmente reconhecido pelo Vaticano como um local de culto em que os milagres ainda não são autenticados.

De acordo com o Papa Francisco, os fiéis poderão agora reassumir suas peregrinações a Medjugorje (na Bósnia), embora a Igreja ainda careça de um milagre autenticado.

O porta-voz do Papa destacou que tudo deve ser organizado "sempre tendo o cuidado de evitar que essas peregrinações sejam interpretadas como uma autenticação de eventos conhecidos, que ainda exigem um exame da Igreja”.

Portanto, deve-se evitar que tais peregrinações criem confusão ou ambigüidade sob o aspecto doutrinário. Isto também diz respeito aos sacerdotes que pretendem ir a Medjugorje e celebrar ou concelebrar a Eucaristia.

Gisotti também afirmou que "dado o fluxo considerável de pessoas que vão para Medjugorje e os abundantes frutos de graça que se seguiram, esta disposição é parte da atenção pastoral particular que o Santo Padre pretendia dar a essa realidade, visando favorecer e promovendo bons frutos

Grupo de peregrinos SacraTour em Medjugorje (Bósnia e Herzegovina)

Deste modo, o visitante apostólico terá maior facilidade em estabelecer - de acordo com os ordinários dos lugares - relações com os sacerdotes encarregados de organizar peregrinações a Medjugorje, como pessoas seguras e bem preparadas, oferecendo-lhes informações e indicações para serem capazes de conduzir proveitosamente tais peregrinações”.

Grupo de peregrinos SacraTour em Medjugorje (Bósnia e Herzegovina)

Nossa Senhora, Rainha da Paz, rogai por nós.

Fontes: medjugorje-oggi.org / avvenire.it/chiesa/pagine/medjugorje-ecco-che-cosa-sappiamo / vaticannews.va/it/papa/news/2019-05/papa-francesco-autorizza-i-pellegrinaggi-a-medjugorje

Texto de Prof. Delci Filho

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Temos buscado abrigo em nossos lares mais do que nunca. Muitos de nós estamos ficando em casa por mais tempo do que era habitual. Nesses momentos, somos levados a perceber que nossa casa, além de ser nosso abrigo, também pode servir como um local de acolhida para nossos sentimentos. E também podemos pensar em muitas casas, ou abrigos, que foram importantes e serviram de amparo na vida de Jesus.

Mas, existe um lugar especial que nos remete ao aconchego de casa de mãe, ou de vó, que são lugares em que muitos de nós gostaríamos de estar agora. Então, nós te convidamos a Peregrinar de sua casa pela casa de nossa Mãe, um lugar muito especial e que não é apenas um. Vamos entender:

Santuário da Santa Casa de Loreto (Itália)

A região de Loreto, na Itália, foi desenvolvida ao redor de um santuário que é de extrema importância para nós, católicos. Nele encontramos a Santa Casa de Loreto que foi cenário de um momento muito relevante na vida de Maria e também de Jesus Cristo. Conta-nos a tradição que foi nessa casa que a Virgem Maria cresceu em companhia de seus pais, Santa Ana e São Joaquim. A Casa também representa um marco, foi nela que Maria recebeu o anúncio do Anjo Gabriel. Ou seja, essa Santa Casa foi palco do momento em que a Virgem disse o sim e aceitou gerar Jesus e deste momento o verbo se fez carne e deu-se início a redenção da humanidade.

Loreto, na Itália

Deu para ver que essa casa tem muita importância para nós, católicos, não é mesmo?! Mas há um fato curioso em tudo isso. Em Nazaré, Terra Santa, há a Basílica da Anunciação, um local onde podemos ver a Gruta da Anunciação. Todos os anos peregrinos do mundo inteiro visitam a gruta onde se deu a anunciação à Maria. Mas no início dissemos que a Santa Casa está na Itália. Qual a explicação para isso? Seria uma réplica?

Não. A Santa Casa que se encontra em Loreto é a casa em que Maria passou sua juventude e recebeu a visita do anjo. Foi por volta de 1291 que a Santa Casa foi transportada para a Itália. Posteriormente houve a construção do belíssimo Santuário de Nossa Senhora de Loreto, um local de intensa peregrinação.

Nossa Senhora de Loreto (Itália)

A Legitimidade

O fato que parece indiscutível é o de que a casa que está em Loreto é a mesma que estava em Nazaré. Essa segurança vem de anos e anos de estudos. Profissionais de diversas áreas com estudos envolvendo arqueologia, arquitetura, geologia, entre outros, se debruçaram para entender o fenômeno da Santa Casa. Os estudiosos comprovaram que os tijolos, a argamassa e até mesmo o modo de construção não tem qualquer relação com a Itália e a origem da Santa Casa de Loreto parece ser unânime.

Santuário da Santa Casa de Loreto (Itália)

O que foi cientificamente comprovado é que as três paredes que estão em Loreto são as três paredes que já estiveram em Nazaré na época de Jesus. Estudos apontam que há inscrições nas paredes da Santa Casa de Loreto feitas em grego e com duas letras em hebraico “ Jesus Criste uie tu zeu”, que quer dizer “Ao Jesus filho de Deus”. A mesma invocação usando as mesmas palavras pode ser encontrada em Nazaré, na Gruta. Na Basílica da Anunciação, em Nazaré, vemos a quarta parede e também os alicerces da constituição da totalidade da casa.

Por que a Santa Casa teve que sair de Nazaré?

No final do séc. XIII, especificamente em 1291, os sarracenos-muçulmanos estavam conquistando a Terra Santa e tinham com objetivo destruir todos os lugares que fossem sagrados para os cristãos. Já podemos imaginar que a Santa Casa foi alvo dessa perseguição. Para que a Santa Casa não fosse destruída, era preciso algum tipo de medida urgente. E foi neste contexto que a casa dos avós de Jesus foi retirada de Nazaré.

O que intriga e divide opiniões é: A casa teria sido transportada por anjos celestiais ou por intervenção humana?

Para essa questão pode existir duas respostas. E mesmo se você já tiver sua opinião formada sobre o modo como a Santa Casa foi transportada, vale a pena ver o que dizem os dois lados.

Santa Casa de Loreto (Itália)

Escolha qual versão você quer ler primeiro:

Uma explicação lógica e racional:

Os estudos em torno dos fatos sobre a Santa Casa sempre foram numerosos. Atualmente existe uma teoria também aceita por alguns religiosos que diz que a Casa teria sido transportada com o auxílio dos homens e não por uma obra celestial.

Provavelmente a ajuda humana teria vindo dos Cruzados que fugiam da Terra Santa. Essa justificativa se dá pelo período histórico em que a casa foi encontrada em Loreto, esse período coincide com a última Cruzada e com os dias da queda de Jerusalém diante dos mulçumanos. Segundo essa hipótese, foi uma família nobre e cristã com o sobrenome ANGELI (anjos) que ao fugir da Terra Santa ordenou o transporte da Santa Casa. Os anos e a tradição popular teriam transformado o sobrenome dos Anjos em um mistério envolvendo anjos celestiais. Além disso, estudiosos afirmam ter encontrados documentos secretos no Vaticano que mencionavam a intervenção humana no transporte da Santa Casa de Loreto.

Santuário da Santa Casa de Loreto (Itália)

Outra justificativa dos feitos da família Anjos foi a análise de alguns documentos que mostram que a família teria relação com a relíquia por meio de uma jovem chamada Tamara. Segundo um documento que lembra uma forma de inventário, ela teria levado como dote para seu futuro marido, Felipo Angeli, pedras sagradas tiradas da casa da Virgem mãe de Deus. O casamento coincide com a data de 1294, que foi a data que a Santa Casa chegou a Loreto. Outro fato relevante que explica a intervenção humana foi a descoberta, durante as escavações em Loreto, de duas pequenas cruzes de tecido tipicamente usadas pelos Cruzados.

Toda a história envolvendo o transporte da Santa Casa, embora seja interessante e até certo ponto polêmica, não é essa a real importância da Santa Casa. Devemos nos lembra do sentimento de acolhida e esperança que este lugar simboliza para nós, foi nele que a Virgem recebeu os designíos divinos. Que possamos viver em nossas casas uma esperança renovada, assim como ela foi renovada na Santa Casa.

 

O milagre da Transladação:

Entre as dúvidas colocadas aos que acreditam na ajuda humana, está a do transporte: como as três paredes foram transportadas? Cabe pensar que para o transporte da Casa de Nazaré até o mar Adriático são necessários mais de dois mil quilômetros. Além disso, a Casa passou por pelo menos cinco lugares diferentes até chegar ao local que está hoje. Como essa viagem poderia ter sido feita com aparente facilidade no fim do séc. XIII?

 Outro fator que corrobora para o entendimento do milagre é a construção. Os muros da Casa, as três paredes, não tem marcas de reconstrução, o que fez com que estudiosos chegassem a conclusão de que ela foi transportada inteira, sem alterações. Se tivesse sido transportada por homens, a casa teria que ter sido reconstruída muitas vezes e rapidamente e esses são fatos sem qualquer registro. A casa também não possuía alicerces e foi coloca no meio de uma vala em estrada pública. Dada a grande engenhosidade que envolvia transportar uma casa, não há muito sentido em deixá-la num local fora de estratégia e perigoso.

Os fatos religiosos também auxiliam no esclarecimento do milagre; muitos santos vivenciaram as revelações místicas das transladações da Casa, como é o exemplo de Santa Catarina de Bologna. Ela deixou um relato escrito dizendo como a Casa foi transportada pelos anjos celestiais. Entre as aprovações Papais mais expressivas, temos a de Pedro XV que declarou que a Virgem venerada na igreja de Loreto era a Padroeira da aviação confirmando a verdade histórica da transladação da Casa.

Santa Casa de Loreto (Itália)

Toda a história envolvendo o transporte da Santa Casa, embora seja interessante e até certo ponto polêmica, não é essa a real importância da Santa Casa. Devemos nos lembrar do sentimento de acolhida e esperança que este lugar simboliza para nós, foi nele que a Virgem recebeu os desígnios divinos. Que possamos viver em nossas casas uma esperança renovada, assim como ela foi renovada na Santa Casa.

Santuário da Santa Casa de Loreto (Itália)
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Nós aprendemos, e já nem sabemos quando, que Nossa Senhora apareceu a 3 pastorinhos em Fátima, no interior de Portugal e, quando muito, sabemos que foi lá no início do século passado – afinal, já temos lembrança que foi comemorado o centenário das aparições, não é mesmo?

Mas e se perguntarmos sobre quem eram estas crianças, o que Nossa Senhora lhes falou, como isso tem a ver com os nossos dias e o que podemos mudar a partir dessa aparição, você saberia responder?

Então, prepare-se e mergulhe conosco na história da aparição de Nossa Senhora em Fátima!

As Aparições em Fátima- Memórias da Irmã Lúcia

Imagem de Nossa Senhora de Fátima - Portugal

13 de maio: uma data muito especial

Nossa Senhora de Fátima

Dia 13 de maio de 1917 – Andando a brincar com a Jacinta e o Francisco, no cimo da encosta da Cova da Iria, a fazer uma paredita em volta duma moita, vimos, de repente, como que um relâmpago.

– É melhor irmos embora para casa, – disse a meus primos – que estão a fazer relâmpagos; pode vir trovoada.

– Pois sim.

Pastorinhos de Fátima: Lúcia, Francisco e Jacinta

E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direção à estrada.

Ao chegar, mais ou menos a meio da encosta, quase junto duma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e, dados alguns passos mais adiante, vimos, sobre uma carrasqueira, uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol, espargindo luz, mais clara e intensa que um copo de cristal, cheio d’água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.

Paramos surpreendidos pela aparição.

Estávamos tão perto, que ficávamos dentro da luz que A cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos.

Então Nossa Senhora disse-nos:

– Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.

– De onde é Vossemecê? – lhe perguntei.

– Sou do Céu.

– E que é que Vossemecê me quer?

– Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.

– E eu também vou para o Céu?

– Sim, vais.

– E a Jacinta?

– Também.

E o Francisco?

– Também, mas tem que rezar muitos terços.

Lembrei-me, então, de perguntar por duas raparigas que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com minha irmã mais velha.

– A Maria das Neves já está no Céu?

– Sim, está.

Parece-me que devia ter uns 16 anos.

– E a Amélia?

– Estará no purgatório até ao fim do mundo.

Parece-me que devia ter de 18 a 20 anos.

– Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?

– Sim, queremos.

– Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.

Foi ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus, etc.) que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos.

Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:

– Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.

Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:

– Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.

Imagem de Nossa Senhora de Fátima e seus dizeres

Em seguida, começou-se a elevar serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que a circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo por que alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu.

Parece-me que já expus, no escrito sobre a Jacinta ou numa carta, que o medo que sentimos não foi propriamente de Nossa Senhora, mas sim da trovoada que supúnhamos lá vir; e dela, da trovoada, é que queríamos fugir. As aparições de Nossa Senhora não infundem medo ou temor, mas sim surpresa.

Era o ano de 1916. Perto da Cova da Iria, a família de Lucia de Jesus, então com 9 anos, tinha um pequeno terreno cultivável onde ela e seus dois primos, Francisco, de 8 anos, e Jacinta, 6 anos, conduziam um pequeno rebanho. Assim, para os preparar para o encontro Com Nossa Senhora, os Pastorinhos foram visitados pelo Anjo.

1 - As aparições do Anjo

A Loca do Cabeço, local da primeira e a terceira aparição do anjo aos pastorinhos em Fátima

1ª Aparição – ainda na primavera, na Loca do Cabeço, tendo almoçado e feito sua oração, os pastorinhos começaram a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se estendiam em direção ao Nascente, uma luz mais branca que a neve, transparente, com a forma de um jovem, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol.

À medida que se aproximavam, podiam distinguir suas feições. Num misto de surpresa e meditação, em silêncio, ouviram o Anjo lhes dizer: “Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo: Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-- Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Orai assim: Os Corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz das vossas súplicas”.

Relata a Irmã Lúcia: “A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão intensa que quase não dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração.

A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima, que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo.

Nesta Aparição, nenhum pensou em falar, nem em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também, maior impressão, por ser a primeira assim manifesta” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

Calvário Húngaro, em Valinhos (Fátima/Portugal)

2ª Aparição – já na primavera, com sol a pino, provavelmente em junho, no poço, o Anjo lhes aparece mais uma vez e diz: “Que fazeis? Orai, orai muito. Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente, ao Altíssimo, orações e sacrifícios”.

Perguntaram, então, ao Anjo, “Como nos havemos de sacrificar?”, ao que o Anjo respondeu “De tudo que puderdes, oferecei a Deus sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai, com submissão, o sofrimento que o Senhor vos enviar”.

Estas palavras do Anjo gravaram em seus corações e lhes fizeram compreender quem era Deus, como os amava e queria ser amado; o valor do sacrifício, e como o sacrifício Lhe era agradável, como por atenção ao sacrifício oferecido, convertia os pecadores.

Daí em diante começaram a oferecer ao Senhor tudo que os mortificava, mas sem procurar outras mortificações ou penitências, exceto a de passarem horas seguidas prostrados por terra, repetindo a oração que o Anjo os tinha ensinado (in Segunda Memória da Irmã Lúcia).

3ª Aparição – provavelmente entre o fim de setembro e início de outubro, novamente na Loca do Cabeço, apareceu o Anjo trazendo na mão um cálice e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálice, algumas gotas de sangue.

Deixando o cálice e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu o Anjo três vezes a oração: “Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido.

E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”.

Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálice e a Hóstia e deu a Lúcia a Hóstia e o que continha o cálice deu-o a beber a Jacinta e Francisco, dizendo, ao mesmo tempo: “Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos.

Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus” e prostrando-se por terra, o Anjo repetiu novamente três vezes a primeira oração e desapareceu. Sobre as aparições do Anjo, Lúcia afirma que “gosto muito de ver o Anjo; mas o pior é que, depois, não somos capazes de nada.

Eu nem andar podia, não sei o que tinha! Apesar de tudo, foi ele [Francisco] quem se deu conta, depois da terceira aparição do Anjo, das proximidades da noite. Foi quem disso nos advertiu e quem pensou em conduzir o rebanho para casa.” Passados os primeiros dias e recuperado o estado normal, perguntou o Francisco:

– O Anjo, a ti, deu-te a Sagrada Comunhão; mas a mim e à Jacinta, o que Ele nos deu?

– Foi também a Sagrada Comunhão? – respondeu a Jacinta, numa felicidade indizível.

– Não vês que era o Sangue que caía da Hóstia?

– Eu sentia que Deus estava em mim, mas não sabia como era!

E prostrando-se por terra, permaneceu por largo tempo, com a sua Irmã, repetindo a oração do Anjo: Santíssima Trindade..., etc. (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

2 – As Aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos

Era 13 de maio de 1917. As três crianças, Lúcia, Francisco e Jacinta, apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém (hoje diocese de Leiria-Fátima), Portugal.

Já estava perto das 12 horas, haviam acabado de rezar seu habitual terço e brincavam de levantar uma pequena casa de pedras soltas (onde hoje está a Basílica).

De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma "Senhora mais brilhante que o sol", de cujas mãos pendia um terço branco.

Casa de Francisco e Jacinta, em Valinhos (Fátima/Portugal)

A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e à mesma hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de junho, julho, setembro e outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria.

A 19 de Agosto, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém.

Na última aparição, a 13 de outubro, estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a "Senhora do Rosário" e que fizessem ali uma capela em Sua honra.

Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em julho e setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.

Casa de Francisco e Jacinta, em Valinhos (Fátima/Portugal)
Resumo das Mensagens em cada Aparição:
Imagem de Nossa Senhora de Fátima, na Capelinha das Aparições (Fátima/Portugal)

1ª Aparição – 13 de maio: “Não tenhais medo. Eu não vos faço mal”. “De onde é Vossemecê?” “Sou do Céu... e vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois, vos direi quem sou e o que quero...

Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?...

Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

Detalhe da Rua dos Valinhos (Fátima/Portugal)

2ª Aparição – 13 de junho: “Vossemecê que me quer?” “Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler. Depois direi o que quero...”

“Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu”. “Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração”

Foi no momento em que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela os pastorinhos viam como que submergidos em Deus. (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

3ª Aparição – 13 de julho: “Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer”. “Queria pedir-Lhe para nos dizer Quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece”. “Continuem a vir aqui todos os meses.

Em outubro direi Quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver, para acreditar. Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.

Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. (...) Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. (…) Virei pedir a consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja.

Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé. (...) Quando rezais o terço, dizei, depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno; levai as alminhas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

4ª Aparição - 19 de agosto: (nos Valinhos) “Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem”. “Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?” “Façam dois andores... O dinheiro dos andores é para a festa da Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para a ajuda duma capela que hão de mandar fazer (...) Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

5ª Aparição – 13 de setembro: “Continuem a rezar o terço, para alcançarem o fim da guerra... Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia” (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

Quinta aparição de Nossa Senhora de Fátima (Portugal)

6ª Aparição – 13 de outubro: chovia muito. Estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Nossa Senhora aparece-lhes diz que é a "Senhora do Rosário" e que fizessem ali uma capela em sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em julho e setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.

Em poucos minutos todos ficaram secos, mesmo após quatro horas seguidas de muita chuva. “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias (...) Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido.” E ao abrir suas mãos, fê-las refletir no sol. E, enquanto que se elevava, continuava o reflexo da Sua própria luz a projetar-se no sol. (in Quarta Memória da Irmã Lúcia).

3 – As Aparições a Lúcia

Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de dezembro de 1925 e 15 de fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13 para 14 de junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de julho de 1917.

Desde 1917, não mais cessaram de ir à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, primeiro nos dias 13 de cada mês, depois nos meses de férias de verão e inverno, e agora cada vez mais nos fins de semana e no dia a dia, num montante anual de seis milhões. Este 2020, em virtude da pandemia, foi o primeiro ano que não tiveram peregrinos na celebração do 12 e 13 de maio.

Entretanto, o Santuário transmitiu todas suas celebrações nas TV’s portuguesas e online, para que os peregrinos do mundo inteiro pudessem estar presentes. Ao final da celebração do 13 de maio, uma carta do Papa Francisco aos peregrinos foi lida lembrando a mensagem de esperança deixada por Nossa Senhora deixou aos pastorinhos em 13 de junho de 1917: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

4 – O Segredo de Fátima

Você certamente já ouviu falar sobre os segredos de Fátima. São mensagens reveladas para os pastorinhos e que Nossa Senhora pediu que não contassem a ninguém e assim o fizeram – não revelando nem mesmo quando o Administrador os prendeu e ameaçou mandar fritar em azeite a ferver – sendo revelado por Lúcia em 31 de agosto de 1941, na carta escrita em Tuy ao Bispo D. José Alves Correia da Silva, quando ela diz ser "chegado o momento" de falar do segredo, acrescentando: “Bem; o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar”. (Abaixo o relato de Lucia)

1ª. Consta da visão do inferno
“A primeira foi, pois, a vista do inferno! Nossa Senhora .... Ao dizer estas palavras, abriu de novo as mãos como nos dois meses passados. O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo, mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que deles mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo de todos os lados semelhante ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso, nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor.

Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa. Esta visão foi um momento, e graças à Nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu. Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor.”

*No jornal O Século, de 23 de julho de 1917, lia-se: ouviu-se um ruído semelhante ao ribombar do trovão, prorrompendo as crianças num choro aflitivo, fazendo gestos epiléticos e caindo depois em êxtase.

2ª. A Devoção ao Meu Imaculado Coração com a comunhão reparadora nos primeiros sábados e a Consagração da Rússia

“Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz: a guerra vai acabar. Mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior.

Quando virdes uma noite iluminada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados.

Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas: por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da fé(...)”

3ª Parte do segredo.

Quanto à terceira parte do segredo, encontrando-se Lúcia doente, em Tuy, descreveu-a em 3 de janeiro de 1944, também por ordem do Bispo de Leiria, entregando-a num envelope fechado. Lúcia diz nessa carta:

“Escrevo em ato de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia. Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe.

Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fogo em a mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos numa luz imensa que é Deus: “algo semelhante a como se veem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”.

Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meio em ruínas, e meio trêmulo com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições.

Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em à mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus.”

INTERPRETAÇÃO DO “SEGREDO”

Encontro de Irmã Lúcia com o Papa João Paulo II

Em encontro da Irmã Lúcia com o Papa João Paulo II, eles discutiram sobre a terceira parte do segredo de Fátima estar intimamente vinculado com o atentado sofrido pelo santo padre em 13 de maio de 1981.

O encontro da Irmã Lúcia com Sua Ex.cia Rev.ma D. Tarcisio Bertone, Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé. A Irmã Lúcia estava lúcida e calma, dizendo-se muito feliz com a ida do Santo Padre a Fátima para a Beatificação de Francisco e Jacinta, há muito desejada por ela.

Com o auxílio do Bispo de Leiria-Fátima, foi lido e interpretado o texto original (da terceira parte do segredo), que é em língua portuguesa. A Irmã Lúcia concorda com a interpretação segundo a qual a terceira parte do “segredo” consiste numa visão profética, comparável às da história sagrada. Ela reafirma a sua convicção de que a visão de Fátima se refere sobretudo à luta do comunismo ateu contra a Igreja e os cristãos, e descreve o imane sofrimento das vítimas da fé no século XX.

À pergunta: “A personagem principal da visão é o Papa?”, a Irmã Lúcia responde imediatamente que sim e recorda como os três pastorinhos sentiam muita pena pelo sofrimento do Papa e Jacinta repetia: “Coitadinho do Santo Padre. Tenho muita pena dos pecadores!” A Irmã Lúcia continua: “Não sabíamos o nome do Papa; Nossa Senhora não nos disse o nome do Papa. Não sabíamos se era Bento XV, Pio XII, Paulo VI ou João Paulo II, mas que era o Papa que sofria e isso fazia-nos sofrer a nós também”.

Quanto à passagem relativa ao Bispo vestido de branco, isto é, ao Santo Padre — como logo perceberam os pastorinhos durante a “visão” — que é ferido de morte e cai por terra, a irmã Lúcia concorda plenamente com a afirmação do Papa: “Foi uma mão materna que guiou a trajetória da bala e o Santo Padre agonizante deteve-se no limiar da morte” (João Paulo II, Meditação com os Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, 13 de maio de 1994).

Uma vez que a Irmã Lúcia, antes de entregar ao Bispo de Leiria-Fátima de então o envelope selado com a terceira parte do “segredo”, tinha escrito no envelope exterior que podia ser aberto somente depois de 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria, o Senhor D. Bertone pergunta-lhe: “Porquê o limite de 1960? Foi Nossa Senhora que indicou aquela data?”.

Resposta da Irmã Lúcia: “Não foi Nossa Senhora; fui eu que meti a data de 1960 porque, segundo intuição minha, antes de 1960 não se perceberia, compreender-se-ia somente depois. Agora pode-se compreender melhor. Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa”.

Encerrando o encontro da Lucia com o Papa, houve a celebração da Santa Missa presidida por João Paulo II com a presença do Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado, pronunciou em português as palavras seguintes:

“Embora os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do “segredo” de Fátima pareçam pertencer já ao passado, o apelo à conversão e à penitência, manifestado por Nossa Senhora ao início do século vinte, conserva ainda hoje uma estimulante atualidade.

“A Senhora da Mensagem parece ler com uma perspicácia singular os sinais dos tempos, os sinais do nosso tempo. (...) O convite insistente de Maria Santíssima à penitência não é senão a manifestação da sua solicitude materna pelos destinos da família humana, necessitada de conversão e de perdão” [João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial do Doente - 1997 n. 1, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XIX-2 (Città del Vaticano 1996), 561].”

5 – Cronologia

22-03-1907 – Nascimento de Lúcia de Jesus.

11-06-1908 – Nascimento de Francisco Marto.

11-03-1910 – Nascimento de Jacinta Marto.

1916 - Aparições do Anjo, na primavera, verão e outono.

1917 - Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria nos dias 13 dos meses de maio, junho, julho, setembro e outubro; em agosto, no dia 19, nos Valinhos.

04-04-1919 – Morte do vidente Francisco Marto, em Aljustrel, vítima da epidemia da Febre Espanhola.

Túmulo de do vidente Francisco Marto

28-04-1919 - Início da construção da Capelinha das Aparições.

20-02-1920 – Morte da vidente Jacinta Marto, no Hospital de Dª Estefânia, em Lisboa, vítima da epidemia da Febre Espanhola.

Túmulo de Santa Jacinta Marto e Irmã Lúcia, dentro da Basílica de Nossa Senhora do Rosário

16-06-1921 – Lúcia vai para o Porto para o Instituto entregue às Religiosas de Santa Doroteia.

13-10-1921 - É permitida a primeira celebração da Missa junto à Capelinha das Aparições.

06-03-1922 - A Capelinha das Aparições é parcialmente destruída num atentado – sendo restaurada um ano depois.

03-05-1922 – Abertura do processo canônico sobre os acontecimentos de Fátima.

10-12-1925 – Aparição de Nossa Senhora à Lúcia pedindo a devoção dos Cinco Primeiros Sábados, em Pontevedra, Espanha.

15-02-1926 (e 17-12-1927) – Aparição do Menino Jesus insistindo na Devoção dos Cinco Primeiros Sábados, em Pontevedra, Espanha.

26-06-1927 - O Bispo de Leiria preside, pela primeira vez, a uma cerimónia oficial na Cova da Iria, depois da bênção das estações da Via-Sacra, desde o Reguengo do Fetal (11 Kms).

13-05-1928 - Lançamento da primeira pedra da Basílica.

13-06-1929 - Lúcia tem a visão da Santíssima Trindade e do Imaculado Coração de Maria, com o seu Coração cercado de espinhos, pedindo ao Santo Padre a Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, em união com todos os Bispos do Mundo, em Tuy, Espanha.

Santuário Nossa Senhora de Fátima (Portugal)

13-10-1930 - Pela Carta Pastoral "A Divina Providência", o Bispo de Leiria declara "dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria" e permite oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima.

13-05-1931 - Primeira Consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria, feita pelo Episcopado Português, no seguimento da Mensagem de Fátima.

13-10-1942 – As mulheres portuguesas oferecem uma coroa preciosa à Nossa Senhora em agradecimento por Portugal ter sido livre da II Guerra Mundial.

31-10-1942 - Pio XII, falando em português pela rádio, consagra o Mundo ao Imaculado Coração de Maria, com menção velada da Rússia, segundo o pedido de Nossa Senhora.

13-05-1947 – Imagem Peregrina inicia viagem pelos países da Europa, destruídos pela guerra.

07-07-1952 - Consagração dos Povos da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, pelo Papa Pio XII.

07-10-1953 - Sagração da Igreja do Santuário de Fátima.

12-11-1954 - O Papa Pio XII concede o título de Basílica menor à Igreja do Santuário.

21-11-1964 - Ao encerrar a 3ª sessão do Concílio Ecumênico Vaticano II, o Papa Paulo VI anuncia diante dos 2.500 padres conciliares, a concessão da Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima.

13-05-1967 - O Papa Paulo VI desloca-se a Fátima, no cinquentenário da 1ª Aparição de Nossa Senhora, para pedir a paz no mundo e a unidade da Igreja. A Irmã Lúcia desloca-se a Fátima.

12/13-05-1982 - O Papa João Paulo II vem em peregrinação a Fátima agradecer por ter escapado com vida, um ano antes, na Praça de S. Pedro, e, de joelhos, consagra a Igreja, os Homens e os Povos, com menção velada da Rússia, ao Imaculado Coração de Maria.

12/13-05-1991 - O Papa João Paulo II vem pela segunda vez a Fátima, como peregrino, no 10º aniversário do seu atentado na Praça de S. Pedro, no Vaticano, presidindo à Peregrinação Internacional Aniversária.

04-06-1997 - A Assembleia da República Portuguesa eleva a Vila de Fátima à categoria de cidade.

13-05-2000 - Beatificação de Francisco e Jacinta Marto, por ocasião da 3ª visita do Papa João Paulo II a Fátima.

13-02-2005 - Falecimento da Ir. Lúcia.

02-04-2005 - Falecimento de João Paulo II.

13-02-2008 - O Papa Bento XVI autorizou abreviar o prazo canônico para abertura do processo de beatificação da Irmã Lúcia. O anúncio foi feito pelo Cardeal D. José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos.

12/14-05-2010 - Peregrinação a Fátima do Santo Padre Bento XVI, que entrega a 2ª Rosa de Ouro ao Santuário.

13-05-2013 – Consagração do Pontificado do Papa Francisco a Nossa Senhora de Fátima.

13-05-2017 – Comemoração do Centenário das Aparições de Fátima e Canonização de Santa Jacinta e São Francisco Marto.

04-04-2019 – Celebração do Centenário da Morte de São Francisco Marto.

20-02-2020 – Celebração do Centenário da Morte de Santa Jacinta Marto.

13-05-2020 – Primeira vez que a Celebração do 13 de Maio é realizada sem a presença dos peregrinos, em virtude da Pandemia causada pelo Coronavírus.

Peregrinos SacraTour em momento de oração
Oração a Nossa Senhora de Fátima
Procissão luminosa- Nossa Senhora de Fátima (Fátima/Portugal)

Santíssima virgem que nos montes de Fátima Vos dignastes a revelar a três humildes pastorinhos os tesouros de graças contidas na prática do vosso Rosário, incuti profundamente em nossa alma o apreço, em que devemos ter esta devoção, para Vos tão querida, a fim de que, meditando os mistérios da nossa Redenção que nela se comemora, nos aproveitemos de seus preciosos frutos e alcancemos a graça, que Vos pedimos nesta oração, se for para maior glória de Deus, honra vossa e proveito de nossas almas. Amém!

Detalhe procissão luminosa (Fátima/Portugal)
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Você vai se lembrar dessas palavras de Jesus narradas pelo evangelista São Mateus: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (Mt 11,25).

O "Moinho de Boly", casa de Santa Bernadette (Lourdes/França)

A jovem Santa Bernadette

Foi exatamente o que aconteceu em Lourdes. A jovem vidente Bernadette Soubirous era a primogênita de uma família de três filhos. Seus pais empreenderam com um pequeno moinho de trigo, mas vendiam tanto “fiado”, que acabaram indo à falência. A piedade do governo permitiu que eles recebessem um canto para morar: a prisão! A família passou a morar em um cubículo.

Bernadette, que sempre teve a saúde fragilizada, sofria constantemente de asma. A situação toda da família impediu que ela estudasse. Não sabia francês, apenas o dialeto local, e e não chegou a aprender todo o Catecismo.

Essa menina simples, que em 1858 tinha apenas 14 anos, foi a escolhida para receber a visita de Nossa Senhora em Lourdes.

Se você quiser saber todas as suas visões de Nossa Senhora em Lourdes, acesse aqui.

Gruta de Massabielle na parte externa do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes (Lourdes/França)

Tão logo as aparições começaram, a notícia já se espalhou por toda região e foi cada vez maior o número de pessoas indo atrás de Santa Bernadette. E conforme os milagres iam acontecendo, você já pode imaginar como ficou a vida dela, não é?

1 – A mudança para Nevers

Depois das aparições vivenciadas em Lourdes e do forte assédio sofrido por pessoas que tentavam obter partes de suas vestes ou cabelo como forma de relíquia, Bernadette vai para Nevers como uma tentativa de se esconder e ter um pouco de paz. Após três dias de viagem de Lourdes até Nevers, Bernadette chega em 1866 ao local que seria sua nova morada.

É em Nevers que ela aprende sobre o noviciado com as Irmãs da Caridade e ganha uma profissão, torna-se enfermeira. Mesmo asmática, com tuberculose e câncer no joelho, Bernadette não media esforços na ajuda ao próximo, pois trabalhava mesmo quando doente.

Santa Bernadette Soubirous (França)

Na época de Bernadette, no convento das Irmãs de caridade, viviam mais de 150 pessoas, entre noviças, religiosas e ajudantes de serviço. O espaço, que hoje abriga um imenso jardim que nos convida a uma caminhada reflexiva, na época era uma grande horta que servia como fonte de alimentação para os moradores.

Espaço Bernadette Soubirous (Nevers/França)

Ainda no jardim encontramos uma pequena capela onde anteriormente fora enterrado o corpo de Bernadette, a capela de São José, santo de sua grande devoção.

Nevers, França

Outro lugar muito especial ali é um pequeno espaço com a imagem de Nossa Senhora das Águas. Bernadette gostava muito desse lugar, era como um refúgio quando sentia saudades de sua família ou quando queria fazer uma oração mais íntima era para lá que ela ia. Ela dizia que Nossa Senhora das Águas era uma imagem que lhe agradava muito, pois lembrava a Nossa Senhora vista nas aparições; com os braços estendidos e um semblante calmo e sorridente.

Embora Bernadette tenha feito a descrição da imagem da aparição de Nossa Senhora para artesões da época, ela dizia que jamais alguém conseguiria traduzir a beleza e a magnitude da imagem que ela viu.

Imagem de Nossa Senhora na gruta (Nevers/França)

No Convento, Bernadette falou uma vez sobre as aparições de Nossa Senhora. Contou no dia em foi ordenada para um público de 300 religiosos em extremo silêncio dentro da sala de conferência detalhes das visões que teve. Depois desta narração, ela ganha o hábito das Irmãs da Caridade e não volta mais a falar sobre o assunto.

O uniforme a torna igual a todas e esse relato representa simbolicamente o fim de sua celebridade, falando pela última vez das aparições, agora ela seria uma irmã como as outras e, neste momento, Bernadette passa a ser chamada de Irmã Maria Bernarda.

Espaço Bernadette Soubirous (Nevers/França)

2 – Os Milagres de Lourdes

Depois das aparições, Bernardete ficou em casa com a família, mas era muito assediada pelas pessoas e por congregações que a queriam. Muito humilde e simples, sem dote, acabou ficando em casa. Todavia, cansada dos incômodos, resolveu aceitar e entrar em uma congregação. Pediu para entrar em Nevers. Tendo sido aceita, entrou para o convento em 07 de julho de 1866.

De uma infinidade de acontecimentos marcantes, vamos relembrar aqui, apenas alguns que possuem características absolutamente sobrenaturais.

Antes de entrar ao convento, ainda em Lourdes, a Superiora do hospital do local, Madre Alexandrina Roques, sofreu, após uma queda, uma torção que a condena a longo repouso, num período difícil, de muito trabalho, quando era muito solicitada por suas ocupações.

Manda chamar Bernadete e lhe diz: "Não posso ficar de cama estas cinco semanas, sobretudo neste momento em que aqui há tanto o que fazer. É preciso que a Santa Virgem me cure e ponha de pé. Vai lhe dizer isto na Capela". E ela foi. No dia seguinte, a Superiora estava de pé, sem nenhuma torção, para espanto do médico que, contudo, já devia ter visto coisas idênticas e outras até mais extraordinárias, em Massabieille.

Espaço Bernadette Soubirous (Nevers/França)

Também depois de se mudar a Nevers teve várias oportunidades para ajudar o próximo. Certa vez uma mãe cujo filho morria, vai até o Convento e leva a coberta do berço da criança, com pretexto de que o bordado não estava terminado. Conversa com a Madre Superiora e lhe suplica que dê a Irmã Maria Bernarda para acabá-lo. A Madre concordou e levou a coberta onde ela se encontrava com as outras irmãs, e disse: "Está aqui uma coberta cujo bordado está errado; a dama que o trouxe pergunta se alguma de vocês poderia consertá-lo?".

Ao que Bernadette respondeu: "Isto é fácil! Essas belas damas da sociedade enganam-se no seu trabalho e somos nós que o temos de arranjar. Enfim, apesar de tudo, dê-o cá; vou tentar consertar isso". E a mãe do pequenino doente, já desenganado pelos médicos, passou a coberta sobre o berço, e seu filho ficou logo milagrosamente curado.

Aconteceu, em outra oportunidade, que uma mãe com sua filha portando uma incurável enfermidade que a impedia de andar, decidiu levá-la ao Convento, porque a medicina nada mais podia fazer por ela. Entendeu-se com a Superiora, que logo depois chamou Bernadette: "Irmã Maria Bernarda, quer tomar nos braços esta criança, enquanto eu falo com esta senhora? Sobretudo, não a ponha no chão". Ela afastou-se com a criança para debaixo dos castanheiros; quando a Superiora veio procurá-la, encontrou-a chorando, com receios de ser censurada.

A criança debatera-se de tal modo nos seus braços, que se viu obrigada apesar da proibição, colocá-la no chão, por onde andava e corria com toda alegria, em volta dela. A mãe ficou emocionada e chorou de satisfação, enquanto a Superiora apressadamente mandou Bernadete dar um recado na outra extremidade do Convento, para preservar a sua humildade. A criança estava totalmente curada, sorria descontraída e satisfeita brincava ao redor de sua mãe.

Assim, Nosso Senhor aliviava os sofrimentos das pessoas que tinham fé pela intercessão de Nossa Senhora, concedendo as graças ao suplicante por meio das mãos inocentes de Bernadette. O sagrado era tão natural à sua vida que Santa Bernadette não se espantava com os acontecimentos. Depois de sua morte, os milagres multiplicaram-se em torno de seu túmulo, com uma frequência notável.

3 – A morte de Bernadette

A Irmã Maria Bernarda passou por alguns quartos da enfermaria em enquanto esteve doente, mas em seus últimos dias, quando já estava muito enferma, foi colocada na enfermaria que ela chamaria de Capela branca. Prestes a morrer e sentindo muita dor, ela diz que suas dores são tão fortes que ela se sentia como um grão de trigo sendo esmagado no moinho.

No dia 28 de março de 1879, pela quarta vez recebeu a Extrema Unção. Protestou: "Curei-me todas as vezes que a recebi". Depois do Santo Viático ministrado pelo Padre Febvre, disse: "Minha querida Madre, peço-lhe perdão por todos os sofrimentos que lhe causei, com minhas infidelidades na vida religiosa e peço também perdão às minhas companheiras dos maus exemplos que lhes dei... sobretudo com o meu orgulho!".

Durante a Semana Santa, celebrada do dia 6 ao dia 13 de abril, os escarros agravaram-se e ela pede um "alívio": "Se pudesse encontrar na sua farmácia qualquer coisa para aliviar os meus rins, estou toda esfolada". E de outra vez manifestou-se assim: "Procure então nas suas drogas... qualquer coisa para me fortificar. Não tenho forças nem para respirar. Mande-me vinagre bem forte para cheirar". Depois mandou tirar todas as imagens e estampas de Santos que ornavam o seu quarto. E mostrando o Crucifixo, disse: "Somente Jesus!". Ele lhe bastava!

Quando as outras Irmãs, companheiras de Bernadette, vão ao seu encontro para rezar e se despedirem, uma delas pede para que no céu ela não se esqueça dela, e Bernadette diz “No céu não me esquecerei de ninguém”, ou seja, todos aqueles que rezarem por Santa Bernadette não serão esquecidos.

Por fim, às 15 horas do dia 16 de abril de 1879, ainda jovem com 35 anos de idade, morreu Bernadette depois de um intenso e penoso sofrimento que lhe impuseram seus diversos males. Fez um grande sinal da Cruz, pegou no copo contendo a bebida fortificante que lhe apresentaram, toma por duas vezes algumas gotas e inclinando a cabeça, entrega docemente a sua alma.

Corpo incorrupto de Santa Bernadette Soubirous no Convento de Saint-Gildard (Nevers/França)

Tão pura e com tanto amor a Deus e à Virgem Maria, que tinha receios, mesmo involuntariamente, de os ofender. Isto transformou-se para ela num grande drama moral, que a atordoou bastante, nos últimos dias de vida.

Viveu como manda o Evangelho e ofereceu exemplos de vida para todas ocasiões e para o mundo viver o conteúdo da mensagem divina, que ela recebeu na gruta de Massabieille: "Pobreza, Oração e Penitência". O seu encanto transparece mais visível e brilhante, nos milagres que ocorreram por sua intercessão e que fizerem com que ela fosse proclamada Santa, antes mesmo de ser canonizada.

Os muros de sua capela funerária, estão hoje repletos de "ex-votos", emblemas vivos de sua eficaz mediação junto à Mãe de Deus. Ela também fazia maravilhas ao longe, mesmo sem intervenção de relíquias e de imagens, tendo sem cessar, feito prevalecer a força e o poder do Espírito Santo.

Trinta anos após sua morte, em 22 de setembro de 1909, foi aberto o caixão para reconhecer os despojos mortais. Seu corpo estava intacto, a tez estava branca. A 13 de abril de 1925, exumaram-na pela última vez, Bernadette, ainda intacta, parecia que estava adormecida. Cobriram sua face e suas mãos com cera e a colocaram sobre cetim, seda e rendas, na Capela, onde hoje encontra-se à veneração de todos, no Convento de Saint Gildard, em Nevers, na região do Loire, na França.

Na capela, que está no centro do espaço, encontramos o corpo incorrupto de Bernadette. Uma peculiaridade deve ser levada em consideração; a primeira imagem que temos ao adentrarmos a capela não é o corpo de Bernadette, mas sim a imagem de Jesus no crucifixo, e isso reflete a vontade de Bernadette de sempre se voltar a Jesus em primeiro lugar, assim como dizia em suas orações “Somente Jesus”.

O corpo de Santa Bernadette encontra-se hoje em uma redoma de vidro e foi posto assim após três exumações que constataram a forma intacta do corpo, isso fez parte do processo de santificação, mas devemos nos ater ao fato de que Bernadette não foi tida como santa pelo estado de seu corpo, mas sim por toda sua vida que foi vivida segundo o evangelho. Devemos nos lembrar de que o corpo de Santa Bernadette é apenas um sinal de Deus para nos lembrar que Ele conserva quem se conserva no caminho dEle.

4 – A gruta em Nevers

Existe uma réplica da gruta de Massabielle em Nevers, no Espaço Bernadette, que foi feita logo depois da morte de Bernadette, já que muitos peregrinos passaram a visitar o espaço e pediam por uma réplica da gruta de Lourdes.

A gruta é um ponto de reflexão e oração. Diferencia-se do Santuário de Lourdes, pois enquanto em Lourdes há uma efusão de pessoas e movimentação, em Nerves podemos sentir a calma e apreciarmos o silêncio do lugar.

A gruta conta com uma pedra vinda de Lourdes para que a importância de Nossa Senhora seja sempre lembrada e reverenciada.

Gruta de Nossa Senhora de Lourdes em Nevers (França)

5 – Oração a Santa Bernadette

Senhor, que vos dignastes conceder à jovem Bernadete a graça de ver vossa mãe Santíssima e com ela conversar e orar, concedei também a mim uma maior devoção para com Maria Santíssima e a graça de boa saúde e disposição do corpo e da alma.

Santa Maria, rogai por nós!

Santa Bernadete Soubirous, rogai por nós!

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